Índice
A importância da proteção de preços no agronegócio
No dinâmico cenário do agronegócio, a volatilidade do mercado de commodities pode impactar diretamente a rentabilidade dos produtores rurais. Diante desse desafio, estratégias de proteção de preços tornam-se essenciais para garantir maior previsibilidade e segurança nas operações.
Nesta entrevista exclusiva para a Agromove, conversamos com Alberto Pessina, especialista no setor, que explica como ferramentas financeiras, como opções de compra e venda, podem auxiliar os produtores a minimizar riscos e potencializar seus resultados. Além disso, ele compartilha insights valiosos sobre os principais desafios enfrentados no mercado e como a gestão estratégica pode transformar a incerteza em oportunidades.
Agromove: Por que é fundamental que os produtores rurais adotem estratégias de proteção de preços em suas operações?
Alberto Pessina: A volatilidade do mercado de commodities torna imprescindível a adoção de estratégias de proteção de preços. No agronegócio, variações bruscas podem afetar significativamente a rentabilidade dos produtores. Ao utilizar instrumentos como opções, os produtores têm a possibilidade de “segurar” um preço mínimo para a venda de seus produtos, funcionando como um seguro contra a queda dos preços. Essa proteção não só minimiza perdas em cenários adversos, mas também permite que o produtor se beneficie de eventuais altas nos preços, quando o mercado se torna favorável. Em resumo, investir em estratégias de hedge com opções garante estabilidade financeira e planejamento de longo prazo, contribuindo para uma gestão de riscos mais eficaz no campo e fortalecendo a competitividade no mercado.
Agromove: Quais são os principais riscos que os produtores rurais enfrentam atualmente no mercado de commodities?
Alberto Pessina: Os produtores rurais estão expostos a diversos riscos, como a volatilidade dos preços, condições climáticas adversas e flutuações de mercado que podem ser imprevisíveis. Por exemplo, a queda repentina do preço do milho ou da soja pode comprometer toda a rentabilidade da safra. Além disso, fatores externos como crises econômicas e instabilidades políticas podem agravar esse cenário, impactando não só o preço dos produtos, mas também o custo de insumos e a logística. Esses riscos evidenciam a necessidade de mecanismos de proteção, onde as opções financeiras atuam como ferramentas estratégicas. Ao adotar instrumentos como a compra de puts (seguro de preços), o produtor estabelece um piso para o preço de venda, garantindo uma margem de segurança mesmo em períodos de queda do mercado. Essa abordagem é essencial para manter a sustentabilidade do negócio rural em um ambiente de incertezas constantes.
Figura 1 – Cotações das principais commodities agrícolas negociadas na B3 e a variação que ocorre no mercado físico entre a cotação máxima e mínima dentro do respectivo ano.
Agromove: Como as ferramentas de opções, como compra de puts e calls, podem auxiliar os produtores a gerenciar riscos e aproveitar as tendências de mercado?
Alberto Pessina: As opções oferecem versatilidade na proteção e potencialização dos resultados. Por exemplo, a compra de uma put permite ao produtor estabelecer um preço mínimo de venda, funcionando como um “seguro de preço” em caso de desvalorização do produto. Se o mercado cair, o produtor exerce a opção e minimiza a perda; se subir, ele se beneficia do melhor preço praticado no mercado. De forma semelhante, a compra de call (seguro de alta) pode ser utilizada por compradores, como frigoríficos, para garantir um preço máximo de aquisição, protegendo-se contra aumentos inesperados. Estratégias mais avançadas, como a “fence” – combinação de compra de put e venda de call – reduzem o custo líquido da proteção, embora limitem os ganhos potenciais. Essas ferramentas permitem que o produtor surfe as tendências do mercado, equilibrando a segurança com a possibilidade de aproveitar movimentos favoráveis. Essa abordagem integrada, aliada a uma análise constante do mercado, possibilita uma gestão de riscos mais assertiva e o alinhamento das operações financeiras com os objetivos estratégicos do negócio rural.
Agromove: Qual conselho você daria para produtores que desejam implementar essas estratégias no agronegócio?
Alberto Pessina: Meu conselho é investir em conhecimento e planejar com cautela. O uso de opções financeiras requer uma compreensão detalhada dos mecanismos de precificação e dos riscos envolvidos. É importante contar com o apoio de especialistas e ferramentas de análise de mercado para definir metas de rentabilidade e monitorar constantemente as condições do mercado. Também é crucial avaliar a liquidez dos contratos e as exigências de margem de garantia, para evitar surpresas que possam afetar o fluxo de caixa. Ao integrar essas estratégias à gestão global do negócio, o produtor não só protege sua produção, mas também se posiciona para aproveitar as oportunidades na volatilidade do mercado. Lembre-se: a proteção de preços é uma ferramenta de gestão de riscos que, quando bem aplicada, pode transformar desafios em oportunidades no competitivo mercado de commodities.
>> Quer saber mais sobre Mercado Futuro? Leia o artigo “Mercado Futuro do Boi Gordo e Commodities: 7 cuidados básicos” do Alberto Pessina.
>> Leia mais em: “Por que devo saber o meu custo?”. Onde Alberto Pessina responde as principais dúvidas sobre gestão de custos.
>> Leia mais entrevistas em: “Margem Bruta e Eficiência Comercial”. Onde Alberto Pessina explica sobre Margem Bruta e Eficiência Comercial.
>> Leia mais entrevistas em: “Como melhorar os resultados da empresa rural?”. Onde Alberto Pessina explica que precisamos analisar uma série de fatores que influenciam na produtividade e rentabilidade do negócio para atingir bons resultados. E é fundamental se ter uma boa gestão das atividades da propriedade rural.
>> Leia mais entrevistas em: “Cria: 5 principais entraves”. Nesta entrevista, Rodrigo Paniago, da Boviplan Consultoria Agropecuária nos responde as principais dúvidas sobre a fase de cria e comenta seus principais entraves.
>> Leia mais entrevistas em: “Recria: 5 principais entraves”. Neste texto, Marco Balsalobre responde quais são os principais entraves desta fase e porque ela é tão negligenciada.
>> Leia mais entrevistas em: “Engorda: 7 principais entraves”. Neste texto, Rogério Fernandes Domingues fala um pouco mais sobre os principais entraves na engorda e como isso pode ser prejudicial ao produtor.
