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Este post apresenta o resultado da pesquisa feita com produtores pelo país, buscando entender a eficiência na gestão das propriedades com sistemas a pasto. Para isto, eles foram avaliados em uma sistemática de cálculos que permite classificá-los com notas de 1 a 10, onde as maiores notas estão diretamente relacionadas ao lucro da operação. O sistema avalia os produtores mediante informações fornecidas, eliminando as respostas incompletas ou inconsistentes, comparando com o nosso banco de dados. Os produtores foram avaliados nos quesitos compra de gado, custos, desempenho produtivo, lucro, rentabilidade e vendas, permitindo assim, gerar uma nota de eficiência de gestão com alta correlação com o lucro e rentabilidade das fazendas, Gráfico 1.
A pesquisa envolveu 13 estados produtores, com SP, GO, RS, MG, MS, MT e PA as principais regiões envolvidas, e abrangeu 90 mil cabeças de gado, sendo 80% engorda em sistemas de ração (confinamento ou alto grão a pasto), que serão analisados em outro relatório, e 20% engorda a pasto (proteinado ou sal mineral). No sistema de engorda a pasto, 10% dos animais pesquisados eram fêmeas.
Resultados da pesquisa de Gestão em Sistemas a Pasto:
A Nota Média dos sistemas de engorda a pasto foi 5,3 com 50% dos participantes abaixo da média. Os lotes de Fêmeas (F) foram os que apresentaram os piores resultados, sendo sua nota média 2,7 contra 6,4 dos Machos (M). O Lucro Médio foi de R$ 485,00 por cabeça em 365 dias de engorda. A pesquisa abrangeu o período de janeiro/17 a dezembro/19, quando ocorrem as últimas vendas.
Desempenho Produtivo – foi a nota mais baixa, com média 5,0 para os envolvidos (0,7 F e 6,4 M), onde 56% ficaram abaixo da média. Diferente dos confinamentos, podemos verificar que na engorda a pasto, ainda temos muita tecnologia a ser transferida. Como este item representou em média 46% das arrobas produzidas na fazenda, a atenção dos produtores na gestão produtiva traria alto impacto sobre os resultados.
É importante destacar que 81% dos pecuaristas pesquisados utilizam consultorias para auxiliar nos quesitos técnicos, mostrando que apesar de estarem assistidos, as questões produtivas não estão bem resolvidas. O que nos leva a pensar se existem outros fatores que não podem ser controlados tecnicamente e afetam o desempenho.
Eficiência na Gestão de Custos – a nota de gestão de custos foi 7,0 com 50% da amostra abaixo da média. A análise dos resultados mostra que os produtores fazem uma boa gestão de seus custos, mas destacamos que este tem uma baixa representatividade no custo total.
Eficiência na Gestão de Compra de Gado – a pesquisa mostrou que a reposição tem um peso significativo nos custos da engorda a pasto, representando em média 56% do custo total (65% F e 54% M). A nota média foi 7,0 (6,1 F e 7,4 M), o que nos leva a pensar que há uma boa gestão neste item. Porém, devemos lembrar que o período analisado, é um momento em que as reposições estão baratas, Gráfico 2. Ou seja, qual seria a nota caso a pesquisa fosse feita em momentos de reposição cara, como 2015 ou 2016?
Quando a reposição está cara, os resultados caem significativamente nas fazendas, levando muitas vezes, a uma mudança de atividade.
Por exemplo, se alterarmos o valor da reposição para o período de 2015 a 2016 e vendêssemos este gado em 2017, a R$ 125/@, as taxas de retorno ficariam negativas, próximas a – 0,70% a.m., muito abaixo do CDI pago no período e da Taxa de Retorno (TIR) média de 1,55% a.m. obtida nesta pesquisa.
É importante lembrar que as estratégias de engorda a pasto envolvem períodos longos de operação, onde as estratégias de investimento devem ser pensadas com cenários longos, buscando não somente alternativas para flexibilizar os sistemas de engorda, com tecnologias que aceleram ou desaceleram a engorda, como também, opções de mudar a estratégia entre cria, recria ou engorda. O produtor deve aprender a analisar cenários de longo prazo e alternativas de investimento, pois, às vezes, é melhor buscar uma alternativa fora do setor e esperar o momento adequado para reinvestir. Este tipo de decisão não é exclusivo da pecuária, mas de qualquer setor onde os investimentos não estão interessantes, basta analisar nossa atual crise econômica.
Eficiência na Gestão de Venda de Gado – este item também tem alto impacto no resultado. O longo período de engorda a pasto, as fortes oscilações do mercado de commodities que podem chegar a 50% em 2 anos e os ciclos pecuários, podem liquidar de vez o resultado da operação (Gráfico 2). Neste caso, as análises estratégicas de mercado, considerando os potenciais de aumento ou queda na demanda de carne e os cenários de crescimento ou crises econômicas, têm extrema importância na decisão do investimento.
A pesquisa também mostrou que em média há uma expectativa de venda de 1,5% acima das máximas ofertadas no mercado, com um desvio padrão de 4,8 sobre a expectativa. Ou seja, temos produtores especulando e outros bem conservadores.
Conclusão
No âmbito geral, podemos concluir que a tecnologia de produção ainda tem déficits tecnológicos a serem transferidos, principalmente aqueles que auxiliam os produtores a contornar os fatores não controláveis do sistema de produção (ex: clima). Sendo que a produção e a comercialização são os fatores de maior impacto. As fazendas mais lucrativas obtiveram notas acima da média nos dois itens.
A comercialização dos animais tem importância estratégica na entrada e, principalmente, na finalização do negócio. Por ser uma operação de longo prazo, as análises de longo e curto prazo têm impacto significativo na rentabilidade do negócio. A estratégia de reposição está mais ligada às análises de longo prazo, enquanto a venda está ligada às análises de curto. Por ser um negócio de baixo custo de manutenção, o produtor pode tranquilamente adiar a sua estratégia de venda, caso o mercado não esteja favorável. E usar ferramentas que indicam se o mercado está próximo a um fundo de poço ou a um topo de mercado, impactando significativamente no resultado, Gráfico 3.
Basta imaginar um produtor planejando vender seu gado no final das águas (maio a junho/17), ou seja, algo próximo a R$ 125,00 a 130,00 por arroba. Sem a ferramenta abaixo, ele arcaria com um prejuízo no seu investimento após 1 a 2 anos de produção. Com a ferramenta indicando uma probabilidade de queda neste momento de 20%, ele poderia optar por esticar sua produção a um custo barato e realizar sua venda, 2 meses depois, com a probabilidade de queda em 80%, recebendo entre R$ 140,00 a 145,00 por arroba. Tudo isto sem utilizar nenhuma ferramenta de trava de preços, apenas estando bem informado.
Nota:
¹ A Ferramenta Probabilidade de Queda é uma análise estatística, desenvolvida pela Agromove. Este modelo coleta e analisa diversas informações de toda cadeia da carne para indicar as tendências de preço no curto prazo. As regiões de Compras (abaixo de 20%) e Vendas (acima de 80%) indicam sinais claros de final de tendência de preços.
Além da atuação nestes dois itens, o produtor terá o desafio de investir em produtividade para justificar a utilização da terra perante outras atividades. Investir em produtividade significa mais custos e maior nível de gestão para manter a rentabilidade. Ou seja, nas próximas décadas o grande desafio da pecuária a pasto não será apenas a produtividade, mas a melhoria conjunta na eficiência de gestão.
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E não se esqueça de avisar através do e-mail contato@agromove.com.br, quando finalizar o questionário da pesquisa.
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