Milho e Soja
Milho e Soja

O milho e a soja estão entre os cinco grãos mais produzidos no mundo. São colhidas mais de 1.000 milhões e 300 milhões de toneladas – respectivamente – por ano safra. A principal razão para este grande volume é seu emprego como matéria prima para a fabricação de ração animal e de inúmeros outros produtos. Saiba mais sobre a importância da soja no artigo “Cultura da soja: sua importância na atualidade”. Quais fatores influenciam os preços do milho e da soja?

A flutuação dos preços destes grãos causa impacto em vários segmentos do mercado de diversos países, inclusive do mercado brasileiro. Afinal, nosso país é o terceiro maior produtor de milho e o segundo maior produtor de soja. Sendo um dos maiores exportadores mundiais destas commodities agrícolas.

Existem vários motivos que levam à variação dos valores destas commodities no mercado nacional. E, geralmente, uma mudança de preços é causada por mais de um fator simultaneamente. Além disso, um fator geralmente provoca impacto outro.

Aqui vamos abordar os principais fatores que influenciam nos preços do milho e da soja.

Cotação na Bolsa de Chicago (CBOT)

Na Bolsa de Mercado Futuro de Chicago, nos Estados Unidos, são negociados contratos futuros de inúmeras commodities, considerando diferentes meses de vencimento. No caso da soja e do milho, cada contrato negocia 5 mil bushels, o equivalente a 136 toneladas de soja e 271 toneladas de milho.

A CBOT (Bolsa de Comércio de Chicago) é referência mundial para a formação e acompanhamento dos preços, em bushels/dólar, de muitas commodities agrícolas. Isso se dá, pelo motivo de serem negociados diariamente um grande volume de contratos de cada commodity por muitos traders de países importadores e exportadores.

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Oferta e demanda

Produtos agrícolas como a soja, o milho, o trigo e a laranja são considerados commodities devido ao seu baixo grau de industrialização e grande volume de produção.

Por serem matéria prima para as indústrias de muitos países, os preços das commodities sofrem grande influência do volume consumido e do montante desse tipo de insumo que é ofertado no mercado.

Figura 1 - Relação da oferta e demanda mundial de soja.
Fonte: SLC Agrícola.
Figura 1 – Relação da oferta e demanda mundial de soja.
Fonte: SLC Agrícola.

O impacto da oferta e demanda de um determinado produto em seu preço é melhor percebido à medida que existe a falta ou excesso do mesmo no mercado interno e/ou externo. Isso pode ser observado através de análise realizada pelo site Farmnews.

Aliás, as expectativas de produção e consumo nacional e internacional são suficientes para provocar a alteração dos preços no mercado de commodities.

Quando as condições para a produção da safra são favoráveis, as previsões apontam maior volume de produção – seja em comparação ao montante da safra anterior ou à estimativa anterior – e não é antecipado um maior consumo pelo mercado interno ou maior demanda de exportação, os preços são “pressionados”, isto é, sofrem redução.  

Por exemplo, a CONAB (Companhia Nacional do Abastecimento) aumentou sua estimava de produção de milho em 1,76 milhões de toneladas em seu novo relatório mensal, disponibilizado na segunda semana de junho. Assim, estima-se que a safra e a safrinha alcancem o total de 97,01 milhões de toneladas diante do clima favorável. Considerando apenas este fator, os preços sofreriam redução. Entretanto, segundo o CEPEA (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), mesmo com este acréscimo de produção, o seu Indicador ESALQ/BM&FBovespa sofreu aumento semanal de quase 8% diante do aumento das exportações, provocado principalmente pelo pouco avanço no plantio do grão em território americano.

Nos Estados Unidos também é comum que a cada nova estimativa nacional quanto à produção, exportação, progresso da colheita (afeta o volume disponível para o mercado), entre outras divulgadas pelo Departamento de Agricultura (USDA), as cotações de soja e milho na CBOT sofram alterações significativas.

Também é comum a estagnação dos preços por alguns dias antes da divulgação de alguns importantes relatórios do USDA, como o relatório de Estimativa de Área de Produção para a próxima safra ou o Relatório de Oferta e Demanda Agrícola Mundial.

