Milho, pousio, algodão, arroz e soja. Montagem: Agromove.
Rotação de Culturas. Montagem: Agromove.

A rotação de culturas visa diminuir o empobrecimento nutricional do solo, além do combate a pragas, doenças e plantas daninhas.

Neste texto, vamos explorar um pouco sobre esse método e entender o porquê deste cultivo ser considerado mais saudável que o cultivo regular.

Rotação de culturas

A definição mais aceita de rotação de culturas é o plantio de mais de um tipo de cultura numa mesma área em rotação, com o intuito de controlar pragas, doenças e plantas daninhas e diminuir o empobrecimento nutricional do solo. Ou seja, após a colheita de uma cultura, é feito o plantio de uma outra cultura, seguido do plantio de uma terceira cultura, e assim por diante.

Esse método torna o sistema mais produtivo e devolve o equilíbrio biológico do local. Isso é possível por conta das diferentes exigências nutricionais de cada cultura e da relação de cada uma com as pragas, doenças e plantas daninhas.

As culturas utilizadas para rotacionar, são das mais diversas. No entanto, é necessário tomar conhecimento de algumas características que as plantas devem apresentar para serem utilizadas na rotação.

  • Devem possuir exigências nutricionais diferentes.
  • Não podem ser suscetíveis à mesma praga ou doença.
  • É recomendável que a arquitetura do sistema radicular seja diferente
  • É necessário que pelo menos uma das espécies utilizadas possua uma alta produção de resíduos vegetais, que possam ser utilizados como cobertura.

É importante esclarecer que a sucessão milho-soja-milho, trigo-soja-trigo comumente feita, não se trata de uma rotação de culturas. E assim como a monocultura, pode levar ao desgaste do solo.

No entanto, se esta sucessão for feita de maneira adequada, ela pode, sim, tornar-se uma rotação de culturas.

Benefícios da rotação de culturas

Enquanto a utilização da monocultura é prejudicial ao solo, por conta da exigência contínua dos mesmos nutrientes. A implantação de um sistema adequado de rotação de culturas implica em diversos benefícios.

Dentre eles os principais são:

  • Proporciona uma diversificação na produção – Dessa forma o produtor pode lucrar com mais de uma cultura.
  • Melhora as características do solo – Além das diferentes exigências nutricionais, o que diminui a necessidade de adubação e, consequentemente, os custos. Uma rotação de culturas bem estruturada, possui plantas com arquiteturas radiculares diferentes. Isso melhora a aeração do solo. E em alguns casos, dependendo da planta utilizada, pode ajudar a diminuir problemas como a compactação do solo.
  • Auxilia no controle de pragas e doençasA escolha de plantas com características diferentes, pode refletir em sua suscetibilidade a pragas e doenças. Dessa forma, plantas suscetíveis a diferentes pragas e doenças, não são afetadas pelas que atacam a cultura anterior. Nem servem de hospedeiro. Isso cria uma dinâmica ambiental e essa dinâmica diminui a ação destas pragas e doenças.
  • Promove vantagens no combate das plantas daninhas Algumas plantas daninhas tendem a germinar com maior facilidade em algumas culturas e menor em outras, isso se dá por diversos fatores como sombreamento, disponibilidade de água, ação alelopática, etc. A rotação de culturas, assim como age quanto a pragas e doenças, promove uma ciclagem muito grande das plantas daninhas germinadas. Com isso, ocorre uma ciclagem, também, do herbicida utilizado. Dessa forma, o estímulo à promoção de resistência em plantas daninhas é menor. E, consequentemente, os danos à lavoura também diminuem. Saiba mais sobre resistência de plantas daninhas aqui.
  • Torna o sistema mais produtivoDe acordo com o Instituto Agronômico do Paraná , sistemas de manejo associados à rotação de culturas rompem o processo degradativo do solo e mantêm a lavoura integrada no processo de produção agrícola.
  • Ajuda a recuperar áreas degradadasPor conta da adubação feita e da ciclagem dos nutrientes, as áreas degradadas passam a ser cada vez mais agricultáveis. Este tipo de manejo acontece muito em pastagens degradadas, especialmente quando há a implantação de iLP’s e iLPF’s. Leia mais sobre este procedimento aqui.
Cenários Pecuária e Grãos - Agromove
Cenários Pecuária e Grãos – Agromove.

