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O Brasil volta ao posto de maior produtor mundial de soja. Ano a ano, observamos o aumento da produtividade da soja no Brasil. Contudo, para garantir altas produtividades o produtor está constantemente lidando com diversos desafios, dentre eles o combate às pragas.
Como todas as culturas agrícolas, o cultivo da soja sofre ataque de pragas que podem comprometer a produção, bem como a qualidade final dos produtos. Por isso, é muito importante conhecer quais as principais pragas da soja e estar atento a sua ocorrência.
Além disso, como já falamos no texto “Importância da identificação das pragas do milho”, o Brasil conta com um clima tropical quente e úmido que permite o cultivo de duas ou mais safras no ano, fazendo com que as pragas se mantenham em atividade no campo o ano inteiro. Condições climáticas de alta temperatura durante o verão e de temperaturas amenas no inverno são ideais para a multiplicação de pragas.
Do início do cultivo até o momento da colheita, muitas são as pragas que podem prejudicar a produção da soja no campo. Os problemas se iniciam ainda antes do plantio, com a presença de pragas em restos culturais do cultivo anterior e no solo, seguidos pelas pragas que atacam as plântulas e, por fim, as pragas que se alimentam de folhas, flores, vagens e grãos.
Dentro da grande diversidade de pragas, algumas se destacam pelo seu alto potencial destrutivo. Nesse texto vamos listar as 5 principais pragas da soja:
- Percevejo-marrom (Euschistus heros)
- Lagarta Helicoverpa (Helicoverpa armigera)
- Lagarta-da-soja (Anticarsia gemmatalis)
- Lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda)
- Lagarta-elasmo (Elasmopalpus lignosellus)
Percevejo-marrom (Euschistus heros)
Dentre as principais pragas da sojicultura, o destaque fica para o percevejo-marrom. Essa praga é de ampla ocorrência e requer muita atenção do produtor. Além da sua alta capacidade de causar dano e sua elevada ocorrência, essa praga já apresenta tolerância a diversos inseticidas.
Embora o percevejo-marrom ataque também outras culturas, a soja é a principal hospedeira. Nos períodos de entressafra da soja, essa praga sobrevive se alimentando de plantas daninhas ou outras plantas cultivadas, como algodão, feijão e girassol. Também, em situações mais extremas de alimento escasso, o percevejo-marrom entra em diapausa* até o início da nova safra.
*Diapausa é um tipo de dormência causada nos insetos em decorrência a estímulos ambientais extremos não favoráveis ao seu desenvolvimento. É uma pausa temporária no desenvolvimento do inseto por uma diminuição do seu metabolismo.
O percevejo-marrom ataca as hastes da soja, mas os principais danos relacionados a essa praga são quando ela ataca as vagens em formação, levando a formação de “grãos chochos” (Figura 2). Além dos danos causados pela sucção de seiva das hastes e grãos, o percevejo também injeta toxinas na planta durante a sua alimentação, provocando a “retenção foliar”. Assim, lavouras atacadas ainda apresentam dificuldades na hora da colheita e aumento da umidade dos grãos colhidos.
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Lagarta Helicoverpa (Helicoverpa armigera)
Certamente você já ouviu falar sobre essa praga. Mas por que ela é tão importante assim? A Helicoverpa armigera conta com alta capacidade de reprodução, período de desenvolvimento curto (30 dias), se adapta facilmente a diferentes condições, encontra condições climáticas favoráveis no Brasil e, para finalizar, conta com indivíduos resistentes a importantes inseticidas.
Essa praga está presente em todas as regiões produtoras de soja e tem alto potencial de dano, não apenas para soja, mas também para outras culturas como o algodão, o feijão e o milho. A sua capacidade de se alimentar de diversas espécies de plantas cultivadas, bem como plantas daninhas como a buva, garante a sua sobrevivência. Quando ataca a planta de soja, essa lagarta se alimenta, preferencialmente, de flores, vagens e espigas.
