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Calor e chuva, condições ideais para o pecuarista se preocupar com sua grande vilã, a cigarrinha das pastagens.
Amarelamento das folhas no pasto, limitação no crescimento e na produção da planta forrageira, um cenário que irá comprometer diretamente a produção de leite e carne.
Mas como fazer o manejo desta praga?
Antes de conhecermos as táticas de controle, acompanhe comigo, ao longo deste artigo, a identificação, o ciclo de vida e por fim, o manejo da praga.
Identificação dos principais gêneros de cigarrinha das pastagens
Segundo Rocha e Ribeiro, (2016), os gêneros Deois, Zulia e Mahanarva são as cigarrinhas que causam mais danos em pastagens.
Veja as principais espécies que você pode encontrar no seu pasto:
Deois flavopicta – O inseto apresenta coloração preta com duas faixas transversais amarelas nas asas. O abdômen e as pernas são vermelhos.
Deois schach – O inseto apresenta coloração preto-esverdeado com uma faixa transversal de cor alaranjada no terço da asa. O abdômen e pernas são vermelhos.
Zulia entreriana – O inseto apresenta coloração preta brilhante com uma faixa transversal no terço apical da asa e coloração branco-amarelada.
Mahanarva fimbriolata – O inseto apresenta coloração avermelhada nos machos e marrom avermelhado nas fêmeas. Esta espécie se tornou uma importante praga em canaviais e atualmente é uma ameaça às pastagens, segundo Valério (2009).
Agora que você consegue identificar a praga presente em seu pasto, vamos compreender o ciclo de vida e em que época do ano haverá as fases de ovo, ninfa e adulto da cigarrinha.
Ciclo de vida da cigarrinha das pastagens e as características de cada fase.
O ciclo de vida da cigarrinha se inicia com a postura das fêmeas ao nível do solo sobre os restos vegetais.
Ovos
São colocados em abril pelos adultos próximo às raízes e no material morto. Podem ficar em quiescência (atraso no desenvolvimento do inseto) por até 200 dias, isso devido à baixa umidade do ar e temperatura.
Ninfa
É a fase jovem do inseto, aparecendo em outubro com a vinda das chuvas e altas temperaturas. Ficam alojadas nas raízes superficiais ou na base da planta sugando a seiva. As ninfas produzem uma espuma ao redor da região em que se encontram, para manter umidade elevada e se proteger dos inimigos naturais, conforme a figura 5.
Adultos
Em novembro há o aparecimento de adultos, surgindo mais três gerações em fevereiro-março. O adulto explora a parte aérea da planta.
O pico populacional das cigarrinhas ocorre nos meses de fevereiro e março.
Danos
Como visto, ambas fases ninfa e adulto, se alimentam da seiva da planta. Os adultos introduzem toxinas nas plantas, causando o amarelamento, posteriormente o secamento e a morte.
A redução pode chegar a 30% na produção de matéria verde, na qualidade nutricional e na palatabilidade da forragem produzida.
Monitoramento da área
O primeiro passo antes de se pensar no manejo integrado de pragas (MIP) é realizar o monitoramento. Este consiste em métodos de amostragens com o pano-de-batida, exame de plantas (danos) e exame de amostras de solos.
Em pastagens, a amostragem deve ser realizada semanalmente ou quinzenalmente. Para levantamento dos adultos a amostragem deve ser realizada por uma rede-entomológica através de dez “redadas” em forma de zig-zag, segundo Valério (2005). O monitoramento de ninfas pode ser realizado demarcando 5 pontos de 1m² no pasto e fazer a contagem do número de espumas, ambas coletas devem ser realizadas a cada 1ha.
O Professor Luís Cláudio Paterno Silveira da Universidade Federal de Lavras (UFLA), recomenda realizar o monitoramento a partir da tabela:
Tabela 1: Tomada de decisão para cigarrinha das pastagens.
N° adultos/ m² | N° Ninfas / m² | Ação |
<10 | < 6 | Não controlar |
10 a 20 | 6 a 25 | Aplicar fungo e faixas de 10 m |
11 a 30 | > 25 | Aplicar fungo em área total |
> 30 | – | Aplicar inseticida nas reboleiras |
Manejo integrado da cigarrinha das pastagens
Agora que ficou claro como monitorar o seu pasto, ao longo dos anos pode-se criar um histórico da área e obtendo uma visão anual de quais serão os possíveis meses problemáticos da praga de acordo com o ciclo de vida da cigarrinha.
O manejo da cigarrinha deve ser sempre preventivo, para evitar prejuízos e perda do pasto. Com base em Valério e Koller (1993), orienta-se:
- Diversifique os pastos na sua propriedade com a inclusão de piquetes com pastagens resistentes e susceptíveis;
- Inclua pastos consorciados com leguminosas;
- Faça a adubação de formação e de manutenção das pastagens;
- Realize o manejo rotacional do rebanho;
- Fique atento à altura de entrada e saída do pasto de acordo com sua região;
Lembre-se! A sobra de pasto originará aumento de material morto e consequentemente, melhores condições para sobrevivência de ovos (alta umidade), portanto, evite com um bom manejo do pastejo.
Com relação a gramíneas resistentes destacam-se: B. brizantha cv. Marandu, Brachiaria brizantha cv. Marandu, Brachiaria brizantha cv. Piatã, Andropogon gayanus cv. Planaltina, Panicum maximum cv. Tanzânia, P. maximum cv. Mombaça, Panicum spp. cv. Massai, e o híbrido de Brachiaria denominado Mulato II, segundo o Pesquisador José Raul Valério.
Controle biológico
A eficiência no controle de ninfas, somente é eficaz com o controle biológico. As aplicações devem ser executadas com o aparecimento das segunda ou terceira gerações de ninfas, considerando o monitoramento (tabela 1).
O produto apresenta diferentes tipos de formulações, portanto, consulte um Engenheiro Agrônomo ou um Zootecnista para o melhor método de aplicação, altura de pasto, qualidade do fungo e a dose adequada.
Saiba mais sobre Controle Biológico em nosso artigo “Controle Biológico: uma alternativa para o manejo de pragas e doenças”.
Controle Químico
De acordo com Rocha e Ribeiro (2016), a associação do controle químico com o controle biológico mostrou resultados satisfatórios no trabalho realizado.
O controle químico em um período curto de tempo controla a população adulta das cigarrinhas das pastagens. Já o controle biológico, após a estabilização na área, irá controlar ninfas e adultos em um prazo duradouro.
É recomendável o uso de inseticidas no aparecimento dos primeiros adultos, considerando a tabela 1. Caso contrário, somente em alto pico populacional. É importante salientar que os animais devem ser retirados do pasto e retornarem após o período de carência do produto de acordo com a bula.
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