Recomendações de plantas a serem utilizadas

As plantas utilizadas na rotação de culturas, inicialmente formam um grupo composto pela cultura principal (planta economicamente importante) e plantas de cobertura ou adubo verde. A longo prazo, para a obtenção da máxima eficiência econômica na rotação de culturas, recomenda-se a utilização de plantas comerciais em todas as fases.

Para a escolha das espécies de cobertura ou adubos verdes, utilizados no sistema de rotação. Recomenda-se que:

  • Seja feita a escolha pelas espécies adaptadas às condições edafoclimáticas do local.
  • Dê-se preferência às plantas que tenham o ciclo compatível com a entressafra das plantas cultivadas.
  • Sejam resistentes às principais pragas e doenças que afetam a planta comercial.
  • Não se comportem como invasora.
  • Possuam sistema radicular profundo para auxiliar na descompactação do solo.
  • Proporcionem uma grande quantidade de biomassa para a cobertura do solo.

Os principais grupos de plantas utilizados na rotação de culturas são leguminosas, forrageiras e adubos verdes. As leguminosas e adubos verdes são essenciais para a devolução de nutrientes, principalmente nitrogênio para o solo por meio da fixação biológica de nitrogênio. Saiba mais sobre a fixação biológica de nitrogênio aqui.

Já as forrageiras têm a principal função de produzir biomassa e aumentar a aeração do solo, por possuir raízes fasciculadas. Por isso, a interação Lavoura- Pecuária é um método bastante recomendado para recuperação de áreas degradadas, principalmente pastagens degradadas.

No ano de 2007, a EMBRAPA Soja, lançou uma circular técnica que apresentava, no formato de tabela, algumas recomendações de plantas a serem utilizada na rotação de culturas das regiões Sul e Centro-Norte.

Figura 1: Plantas recomendadas para a rotação de culturas na região Sul.
Fonte: Embrapa Soja.

Figura 1: Plantas recomendadas para a rotação de culturas na região Sul.
Fonte: Embrapa Soja.
Figura 2: Plantas recomendadas para a rotação de culturas na região Centro-Norte.
Fonte: Embrapa Soja.

Figura 2: Plantas recomendadas para a rotação de culturas na região Centro-Norte.
Fonte: Embrapa Soja.

Essas tabelas podem servir de norte para a escolha das plantas a serem utilizadas na rotação de culturas. No entanto, são muitos os fatores que afetam o crescimento e desenvolvimento das plantas. O que torna muito complexa a definição dos cultivos que devem ser implantados para que a rotação de culturas seja a mais favorável. Por isso, recomenda-se que um Agrônomo seja consultado para que essa definição seja feita de forma adequada.

Considerações finais

Neste planejamento é necessário considerar que não basta apenas a escolha adequada das plantas a serem cultivadas. Mas também deve-se levar em consideração o clima da região, técnicas culturais utilizadas (como adubação, preparo do solo, etc.), técnicas de manejo contra pragas, doenças e plantas daninhas e sempre que possível, utilizar da tecnologia disponível para melhorar sempre a produção, como o uso da Agricultura 4.0, por exemplo. Saiba mais sobre Agricultura 4.0 aqui.

Muito embora, a rotação de culturas exija alguns cuidados, são notórios os benefícios trazidos por ela. Contribuindo para uma melhor produção e diminuindo a degradação do solo e a degradação ambiental.

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>> Você sabia que a Rotação de Culturas é um dos três princípios básicos do Plantio Direto? Os outros dois são a cobertura permanente e o não revolvimento do solo, segundo o pesquisador Júlio Franchini em “Prosa Rural – Rotação de culturas e plantio direto no cultivo da soja”.

>> Leia mais sobre Plantio Direto no nosso artigo: “Plantio direto: Sistema diferenciado de manejo”.

>> Você quer ler sobre outra forma de controle saudável de pragas e doenças? Acesse o nosso artigo “Controle Biológico: uma alternativa para o manejo de pragas e doenças”.

>> Quer saber mais sobre Mercado Futuro? Leia o artigo “Mercado Futuro do Boi Gordo e Commodities: 7 cuidados básicos” do Alberto Pessina.

>> Leia mais em: “Por que devo saber o meu custo?”. Onde Alberto Pessina responde as principais dúvidas sobre gestão de custos.

>> Leia mais entrevistas em: “Margem Bruta e Eficiência Comercial”. Onde Alberto Pessina explica sobre Margem Bruta e Eficiência Comercial.

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