Boi.

Introdução

Os carrapatos são pequenos ectoparasitas presentes em praticamente todos os ambientes. São considerados hematófagos por serem um dos principais vetores de doenças virais, bacterianas e por protozoários. Podem parasitar tanto o ser humano quanto os animais, e quando ataca as criações de bovinos pode levar diversos prejuízos ao produtor, por isso é importante que o mesmo tenha conhecimento das suas características e quais medidas podem ser tomadas para o seu tratamento e prevenção.

Visão Geral

Carrapatos  são pequenos aracnídeos ectoparasitas hematófagos, responsáveis pela transmissão de inúmeras doenças tanto nos animais, quanto nos seres humanos. Podem parasitar cães, gatos, bovinos, equinos, seres humanos e outros animais domésticos. Há vários tipos de carrapatos, sendo que alguns têm preferência por determinada espécie e outros não se importam tanto com o hospedeiro que vão parasitar.

Os carrapatos, geralmente, têm a forma oval e quando em jejum são planos no sentido dorso-ventral, porém após se alimentarem ficam convexos e até esféricos. Sua carapaça é composta por quitina, na forma de um exoesqueleto, bem resistente e firme em relação a sua pouca espessura. Existem espécies a partir de 0,25 mm de diâmetro. Vivem em touceiras, capim, no chão, em climas úmidos ou secos.

Estão presentes tanto no campo como na cidade. Se alimentam do sangue dos animais e seres humanos, sendo por isso considerado hematófago e um dos principais vetores de vírus, bactérias (especialmente as riquétsias) e protozoários, que transmitem doenças ao homem e animais.

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Tipos de parasitismo

Carrapatos da família Argasidae, normalmente, não permanecem aderidos ao hospedeiro por períodos prolongados; passam a maior parte do tempo no ambiente (escondidos em frestas e em abrigos de animais, por exemplo) e procuram o hospedeiro apenas para se alimentar, normalmente quando estes dormem. Esses carrapatos são notáveis por poderem permanecer em jejum por períodos prolongados, frequentemente mais de um ano, esperando pela oportunidade de se alimentar. Já os carrapatos da família Ixodidae permanecem longos períodos sobre seus hospedeiros.

Existem três tipos principais de parasitismo. Carrapatos de um hospedeiro, como o carrapato do boi Boophilus microplus, aderem ao hospedeiro quando ainda na fase de larva, alguns dias após eclodirem dos ovos; após iniciarem o parasitismo, crescem ficando com aspecto “ingurgitado”, realizam mudas chegando à fase adulta. Após as fêmeas estarem alimentadas (ingurgitadas) com o sangue, estas caem no solo e procuram um local protegido para realizar a postura dos ovos. As fêmeas produzem milhares de ovos, morrendo em seguida. Os carrapatos de dois hospedeiros, em que os estágios de larva e ninfa ocorrem no mesmo hospedeiro, mas o estágio de adulto em um hospedeiro diferente. E por fim, o carrapato de três hospedeiros, como o carrapato do cavalo Amblyomma cajennense: esses carrapatos caem ao solo para realizar cada uma das mudas, subindo em seguida em um novo hospedeiro.

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Famílias de carrapatos

As duas principais famílias de carrapatos são:

Ixodidae: Frequentemente denominados carrapatos duros (presença de rígido escudo quitinoso no dorso do macho e da fêmea adulta). O Boophilus microplus que é considerado o carrapato mais comum entre os bovinos, se enquadra nessa família.

Argasidae: Também conhecidos por carrapatos moles, não possuem nenhuma carapaça. Estão inclusos nessa família os “carrapatos do chão” e “os carrapatos das aves”.

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Prejuízos

Os carrapatos causam grandes prejuízos devido à sua eficiência reprodutiva, pois seu ciclo se completa em 21 dias e cada fêmea põe em média 3.000 ovos. Por isso, qualquer dano que o carrapato cometa toma enormes dimensões. Dentre os danos causados pelo carrapato vale destacar o atraso no desenvolvimento, enfraquecimento pela perda de sangue, irritação do animal parasitado e desvalorização do couro. Além da queda na produção de leite e na engorda dos animais. O carrapato também é um agente transmissor de doenças, entre elas a mais importante é a tristeza parasitária bovina, responsável por perdas econômicas significativas.

