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A amostragem de solo é um procedimento técnico utilizado para expor ao produtor e ao técnico responsável a composição do solo e algumas outras características. Assim, baseado nesses dados, podem tomar decisões sobre o mesmo.
Neste texto, vamos entender um pouco mais sobre e como é feito este procedimento.
Definição
A definição estatística da palavra amostragem é: processo ou técnica de escolha de uma ou mais partes representantes para a análise de um todo. E uma amostra voltada para analisar o solo, não foge desta definição.
Do ponto de vista da lavoura, a amostragem de solo é uma etapa crítica para a análise da área e, principalmente, para a tomada de decisão.
Este procedimento é muito utilizado para anteceder os programas de adequação do solo para plantio (calagem, gessagem e adubação).
É um passo extremamente importante e que depende de um volume muito pequeno de amostras. Por exemplo, uma colher de chá pode representar até 16 hectares. Portanto, requer muitos cuidados e apenas um erro pode levar o produtor a prejuízos. Como por exemplo, a compra de quantidade errada de fertilizantes.
Procedimento de amostragem de solo
Para que a amostragem seja correta e representativa, existem procedimentos que devem ser seguidos de maneira bastante rigorosa.
- Seleção da área a ser amostrada – Para que a amostragem seja representativa, a amostra deve ser o mais homogênea possível. Para isso, a área a ser analisada deve ser separada em glebas ou talhões. E, em cada uma dessas unidades, deve-se retirar solo de 20 pontos aleatórios. A quantidade de unidades e o tamanho, vão depender do tipo de solo, topografia, flora local, etc. Não se deve coletar amostras de áreas próximas a casas, brejos, voçorocas, caminhos de pedestres, formigueiros, etc.
- Coleta das amostras – As amostras devem ser coletadas em zigue-zague de maneira a abranger ao máximo a área. Estas podem ser classificadas em simples e compostas. Sendo a amostra simples, a amostragem de apenas um ponto da gleba. E a amostra composta, a mistura homogênea de várias amostras simples. A amostragem também pode ser feita de maneira estratificada, ou seja, coletada em profundidade. Seus horizontes são coletados separadamente para se ter uma ideia das diferentes composições do solo do ponto de vista vertical também. Geralmente, esta separação é feita em centímetros ou polegadas, sendo coletados 0-10 cm (0-4 polegadas), 10-20 cm (4-8 polegadas) e 20-40 cm (8-12 polegadas), sendo o último com menor frequência.
- Identificação da amostra – Após coleta e homogeneização correta, as amostras devem ser identificadas com um selo e uma ficha cadastral que devem acompanhar cada uma delas.
- Material de coleta – O material utilizado no processo de amostragem é muito importante. Pois, a sua composição ou seu estado podem interferir na amostragem. Sempre usar tubos ou trados de aço inoxidável. Os baldes devem ser de plástico e limpos, nunca usar baldes galvanizados ou de borracha e os sacos para armazenar a amostra devem ser estéreis. Nunca utilizar recipientes usados ou sujos como sacos de adubo, cimento, embalagens de defensivos ou saquinhos de leite para acondicionar as amostras.
Amostragem de solo em diferentes sistemas de cultivo
Diferentes sistemas de cultivo afetam de maneira desigual a disponibilidade de nutrientes para planta. Portanto, requerem formas individuais de amostragem do solo.
De acordo com a empresa de fertilizantes Mosaic os diferentes sistemas que devem receber atenção são:
- Sistema convencional/Sistema indireto: Quando se utilizar o preparo do solo por meio de aragem por pelo menos uma vez a cada dois anos, os nutrientes e pH são distribuídos uniformemente em toda a camada arada. Para recomendações, as amostras devem ser retiradas da profundidade do arado — em geral, aproximadamente 20 cm.
- Sistema de plantio direto/Sistema conservacionista: É possível que haja uma estratificação dos nutrientes, o que é extremamente normal em cultivos com cobertura morta. Recomenda-se realizar a amostragem em até 10 cm. Como o cultivo de cobertura morta também ajuda a manter a umidade, esta estratificação não é necessariamente um problema e pode resultar em concentrações de nutrientes em zonas pequenas de pH variável, o que pode aumentar sua eficiência.
Uma observação importante é que a palhada disposta sob a superfície do solo em sistemas de plantio direto deve ser retirada ou afastada do local que será amostrado. Caso contrário, esta pode afetar no resultado da análise laboratorial. Saiba mais sobre o sistema de plantio direto no artigo “Plantio direto: Sistema diferenciado de manejo”.
- Locais sem cultivo: Por conta da constante exposição ao sol, o solo pode se encontrar desgastado tanto fisicamente (com maior disponibilidade à erosão), quanto quimicamente (deficiência de nutrientes). Neste caso, a amostragem recomendada é de 10 a 20 cm.
Além disso, o tipo de cultura a ser cultivada também influencia no tipo da amostragem a ser feita. Principalmente quanto ao ciclo de vida da cultura (anual, bianual ou perene) e quanto à profundidade do seu sistema radicular.
- Para culturas anuais em sistema convencional, culturas perenes e pastagens, o recomendado é uma amostragem de até 20 cm.
- Para culturas anuais em plantio direto, recomenda-se a profundidade do trado de coleta de até 10 cm.
A boa escolha do laboratório onde será feita a análise é muito importante. Pois, uma análise química correta do solo entrega resultados mais adequados. Sempre escolha laboratórios de confiança, nunca se baseando apenas pelo menor preço.
A amostragem pode ser feita em qualquer período do ano. No entanto, o ideal é ser realizada no mesmo período que em outros anos (para garantir um padrão ao longo do tempo e dos cuidados com o solo). Também é necessário esperar pelo menos 30 dias após a adubação para realizar outra amostragem na área.
É recomendável realizar esquemas de amostragem para evitar que a mesma seja feita em uma linha reta, do mesmo modo que realizar um sistema padrão, permite que toda a área seja amostrada uniformemente.
Para que o procedimento de amostragem se torne ainda mais eficiente, o uso de camadas de dados auxiliares pode ser muito útil. Ou seja, além da análise química, analisar mapas topográficos, histórico, estudos de solo, mapas de produtividade e fotografias, auxiliam em muito, a visualização da realidade da área pelo produtor e pelo seu técnico responsável. Algumas fontes para estes dados auxiliares são plataformas digitais, GPS, drones e outros. Saiba mais sobre o uso dessa tecnologia nos artigos “Agricultura 4.0: tecnologia aliada à sua lavoura”, Sistemas de Informação Geográfica, A Irrigação de Precisão na Agricultura 4.0 e Inteligência Artificial: como esta tecnologia se insere no agronegócio.
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>> Leia mais sobre tendências tecnológicas em nosso artigo “SIG: tudo que você precisa saber”. SIG, geoprocessamento, georreferenciamento e sensoriamento remoto são palavras que estão cada vez mais presentes no dia a dia de quem trabalha com o agronegócio. Essas novas tecnologias, entre outras, compõem a agricultura e a pecuária de precisão.
>> Você sabe o que é Amostragem Georreferenciada de Solo? Também está em nosso artigo “SIG: tudo que você precisa saber”.
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