A identificação da lagarta Helicoverpa no campo é dificultada pela semelhança com outras lagartas como a Helicoverpa zea e a Heliothis virescens. Outro fator que dificulta sua identificação é a sua variedade de coloração desde branco-avermelhado a verde. Por isso, essa característica não é indicada para a identificação dessa praga durante o monitoramento.
Para sua identificação é indicada a observação de pelos brancos na sua parte frontal e de estruturas escurecidas no pelo, como se fosse o formato de cela. Também, quando perturbada, a Helicoverpa curva a parte dianteira do corpo.
Para seu controle, indica-se monitoramento rigoroso, controle antecipado de plantas daninhas hospedeiras, utilização de cultivares Bt e aplicação de inseticidas quando o nível de ação for atingido no monitoramento.
Lagarta-da-soja (Anticarsia gemmatalis)
A lagarta-da-soja é uma praga de hábitos noturnos que, quando dia, fica em áreas sombreadas. Inicialmente as lagartas são de coloração verde-clara e possuem quatro pares de pernas no abdômen, sendo duas vestigiais.
Sua identificação é mais simples que a lagarta Helicoverpa. Conta com três linhas longitudinais claras no dorso. Em condições de pouco alimento ou altas infestações, torna-se de coloração mais escura.
Os danos causados por essa praga são raspagens inicialmente em pequenas áreas das folhas. Quando as lagartas são maiores, alimentam-se da folha deixando grandes “buracos” ou mesmo se alimentando da folha inteira. A desfolha pode chegar a 100% se a lagarta-da-soja não for monitorada e controlada corretamente.
Lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda)
A lagarta-do-cartucho é uma espécie canibal e, por isso, geralmente são encontradas poucas lagartas por planta. Sua coloração varia entre marrom, verde ou preta. Tem, na cabeça, uma listra que se inicia em Y invertido, que facilita muito a sua identificação.
As lagartas danificam as plantas se alimentando das folhas, hastes, vagens e grãos. Essa praga ocorre tanto no início como ao final do ciclo da cultura. Quando ocorrem na fase inicial, atacam a base do caule das plântulas causando falhas de stand.
O manejo da lagarta-do-cartucho deve iniciar com a dessecação da cultura de cobertura para a produção de palha no Sistema Plantio Direto (SPD). Se, durante o plantio for observada a presença de lagartas, deve ser realizada a aplicação de inseticidas para evitar redução do stand de plantas.
Lagarta-elasmo (Elasmopalpus lignosellus)
A lagarta-elasmo se destaca por sua alta mobilidade. Uma única lagarta pode atacar até três diferentes plantas. As lagartas se alimentam do caule e das folhas das plantas jovens, levando a murcha ou, na maioria das vezes, tombamento. Assim, muitas vezes é responsável por causar grandes falhas nas linhas de plantio.
Em plantas mais desenvolvidas, criam galerias no interior do caule onde se abrigam. O resultado do ataque é o enfraquecimento, tombamento e até a morte da planta. Contudo, o período crítico vai da emergência das plantas até o estágio V6/V7.
Sua coloração é inicialmente amarelada ou esverdeada com listras vermelhas no corpo. Quando adultas medem de 1 a 2 cm de comprimento e apresentam coloração rosácea com listras transversais marrons.
Sua ocorrência é favorecida em anos mais secos, com períodos longos de estiagem durante as fases iniciais das culturas. Também prefere solos arenosos e ausência de cobertura morta.
O controle químico é menos eficaz para a lagarta-elasmo já que geralmente fica “protegida” nas galerias dentro da planta. Para seu manejo, é indicado o tratamento de sementes com inseticidas sistêmicos.
Leia mais sobre a Cultura da Soja em:
- “Cultura da soja: sua importância na atualidade”
- “Inoculação de bactérias na cultura da soja”
- “Doenças da soja: como identificar e manejar”
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