Função dos carrapaticidas

Os carrapaticidas têm como princípio ativo os mesmos dos inseticidas de uso geral, diferindo apenas na apresentação fisioquímica, a fim de serem usados em banhos de imersão, aspersão ou pour on.  Possuem eficácia limitada, visto que os carrapatos são parasitas capazes de desenvolver resistência a produtos químicos e passá-la para gerações seguintes. Há muito tempo, tem-se verificado problema de resistência dos parasitas aos medicamentos químicos. A cada ano que passa, novos medicamentos são lançados no mercado com o intuito de eliminar o mais rápido possível os ectoparasitos, não buscando, entretanto, o equilíbrio do ambiente com estas “pragas”.

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Cuidados pessoais

Para evitar a possibilidade de contaminação pela Febre Maculosa Bovina alguns cuidados devem ser tomados visando reduzir a possibilidade de picada e fixação dos carrapatos nos humanos:

1 – Usar roupas claras, camisa de manga comprida e botas de cano longo com a proteção de fita adesiva entre a calça e a bota;

2 – Vistoriar o corpo e retirar os carrapatos imediatamente após terminar a atividade de campo;

3 – Matar os carrapatos com fogo, água fervente ou álcool e não esmagar entre as unhas para não correr o risco de contaminação. Para retirar os carrapatos da roupa pode ser usada fita adesiva. As roupas devem ser fervidas antes de lavar.

Se dias após o contato com carrapatos aparecerem sintomas como gripe forte (febre, desânimo, dores no corpo), falta de apetite ou manchas na pele, deve-se procurar um médico imediatamente e informar sobre o contato com carrapato. É importante lembrar que as larvas e ninfas são os principais responsáveis pela transmissão da febre maculosa brasileira.

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No Brasil

Os carrapatos mais comuns no Brasil são:

Carrapato-de-boi (Boophilus microplus) que transmite ao gado a babesiose.

O carrapato Rhipicephalus (Boophilus) microplus é um parasito externo que vive parte de sua vida sobre os bovinos (vida parasitária), alimentando-se de sangue e, quando infectado, transmite hematozoários, principalmente dos gêneros Anaplasma e Babesia, que vão infectar o animal.

O Boophilus microplus causa muitos prejuízos pela ação espoliativa de ingestão de sangue, por lesões na pele, condicionando ao aparecimento de infecções secundárias, com consequente desvalorização do couro do animal parasitado e pela transmissão dos hematozoários.

Outras perdas relacionadas com esse parasito são diminuição de peso, redução da produção de leite, queda da natalidade, aumento da mortalidade e dos custos de mão de obra e materiais, principalmente na premunição e no tratamento da tristeza parasitária bovina (TPB).  Com a contínua especialização da atividade leiteira, os problemas têm aumentado principalmente nos rebanhos de criação semiconfinada e naqueles criados a pasto, com um elevado padrão genético, principalmente das raças europeias.

Sobre o animal estão carrapatos machos e fêmeas que se acasalam na fase adulta. Após o acasalamento, a fêmea ou “teleógina”, também chamada de jabuticaba ou mamona, ingere uma quantidade relativamente grande de sangue (cerca de 0,5 ml). Desprendem-se do animal e vão se localizar em lugares úmidos e ao abrigo da luz. Três dias após, iniciam a fase de postura por aproximadamente 18 dias, seguindo-se pela eclosão das larvas, fase que pode chegar a 30 dias. Decorridos aproximadamente cinco dias, essas larvas adquirem a capacidade para caminhar até atingir a extremidade do capim (geotropismo negativo) para infestar os bovinos e iniciarem a fase parasitária, alcançando a vida adulta dentro de aproximadamente 21 dias, quando novamente voltam ao solo, para pôr ovos e assim sucessivamente.

Neste processo, o ciclo completo do carrapato dá ensejo a várias gerações por ano deste ectoparasito. Em climas quentes, ocorre uma média de quatro a cinco gerações.

O esquema mais utilizado do controle estratégico é iniciado nos meses mais quentes do ano, pela aplicação de cinco a seis banhos, com intervalos de 21 dias ou de quatro aplicações “pour on” com intervalos de 30 dias. As alternativas de combate ao problema, sobretudo ao controle dos carrapatos onde a resistência está consolidada, vêm sendo objeto de várias frentes de estudo com perspectivas bastante significativas a julgar pelas respostas alcançadas nas condições laboratoriais.  

Todas as novas alternativas de combate aos carrapatos são no sentido de reduzir a resistência existente frente aos carrapaticidas e possibilitar o uso de produtos de grande eficácia com menor risco de toxidez para o animal, o homem e o meio ambiente.

