Índice
A produção agrícola mundial é responsável pelo fornecimento de insumos que alimentam a população, bem como abastece diversos setores industriais, favorecendo o avanço tecnológico e desenvolvimento socioeconômico do planeta.
Como forma de induzir a elevação da produtividade e a maior eficiência no desenvolvimento das práticas agrícolas e industriais, atuamos – como agrônomos – na busca por entender, cada vez mais, o funcionamento dos sistemas agrícolas e a dinâmica que envolve todos os fatores atuantes nos ciclos vegetais.
Assim, um dos elementos essenciais para o desenvolvimento vegetal e que influi diretamente na composição de um sistema agrícola produtivo é o fósforo (P). Tal elemento é considerado um macronutriente, possuindo importantes funções quanto ao fornecimento energético e composição da membrana plasmática.
Solo
Dinâmica do solo
O fósforo encontrado no solo pode estar nas formas orgânicas, principalmente ligado a matéria orgânica, e nas formas inorgânicas, como H2PO4– e HPO42-. Quando na forma iônica, encontra-se ligado a óxidos ou aos coloides do solo (adsorvidos), sendo estes considerados os menos solúveis e disponíveis às plantas (MALAVOLTA, 1980).
Tendo isso em vista, duas frações compõem – principalmente – o fósforo do solo, sendo elas: P-lábil, composta pelo fósforo em solução, pelo P adsorvido aos óxidos de ferro e alumínio ou pelo P precipitado com cátions (Al3+, Ca2+ e Fe3+); P-não lábil, formado pelo fósforo de baixa de baixa solubilidade, sendo este ligado aos minerais do solo ou adsorvidos aos colóides (NOVAIS et al., 2007).
Os autores afirmam que a mineralização do P contido na matéria orgânica é um importante processo na disponibilização do mesmo às plantas, sendo este diretamente dependente da ação de microrganismos, que possibilitam a ciclagem deste nutriente.
Perdas
O pH do solo influencia diretamente a disponibilidade de nutrientes, sendo o fósforo menos disponibilizado em pH’s alcalinos. Nestas condições, o H2PO4– disponível na solução do solo passa por um processo denominado retrogradação, favorecendo a formação de fontes minerais de P, que não são disponíveis às plantas (SOUSA; LOBATO, 2004).
Além disso, fontes orgânicas podem desfavorecer a mineralização de P da matéria orgânica, devido ao aumento da relação C:P, que diminui a disponibilização do P contido na M.O. do solo, sendo este imobilizado pela microbiota do solo (MALAVOLTA et al., 1997).
Por fim, a erosão representa uma forma de perda de P do solo. Isso se dá devido à forte ligação covalente formada pelo íon fosfato (H2PO4–), principalmente nas camadas superficiais do solo, mais expostas aos processos de erosão, resultando na diminuição da concentração destes íons nas áreas afetadas (GALRÃO, 2004).
Planta
Forma absorvida
A absorção de fósforo pelas plantas ocorre através das formas inorgânicas, como o H2PO4– e o HPO42-, que podem fazer parte das frações P-não lábil e da solução do solo (MALAVOLTA, 2006). Tal absorção é iniciada pelo contato íon-raiz através da difusão, processo relacionado a íons pouco móveis no solo, como o fosfato. Associações entre as raízes e fungos micorrízicos favorecem a absorção deste nutriente, uma vez que a área superficial das raízes é aumentada, possibilitando maior contato das mesmas com diferentes camadas do solo (VAN RAIJ, 2011).
Redistribuição
A forma inorgânica do fosfato (H2PO4‑) é considerada altamente móvel no floema das plantas, sendo assim, altamente redistribuída bidireccionalmente (ascendente e descendente). Desta forma, as folhas novas são supridas tanto pelo P absorvido pelas raízes quanto pelo H2PO4– formado nas folhas mais velhas (FERNANDES, 2006).
Função na planta
As formas inorgânicas de P presentes nas plantas não são utilizadas diretamente em processos metabólicos essenciais, mas sim quando transformadas em suas formas orgânicas. O trifosfato de adenosina (ATP) e a adenosina bifosfato (ADP) são produtos finais da formação de açúcares, que têm função essencial no fornecimento de energia para o metabolismo vegetal (CASTRO, 2005).
