Plantio Direto. Foto: Senar.
Plantio Direto. Foto: Senar.

O sistema de plantio direto, é uma técnica conservacionista bastante difundida entre os agricultores. Chegou ao Brasil no início da década de 70 pela Região Sul. E hoje, é praticado por grande parte dos grandes produtores do país.

Este sistema mostrou-se efetivo de tal forma que foram desenvolvidas diferentes técnicas para implantá-lo. Dependendo da região de implantação.

Neste texto, iremos explorar um pouco sobre este sistema.

Diferenças entre plantio direto e indireto

Para começar nossa conversa sobre o sistema de plantio direto, é necessário antes, diferenciar o sistema de plantio direto e indireto.

O sistema indireto, também conhecido como sistema convencional, se baseia nas técnicas comumente conhecidas. O preparo do solo é composto pela retirada da vegetação nativa ou dos restos do plantio anterior. Na sequência, vem a aração e a gradagem. Neste sistema também é feita a aplicação de agroquímicos. Estes evitam a aparição de organismos indesejados, em destaque, as plantas daninhas. Para saber mais sobre plantas daninhas clique aqui.

Figura 1 - Arado em plantio convencional.
Fonte: Agropro.
Figura 1 – Arado em plantio convencional.
Fonte: Agropro.

Já o sistema direto é composto por técnicas conservacionistas. Ou seja, todo o processo é feito em cima da palhada remanescente da vegetação anterior. Neste sistema as etapas convencionais de preparo do solo (como a gradagem, por exemplo), não são realizadas.

Figura 2 - Plantio de sementes sob palhada. Plantio Direto.
Fonte: Rijeza.
Figura 2 – Plantio de sementes sob palhada. Plantio Direto.
Fonte: Rijeza.

Como surgiu o plantio direto

Obviamente o sistema de plantio direto existe desdes o princípio da humanidade. Sociedades nativas das Américas, por exemplo, ja praticavam este tipo de método conservacionista, inclusive em integração com as florestas nativas e a domesticação de animais, outro método bastente discutido na atualidade. Saiba mais aqui.

Mas o método de plantio direto que conhecemos hoje em dia é de autoria de Edward H. Faulkner, um pensador americano do estado de Ohio. Incentivado pelas discussões sobre a teoria malthusiana, desenvolveu o princípio do sistema de plantio direto, por volta do ano de 1940. Seu principal objetivo com este processo foi desenvolver métodos que poderiam ser menos prejudiciais ao solo e responder a dúvidas como ‘Problem vital to Man’s survival on this planet‘ (Problema vital para a sobrevivência do ser humano neste planeta). Saiba mais sobre o breve histórico de Faulkner.

No Brasil, este sistema começou a ser explorado no início de 1970. De acordo com um artigo publicado pelo jornal da cooperativa Coamo, o primeiro registro que se tem sobre o uso de plantio direto no Brasil vem da região norte do Paraná.

O produtor Herbert Bartz realizou o primeiro plantio direto no ano de 1974, após sua viagem aos Estados Unidos, onde conheceu e aprendeu sobre a técnica.

Cenários Pecuária e Grãos - Agromove
Cenários Pecuária e Grãos – Agromove.

A evolução do plantio direto no Brasil

Como qualquer técnica voltada para a agricultura, desenvolvida ou não no Brasil, o sistema de plantio direto sofreu algumas alterações. Principalmente para que ela pudesse se adequar às diferentes situações dos produtores do país.

A princípio, houve alguns problemas na implantação deste sistema. Majoritariamente quanto ao maquinário, que trabalhavam no solo com um sistema rotativo, e herbicidas, que era mais comum o uso de dessecantes, não utilizando herbicidas pós-emergentes (mais adequados a este tipo de sistema). Saiba mais sobre o uso de herbicidas aqui.