China

Este país tem destaque diante o seu efeito na alteração da demanda e oferta de grãos no mundo. Embora a China seja um dos maiores produtores de milho e soja do mundo, este gigante asiático importa grandes volumes destas commodities para atender seu mercado interno e controlar os níveis de seus estoques. Quando o governo chinês decide alterar o ritmo de importações, por considerar que seu estoque interno necessita de redução ou aumento, as cotações destes grãos no mercado mundial são impactadas.

Sanções comerciais e econômicas

Sanções internacionais são ações determinadas e realizadas por um país contra um ou mais países. Existem várias razões para que essa atitude política seja tomada. Elas podem ocorrer por questões diplomáticas, militares, econômicas ou comerciais.

Uma sanção comercial ocorre geralmente através do estabelecimento de tarifas. Enquanto a sanção econômica determina proibições de comercialização entre países. 

O estabelecimento de tarifas de importação ou exportação pode provocar considerável incerteza no mercado de commodities. E, consequentemente, grande flutuação nos preços. Principalmente, se estas envolvem importantes países produtores ou consumidores mundiais.

A situação mais recente de oscilação de preços de soja e milho provocada por sanções comerciais ou econômicas ocorreu no início de 2018, com a alteração de algumas tarifas de importação pelos Estados Unidos de produtos chineses em março de 2018.

Tal ação do governo americano iniciou uma “Guerra Comercial” entre China e Estados Unidos e levou a mudanças das tarifas de importação da soja americana pelo governo chinês. Assim, os valores da soja no mercado internacional e na CBOT sofreram grande instabilidade.

Na época, o contrato futuro de julho da soja na Bolsa de Chicago chegou a ser comercializado por US$ 8,41 por bushel, o menor valor em quase 10 anos, segundo afirmou Joe Vaclavik, presidente da Standard Grain.

No início de maio deste ano, ocorreram novas tensões comerciais entre China e Estados Unidos, provocadas pela imposição de novas taxas a bens chineses. Isto despencou os preços da soja em Chicago e gerou redução de 3,5% no valor do contrato com vencimento para julho durante a segunda semana do mês, de acordo com informações da Bolsa de Chicago.

Clima

A produção agrícola pode ser afetada por diversos fatores ambientais. Em razão destes influenciarem o metabolismo da planta, a resistência da mesma ao ataque de doenças e pragas, entre outras atividades necessárias para o sucesso da sua eficiência. Dentre os fatores climáticos que impactam a produção agrícola, a precipitação e a temperatura são dois dos mais importantes.

Figura 2 - Safra de milho argentina sob o efeito do fenômeno climático La Niña.
Fonte: ANCA24.
Figura 2 – Safra de milho argentina sob o efeito do fenômeno climático La Niña.
Fonte: ANCA24.

Entretanto, o clima também pode afetar a oferta de grãos influenciando a janela de colheita ou de plantio, ou ainda dificultando o escoamento dos mesmos. Um exemplo é a situação de chuvas durante as últimas semanas em território americano, o que prejudicou o plantio da próxima safra de milho. De acordo com o USDA, até a segunda semana de maio, apenas 23% do total de hectares destinados à produção foram plantados, metade da média dos últimos 5 anos. Em Illinois, um dos principais estados produtores, este atraso chega a ser maior que 50%.

Além da variação sazonal das chuvas, existem alguns fenômenos climáticos de ocorrência não sazonal que afetam a produção agrícola de muitos países. Este é o caso do El Niño e do La Niña, conhecidos por alterar tanto a temperatura como o volume e distribuição das precipitações em muitos países, como a Argentina. Na safra 2017/18, a safra de soja e milho do país sulamericano foi reduzida em 20% por conta da seca incomum provocada pelo La Niña. Este cenário ajudou a aumentar os preços de ambos os grãos no mercado mundial.

Conclusão

As cotações do milho e da soja, assim como de todas as outras commodities agrícolas, sofrem alterações diárias a partir da influência de diversos fatores, como as cotações da CBOT, as variações da oferta e demanda, o clima e questões político-econômicas. Além disso, o entendimento destes fatores ajuda a todos aqueles que compram e vendem estes produtos em sua tomada de decisão.

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