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Como o Controle Biológico está ajudando o Produtor Rural?
Pragas e doenças constituem-se em obstáculos importantes para o bom rendimento e qualidade da produção agrícola. Como vilões do agronegócio, esses organismos causam prejuízos substanciais, causando danos econômicos em nível mundial.
Devido ao ataque desses organismos, estima-se que a perda de produtividade das cinco principais culturas de importância mundial (trigo, arroz, milho, batata e soja) seja em torno de 22,5 %.
Para contornar esse prejuízo, muitas pesquisas estão sendo feitas para a descoberta de alternativas mais eficientes, econômicas e de baixo impacto ambiental para o controle de pragas e doenças de plantas. Nesse sentido, adicionalmente ao uso dos métodos tradicionais, como a aplicação de agroquímicos, a utilização de agentes de controle biológico na agricultura vem ganhando espaço.

Foto: Dean Malvick, Universidade de Minnesota.
Por que o aumento do uso de biopesticidas?
Dentre as razões para o aumento do uso de biológicos, têm-se:
- O aumento de casos de resistência de pragas e doenças a defensivos agrícolas;
- O esgotamento da busca por novas moléculas de agroquímicos pelas indústrias;
- O tempo para colocar uma nova molécula química no mercado, que pode levar cerca de 10 anos;
- E o elevado custo de pesquisa, que pode chegar a cerca de 250 milhões de dólares. Enquanto que o de um biodefensivo é 10% desse valor;

Montagem: Renata Brito.
No que tange os consumidores, esses mostram-se cada vez mais exigentes em relação à qualidade dos alimentos. Optando por produtos mais saudáveis e obtidos por técnicas menos agressivas ao meio ambiente e à saúde humana.
O produtor sabe da importância de atender as exigências dos consumidores, principalmente os do mercado externo. Nesse sentido, vem optando pelo uso de produtos menos impactantes ao meio ambiente e à segurança alimentar. Assim, o uso do biocontrole é umas das estratégias mais promissoras para agricultura mundial. Pois é um método racional e saudável.
Dentre as vantagens do controle biológico, temos:
- A redução do risco de poluição do meio ambiente;
- A diminuição da exposição dos produtos a produtos tóxicos;
- A ausência de resíduos em alimentos;
- A não toxidez para a saúde humana;
- E a não exterminação de inimigos naturais de pragas e doenças.
Dessa forma, a proposta do controle biológico é combater pragas e doenças agrícolas usando a própria natureza, pelo uso de inimigos naturais, que podem ser macrobiológicos (insetos parasitoides e ácaros predadores) e microbiológicos (fungos, bactérias, vírus e nematoides).
Atualmente, os produtos biológicos para a agricultura mais utilizados no Brasil são: Bacillus, baculovírus, Beauveria, Cotesia, Metarhizium, Paecilomyces, Pochonia, Trichoderma e Trichogramma (ABCBio).


Mercado brasileiro de agentes de biocontrole
Segundo a Associação Brasileira de Empresas de Controle Biológico (ABCBio), em 2019, a indústria de produtos biológicos vem faturando R$ 500 milhões por ano. Em 5 anos, a quantidade de biofábricas e de registros de produtos biológicos praticamente dobraram.
As empresas são, principalmente, de médio e pequeno porte. Porém, nesse cenário, multinacionais de defensivos químicos estão ampliando seu portfólio com biopesticidas, devido as expectativas de negócios no mercado brasileiro.

Com o avanço da tecnologia, a aplicação de agentes de biocontrole já é feita em cerca de 10 milhões de hectares. A soja, a cana-de-açúcar e o café correspondem às culturas com maior área tratada e maior consumo de biopesticidas do mercado. O uso desses produtos chega a 20% (soja e café) e 40% (cana) nas principais regiões produtoras. Ainda, o nível de satisfação dos produtores é alta: 98% daqueles que utilizaram produtos biológicos no ano-safra de 2017/18 afirmaram que devem usar os mesmos produtos em 2018/19 (ABCBio).

Eficiência do controle biológico vista pelo produtor
O uso de agentes de biocontrole tem mostrado sua eficiência no campo. Um exemplo de situação em que o controle biológico foi utilizado é descrito pelo produtor Wich. Em 2014, sua propriedade foi atingida por uma infestação de praga, o que fez com que a produtividade de soja fosse de apenas 28 sacas por hectare. Com a aplicação de biopesticidas e a utilização de manejo adequado do solo, a produtividade aumentou, indo para 60 sacas por hectare. O produtor ressalta também que o custo de produção reduziu em até 30%. Pois diminuiu o número de aplicações de agroquímicos. Ainda, o controle não foi só eficiente para a praga-alvo, mas também para outras lagartas e percevejos, que tiveram sua população reduzida.
A eficiência do controle biológico também foi vista pelo produtor Faleiros. Ele relata que uma aplicação de qualquer produto químico fica em torno de R$300 por hectare. No entanto, ao aplicar o fungo biopesticida Beauveria, o gasto é de 60 reais, ou seja, um quinto do valor do produto tradicional. Em termos econômicos e sanitários, ele afirma que teve um resultado muito melhor que no manejo usado anteriormente. Pois o produto utilizado é natural e deixa sua planta em equilíbrio.

Foto: Embrapa Rondônia.
Dessa forma, o controle biológico pode reduzir o uso de pesticidas químicos no manejo integrado de pragas e doenças, trazendo benefícios econômicos, sociais e ambientais. É um método que preserva os recursos naturais e a sustentabilidade dos agroecossistemas. Então, sempre que viável, deve ser recomendado para o controle de organismos nocivos à produção agrícola.
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>> Outra forma saudável de se controlar pragas, doenças e plantas daninhas é com a Rotação de Culturas. Leia o nosso artigo: “Rotação de culturas: Cultivo mais saudável”.
>> Você também encontra sobre Controle biológico em nossos artigos: “Plantas daninhas: um glossário sobre o seu manejo”, “O que é Herbicida, e como aumentar a produtividade de sua fazenda” e “Cigarrinha-das-pastagens: O que você precisa saber para evitar prejuízos e surpresas ao longo do ano”.
>> Leia sobre a Cultura da Soja em nosso artigo: “Cultura da soja: sua importância na atualidade”, aqui.

Parabéns pela matéria. Nós da Ideal Neem acreditamos no controle biológico de pragas e doenças, para uma agricultura mais saudável preservando o meio ambiente.
Estamos a disposição para uma parceria
Boa noite doutora Renata Brito!
Obrigado por nos repassar tanto conhecimento e sabedoria. Estou lendo seu texto em uma pós-graduação da Faculeste.