Índice
Introdução
Pastagem é a formação vegetal mais comum e que ocupa a maior área na Terra. Sua adaptação ambiental é bastante variada, indo desde a tundra, típica do Ártico, até o Sahel, de clima quente e seco próximo ao Sahara, local no qual é estimado que sete mil anos atrás, duas importantes gramíneas tenham sido domesticadas, o sorgo e o arroz africano (DARWIN, 1859).
As plantas que constituem esta formação vegetal, ou seja, plantas forrageiras, são aquelas que os animais consomem, geralmente ruminantes, concorrendo para seu desenvolvimento e reprodução. Nesse sentido, forrageiras bem sucedidas são as que, durante sua evolução, desenvolveram mecanismos de escape a predadores e ao superpastejo, e também a adaptação a diferentes condições edafoclimáticas. Para que isto pudesse ocorrer, estas plantas tiveram que ser fortemente expostas a herbívoros e, provavelmente por isso, as gramíneas africanas, como as dos gêneros Panicum, Brachiaria, Pennisetum, são as mais comuns na constituição de pastagens em climas tropicais (VALLE; JANK; RESENDE, 2009)

Os solos brasileiros, em geral, apresentam elevado grau de intemperismo, isto ocorre por estarem situados na região de clima tropical, na qual os fatores de formação de solos agem intensamente, assim, em geral possuem baixa fertilidade natural (BERANRDI et al., 2003).
Nesse contexto, podem ser utilizadas diferentes práticas corretivas, as quais têm por objetivo melhorar o ambiente de crescimento radicular, favorecendo o seu desenvolvimento, e, consequentemente, a produtividade das culturas. Além disso, para a realização destas, são utilizadas fontes relativamente baratas e resultam em um aumento da eficiência de posteriores adubações, o que lhes confere grande importância econômica. Dentre elas estão: calagem, gessagem e fosfatagem (VITTI et al., 2008).
Tipos de forrageiras
Existem diversas espécies de plantas que podem ser utilizadas na formação de pastagens. Estas são divididas com base no período de desenvolvimento (inverno ou verão), de acordo com o ciclo de vida (anual ou perene) e família botânica, sendo que as gramíneas e as leguminosas são as mais utilizadas. Na escolha da espécie forrageira, deve ser considerada sua produtividade e qualidade nutritiva, assim como sua adaptação ao clima e tipo de solo no local.
Práticas corretivas em Pastagens
Calagem
A calagem é uma prática indispensável para a obtenção de alta produtividade em solos ácidos tropicais (PEARSON, 1975). Sua importância para a maioria das culturas deve-se aos seus efeitos sobre a neutralização da acidez do solo, ao aumento do pH (RAIJ et al., 1977), à redução do alumínio e manganês tóxicos (MASCARENHAS et al., 1984), ao aumento da absorção de nitrogênio, fósforo, potássio e enxofre (QUAGGIO et al., 1993), ou ainda pelo fato de fornecer cálcio e magnésio como nutrientes (MASCARENHAS et al., 1976).
Como o calcário tem baixa solubilidade, sua aplicação deve ser realizada com dois a três meses de antecedência à implantação da cultura, para que possa ocorrer sua solubilização. Além disso, para acelerar o tempo de reação, o calcário pode ser incorporado ao solo, porém, em pastagens já estabelecidas pode-se aplicar este corretivo a lanço e sem incorporação, para que não haja prejuízos ao sistema radicular, conforme demonstrado na figura 1. Também, para que a aplicação atinja maior homogeneidade, recomenda-se rebaixar o pasto antes da aplicação, como mostrado na figura abaixo (PEREIRA et al., 2018).

Ademais, a dosagem de calcário pode ser calculada de acordo com a necessidade de saturação por bases (V%), a qual varia de acordo com a espécie de forrageira, conforme exemplificado na tabela abaixo.

Grupo I: Panicum (Aruanã, Tanzânia, Mombaça), Cynodon (Coastcross, Tifton), Pennisetum (Cameroom, Napier).
Grupo II: Brachiaria brizantha (Marandú, Xaraés), Andropogon.
Grupo III: Brachiaria decumbens (IPEAN Australiana), Paspalum (Batatais, Gramão), Melinis minutiflora.

