A tarifa de 50% na carne bovina brasileira imposta pelos Estados Unidos pode alterar profundamente a dinâmica das exportações e da oferta doméstica. Primeiramente, entenda por que essa medida é tão relevante para o agronegócio e quais cenários se desenham para produtores e consumidores.

É importante destacar que os EUA é o segundo maior parceiro comercial do Brasil e, portanto, está tarifação traria fortes impactos em diversas cadeias produtivas do Brasil, afetando a economia já impactada pelo aumento da carga tributária, inflação e juros elevados. Dito isto podemos destacar que em ordem de importância nas exportações dos produtos agrícolas teríamos o café,  hortifuti, madeira e carvão, carnes, como produtos mais impactados.

Tarifa de 50% na carne bovina brasileira: contexto e motivações

Em 2024, os EUA foram o segundo maior parceiro comercial do Brasil, respondendo por 8% das exportações totais; já em 2025 (jan–abr), essa participação subiu para 14,4%. Além disso, 10,9% de toda a carne bovina importada pelos americanos veio do Brasil em 2024, escalando para 18,5% no primeiro quadrimestre de 2025. Assim, a tarifa de 50% na carne bovina brasileira nasce não apenas de interesses econômicos, mas também de pressões políticas, sobretudo motivadas por debates sobre disputas eleitorais e redes sociais. Os americanos estão claramente dando uma resposta para a postura do governo brasileiro em apoiar ditaduras, como Venezuela e Rússia, e países terroristas, como o Irã. Também se destaca na carta enviada ao governo, a resposta aos bloqueios de redes sociais (X) e o apoio ao ex presidente Bolsonaro.

Relevância comercial e balanço de consumo

Apesar desse crescimento, a carne brasileira representou somente 1,8% do consumo total de carne nos EUA em 2024, passando para 3,1% em 2025. Em contraste com outras commodities, como:

  • Café: 30–40% do café consumido nos EUA é brasileiro
  • Suco de laranja concentrado: 85% do mercado americano

Fica claro que, por ora, os EUA dependem muito mais de outros setores para negociar concessões antes de reduzir cotas brasileiras.

Como a tarifa de 50% na carne bovina brasileira afeta o mercado interno

Em primeiro lugar, um aumento de 50% no preço por tonelada exportada tornaria inviável grande parte das vendas para os EUA. Consequentemente, isso geraria um excedente em território nacional, estimado em +5,8% de disponibilidade interna. Ademais, em junho de 2025, a oferta brasileira estava 12% abaixo de junho de 2024; no acumulado até junho/25, havia um déficit de 4,7% em relação ao mesmo período do ano anterior. Portanto, esse excedente residual poderia praticamente eliminar o gap, equilibrando oferta e demanda no curto prazo.

Fonte: SIF, IBGE e Agromove

Perspectivas futuras da tarifa de 50% na carne bovina brasileira

Por outro lado, para o segundo semestre de 2025, espera-se uma redução ainda maior na oferta global de carne bovina. Dessa forma, o impacto de uma tarifa mais alta pode ser amortecido pela escassez mundial, o que tende a sustentar preços domésticos. Além disso, se o Brasil mantiver uma postura conciliadora, seguindo exemplos anteriores da era Trump, é provável que se prorrogue o início das sanções enquanto se busca um acordo diplomático-comercial.

Lições do histórico tarifário

As experiências anteriores com tarifas impostas por Trump mostram que, se o Brasil adota uma postura conciliadora e busca diálogo diplomático‑comercial, esses dispositivos costumam ser prorrogados ou revisados até que se encontre um “meio‑termo”.

Cabe ao governo brasileiro assumir um posicionamento público responsável e negociar com transparência para proteger produtores, consumidores e a balança comercial.

Estratégias para produtores e governo

Em síntese, a tarifa de 50% na carne bovina brasileira traz desafios e oportunidades. Assim sendo, recomenda-se:

  1. Diversificação de mercados: buscar rotas alternativas na Ásia e Europa.
  2. Ajuste de preços internos: antecipar o excedente para proteger margens.
  3. Atrasar a entrada em confinamentos: uma redução ou atraso na entrada de animais em confinamento da ordem de 10% pode ajustar o impacto do aumento de oferta até o mercado se ajustar.
  4. Diálogo diplomático: o governo deve adotar postura profissional e transparente, a fim de renegociar tarifas e proteger a balança comercial.

Por fim e acima de tudo, cabe a cada ator do setor, seja governo, produtor ou exportador, atuar de modo coordenado para mitigar riscos e aproveitar eventuais janelas de oportunidade.

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