Carrapato Rhipicephalus (Boophilus) microplus. Foto: Saense.
Carrapato Rhipicephalus (Boophilus) microplus. Foto: Saense.

Carrapato-estrela ou Carrapato-de-cavalo  (Amblyomma sculptum)

É o que mais comumente parasita o homem. Também infesta mamíferos domésticos, animais silvestres e aves. Em sua forma adulta, é conhecido como carrapato estrela. Fica grande, do tamanho de um feijão verde, ou até maior. A sua forma larval, o micuim, está nos pastos no período de março a julho. Este tipo de micuim, que pode ficar até 24 meses sem se alimentar, esperando um hospedeiro, no homem causa terrível coceira e inflamação que pode durar mais de um mês. É o principal vetor da Febre Maculosa.

Carrapato estrela. Foto: Embrapa.
Carrapato estrela. Foto: Embrapa.

Carrapato-de-galinha (Argas miniatus)

Conhecido pelos nomes comuns de carrapato-de-galinhapercevejo-de-galinha ou carrapato-de-galinheiro, é uma espécie de carrapato da família dos argasídeos, de corpo ovalado com 4 a 7 mm de comprimento. Noctívago e hematófago sai de seu esconderijo à noite e fixa-se nas aves apenas o tempo necessário para sugar o sangue. Transmite aos galináceos a bouba, doença infecciosa semelhante à sífilis.

Carrapato Argas miniatus. Foto: Kennel Veterinária.
Carrapato Argas miniatus. Foto: Kennel Veterinária.

Carrapato-vermelho-do-cão (Rhipicephalus sanguineus)

Típico de cães e gatos. Os adultos preferem instalar-se na pele, entre o coxim plantar e as orelhas do cão. Sobem pelas cercas, muros, e espalham-se pelo canil, casa, etc. Não voam mas saltam. É de fácil controle. Essa espécie prefere ficar perto dos locais onde o cão vive, como pisos cimentados ou de madeira. Além do chão, o carrapato marrom adora esconder-se nas frestas de paredes e no teto. Quando os cães estão dormindo ou descansando, os carrapatos descem para subir nos cães e fazer a sua alimentação de sangue. As fêmeas de carrapatos podem ficar muito grandes, cheias de sangue em seu interior após a alimentação, parecendo pequenas jabuticabas; já os machos tendem a ficar do mesmo tamanho. Raramente os carrapatos são encontrados na grama.

Após sugar o sangue, as fêmeas descem do animal e procuram um local seguro para fazer a postura. Na verdade, elas morrem após a postura. Para se ter uma ideia, cada fêmea de carrapato marrom pode colocar até 4 mil ovos. Dos ovos colocados no ambiente onde o animal vive, eclodem as larvas que imediatamente procuram um cão para se alimentar. As larvas se desenvolvem em ninfas e estas em carrapatos adultos. Todas as formas evolutivas do carrapato marrom alimentam-se de sangue. Devemos tomar muito cuidado, pois estes parasitas transmitem doenças como a babesiose e a erliquiose (popularmente conhecidas como doenças do carrapato) que podem levar os cães à morte.

Carrapato Rhipicephalus sanguineus. Fonte: GPA.
Carrapato Rhipicephalus sanguineus. Fonte: GPA. 

>> Leia mais sobre carrapatos em “As 7 doenças que mais acometem a Recria e a Engorda”.

>> Leia sobre “As 7 Doenças que mais acometem bezerros na fase de Cria”.

>> Leia mais entrevistas em: “Cria: 5 principais entraves”. Nesta entrevista, Rodrigo Paniago, da Boviplan Consultoria Agropecuária nos responde as principais dúvidas sobre a fase de cria e comenta seus principais entraves.

>> Leia mais entrevistas em: “Recria: 5 principais entraves”. Neste texto, Marco Balsalobre responde quais são os principais entraves desta fase e porque ela é tão negligenciada.

>> Leia mais entrevistas em: “Engorda: 7 principais entraves”. Neste texto, Rogério Fernandes Domingues fala um pouco mais sobre os principais entraves na engorda e como isso pode ser prejudicial ao produtor.

>> Quer saber mais sobre Mercado Futuro? Leia o artigo “Mercado Futuro do Boi Gordo e Commodities: 7 cuidados básicos” do Alberto Pessina.

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