Outra questão importante, na aceitação inicial deste sistema, foi a condição do solo da época. De acordo com Joaquim Costa: “A primeira camada do solo já era deficitária e erodida, o que dificultava o plantio e a colheita das lavouras […] Havia, também, a questão de correções do solo, pois o produtor não usava a correção como pré-requisito para entrar no plantio direto

Com tantas dificuldades, alguns produtores desistiram do sistema logo após o primeiro ano. E, em alguns casos, acabavam divulgando suas experiências negativas. Diante do número de desistências e da importância do sistema para a agricultura da época, os técnicos responsáveis precisaram avaliar a situação dos produtores e, a partir daí, desenvolver métodos mais adequados para a situação vivenciada.

Com base nestes esforços, os produtores foram assimilando e desenvolvendo tecnologia. E no final da década de 70, mais de 10 mil hectares já estavam sendo cultivados com o sistema de plantio direto na Região Sul do país.

Como é feito o plantio direto

Por se tratar de um sistema bastante equilibrado, o plantio direto também se apresenta como um sistema complexo. E para que haja pleno sucesso em sua aplicação é necessário seguir alguns passos básicos.

  • Criação de um cronograma – É necessário saber o que será feito em todo o ciclo com antecedência, isso permite uma maior garantia de sucesso.
  • Rotação de culturas – O artigo sobre rotação de culturas comenta as vantagens deste método para a lavoura. Mas, resumidamente, a rotação de culturas permite uma mais rápida reposição dos nutrientes no solo por meio do plantio sicessivo de diferentes culturas. Isso gera um saldo positivo para a lavoura a médio e longo prazo.
  • Erradicação do preparo do solo – O uso contínuo de maquinário pesado, para efetuar as atividades de grade e arado, acaba por gerar compactação na camada subsuperficial do solo, o que é prejudicial à cultura. Para que o sistema de plantio direto seja eficiente é necessário utilizar métodos de descompactação antes da implantação do mesmo, com o uso de plantas ou maquinário adequado.
  • Manutenção de cobertura morta – O sistema de plantio direto tem como base a manutenção da palhada para a conservação do solo. Manter essa palhada sobre o solo durante o desenvolvimento da cultura, diminui problemas para o mesmo.

Vantagens desta técnica conservacionista

Com o sistema de plantio direto, o produtor diminui e até anula os principais problemas causados pelo manejo de solo. Além disso, como um “bônus”, ele ainda melhora sua produtividade através da melhora no ambiente de plantio para a cultura.

De acordo com o portal agropecuário, fora os benefícios já citados, a utilização do sistema de plantio direto possui outras vantagens:

  • Diminuição da emissão de gases de efeito estufa – Benefício para o planeta e para a sociedade local.
  • Manutenção da microflora do solo – Permite a formação de colônias de microorganismos benéficos à planta. Isso auxilia no eco equilíbrio do solo e acarreta uma melhora no mesmo ao longo do tempo.
  • Controle de erosão – a palhada mantida em campo atua como uma barreira física à erosão do solo.
  • Recuperação de pastagens degradadas – Neste caso, o produtor pode realizar rotação com outras culturas como soja, milho e algodão. Ou então, pode fazer o plantio consorciado, como em iLP’s e iLPF’s.
  • Reduz a compactação do solo – Essa redução ocorre por conta da diminuição do tráfego de maquinário pesado na área de plantio.

Conclusão

O sistema de plantio direto já está presente na maioria das áreas de plantio de grandes culturas. E vem se mostrando, desde o seu desenvolvimento, um sistema bastante benéfico para a agricultura. E como o Brasil é um país muito grande em extensão e variedade de ecossistemas, o sistema possui várias versões adaptadas para cada situação. Versões, estas que foram desenvolvidas por produtores locais e técnicos buscando a melhor adequação para seus respectivos aspectos edafoclimáticos e tecnologia disponível. Portanto, é necessário avaliar os eventos que afetam a área de interesse, antes de realizar um planejamento para a implantação do sistema de plantio direto.

Como consideração final, apesar de terem sido publicados na primeira metade do século passado, os livros e pesquisas de Edward H. Faulkner continuam abordando temas atuais e podem ser de muita ajuda a produtores e técnicos da área. Caso possua curiosidade sobre os títulos do autor, clique aqui.

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