Outra forma orgânica de P essencial para a manutenção do ciclo vegetal são os fosfolipídeos, que compõem a membrana plasmática celular, favorecendo a estabilidade do pH e da seletividade da membrana, impedindo o desequilíbrio celular (TAIZ; ZEIGER, 2004). Além disso, os autores afirmam que o P possibilita a formação de nucleotídeos, primordiais na formação do DNA e do RNA, envolvidos no armazenamento das informações genéticas das plantas.
Sintomas de toxidez e deficiência
O principal sintoma de deficiência de fósforo na planta é a redução do seu ritmo de crescimento. Isso se deve à sua atuação na planta, uma vez que participa da síntese de macromoléculas, bem como atua em processos metabólicos. Em alguns casos, devido à sua alta mobilidade, podem ser observados alguns sintomas característicos nas folhas velhas da planta, dentre eles a presença de cor amarelada (sem brilho) ou arroxeada. Além disso, a deficiência de P pode provocar pouco enraizamento e baixa germinação das sementes.
Já a sua toxidez é dificilmente observada, principalmente pela baixa concentração desse nutriente nos solos. Todavia, quando em altas concentrações, o P pode competir com outros nutrientes – como o zinco (Zn) – provocando sua deficiência (MALAVOLTA, 2006).
Conclusão
O fósforo é o nutriente que exige uma atenção especial em todo o seu manejo na lavoura. Sua dinâmica, tanto no solo, como na planta, é específica e extremamente importante na hora de sua aplicação nos sistemas produtivos. Desta forma tem-se ressaltado o quanto é necessário que a parte prática seja totalmente atrelada à teoria deste mesmo nutriente, para evitar desperdícios e assegurar que as plantas obtenham todo o P que necessitam para as altas produtividades esperadas pelos produtores.
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Referências
CASTRO, P.; KLUGE, R. A.; PERES, L. Manual de fisiologia vegetal. São Paulo: Cerrado: correção do solo e adubação. 2 ed. Brasília, DF: EMBRAPA
Cienc. Solo, Campinas, no 13: p. 193 – 198, 1989. Ciência do Solo, 2006.
Ed. Agronômica Ceres, 1980. 251 p. Editora Agronômica Ceres, São Paulo, Brasil, 2005.
FERNANDES, Adalton Mazetti et al. A cultura da batata – Adubação. (s.d.). Disponível em: https://www.embrapa.br/hortalicas/batata/adubacao. 2006.
GALRÃO, E. Z. Micronutrientes. In: SOUSA, D. M. G. de; LOBATO, E. (Eds). Cerrado: correção do solo e adubação. 2 ed. Brasília, DF: EMBRAPA Informação Tecnológica, 2004. p. 185 – 223.
Ipni, 2011.
MALAVOLTA, E.; VITTI, G.C.; OLIVEIRA, S.A. de. Avaliação do estado nutricional das plantas: princípios e aplicações. 2 ed., rev. e atual. Piracicaba: POTAFOS, 1997. 319 p.
MALAVOLTA, Euripedes. Elementos de nutrição mineral de plantas. São Paulo: Editora Agronômica Ceres Ltda., 1980.
MALAVOLTA, Euripedes. Manual de Nutrição Mineral de plantas. São Paulo: Editora Agronômica Ceres Ltda., 2006.
NOVAIS, R. F.; ALVAREZ, V. H.; BARROS, N. F.; FONTES, R. L.; CANTARUTTI, R. B.; NEVES, J. C. L. (ed). Fertilidade do solo. Viçosa, MG: Sociedade brasileira de ciência do solo, 2007.
SOUSA, D. M. G; LOBATO, E. Cerrado: correção do solo e adubação. Brasília, DF: Embrapa Cerrados, 2. Ed, 2004.
TAIZ, L.; ZEIGER, E. Fisiologia Vegetal. 3. Ed., Artmed, 2004.
VAN RAIJ, Bernard. Fertilidade do solo e manejo de nutrientes. Piracicaba: International Plant Nutrition Institute, 2011.