Gessagem
A gessagem é a prática da aplicar o gesso agrícola (CaSO4.2H2O) é subproduto da produção de ácido fosfórico (H3PO4) e, quando solubilizado no solo, na maioria das vezes apresenta em sua composição principalmente 26% de CaO e 15% de S (VITTI; VALE; SGARBIERO, 2009).
O gesso agrícola encaixa em duas categorias de corretivos, como corretivo de sodicidade, que reage reduzindo a saturação de sódio no solo, e como condicionador do solo, promovendo melhorias das propriedades físicas, físico-químicas ou atividade biológica do solo, podendo recuperar solos degradados ou com desequilíbrio nutricional, podendo levar a incrementos de produtividade, conforme mostrado na figura 3 (VITTI et al., 2007).
Quanto à sua aplicação, esta deve ser feita a lanço antes, junto ou depois da calagem. E, por ter solubilidade maior, não precisa ser incorporado. Além disso, este pode ser aplicado em qualquer época do ano, porém o ideal é que seja feito antes do início da estação chuvosa, para que o produtor já tenha o benefício no ano de aplicação (PEREIRA et al., 2018).


Fosfatagem
Os solos brasileiros, de modo geral, possuem baixo teor de fósforo. A correção desse desequilíbrio envolve alta competição entre solo (fixação) e planta (absorção). O fósforo entra em contato com a raiz pelo processo de difusão, motivo pelo qual é necessária a presença do nutriente próximo ao sistema radicular. A fosfatagem via solo propicia: maior volume de fósforo em contato com o solo, aumentando sua fixação; aumento no volume de solo explorado pelas raízes; aumento na absorção de água e nutrientes. (VITTI; MAZZA, 2002; NOVAIS et al., 2007).
Em pastagens estabelecidas, esta prática é feita a lanço e em cobertura. Mas, quando for feita fosfatagem no plantio ou semeadura, é interessante que se faça uma incorporação, pois o P é pouco móvel no solo e precisa de contato com a raiz para ser absorvido (PEREIRA et al., 2018).

Época de aplicação
De acordo com Pereira et al. (2018), a aplicação dos corretivos em pastagens deve ser feita na época adequada, para que reajam no tempo certo e tenham os efeitos desejados para a cultura segundo a figura 4.


Para saber mais sobre o assunto aguarde os próximos posts sobre práticas corretivas ou entre em contato com o Grupo de Apoio à Pesquisa e Extensão – GAPE que possui área de atuação em nutrição de plantas e adubação.

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Referências bibliográficas
BERNARDI, A. C. de C.; MACHADO, P. L. O. de.; FREITAS, P. L. de; COELHO, M. R.; LEANDRO, W. M.; JÚNIOR, J. P. de O.; OLIVEIRA, R. P. de; SANTOS, H. G. dos; MADARI, B. E.; CARVALHO, M. da C. S. Correção do solo e adubação no sistema de plantio direto nos cerrados. Rio de Janeiro: Embrapa Solos, documentos, n.46, 2003. 22p.
NOVAIS, R. F.; ALVAREZ V., V. H.; BARROS, N. F.; FONTES, R. L. F.; CANTARUTTI, R. B.; NEVES, J. C. L.. Fertilidade do solo. Viçosa, 2007. 1017 p.
PEARSON, R.W. Soil acidity and liming in the humid tropics. Cornell, International Agriculture, 1975. 66p. (Bulletin, 30).
PEREIRA, L. E. T. et al. Recomendações para correção e adubação de pastagens tropicais. Pirassununga: Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos da USP, 2018.
QUAGGIO, J.A.; RAIJ, B. van; GALLO, P.B.; MASCARENHAS, H.A.A. Respostas da soja à aplicação de calcário e gesso e lixiviação de íons no perfil do solo. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v.28, n.3, p.375-383, 1993.
RAIJ, B. van; CAMARGO, A.P.; MASCARENHAS, H.A.A.; HIROCE, R.; FEITOSA, C.T.; NERY, C.; LAUN, C.R.P. Efeito de níveis de calagem na produção de soja em solo de cerrado. Revista Brasileira de Ciência do Solo, Campinas, v.1, p.28-31, 1977.
VALLE, Cacilda Borges do; JANK, Liana; RESENDE, Rosangela Maria Simeão. O melhoramento de forrageiras tropicais no Brasil. Revista Ceres, vol. 56, núm. 4, julho-agosto, 2009, pp. 460-472. Universidade Federal de Viçosa. Viçosa, Brasil.
VITTI, G. C.; MAZZA, J. A. Planejamento, estratégias de manejo e nutrição da cultura de cana-de-açúcar. Piracicaba: Potatós, 2002. 16 p. (Informações agronômicas).
VITTI, G.C.; LUZ, P. H.de C.; MALAVOLTA, E.; DIAS, A. S.; SERRANO, C. G. de E. Uso do gesso em sistemas de produção agrícola. Piracicaba: GAPE, 2008.

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