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A soja é uma cultura de grande importância econômica para o Brasil e para o mundo. Somente no ano de 2018 foi responsável por movimentar cerca de 31,7 bilhões de dólares (Agrostat, 2019). No Brasil, a produção foi de aproximadamente 118 milhões de toneladas em uma área de 35 milhões de hectares e sua produtividade chegou em 3.359 kg/ha, quase 60 sacas/ha (CONAB, 2018).
A soja tem diversas destinações como produto: pode ser consumida como grãos, farelo ou óleo. Leia mais sobre a cultura “Cultura da soja: sua importância na atualidade”.
Todavia, diversas doenças da soja são responsáveis por grandes perdas na produtividade, fazendo com que o produtor perca de 15 a 20% de sua produção.
No mundo, já foram relatadas mais de 100 diferentes doenças que atacam essa cultura. No Brasil, esse número se reduz a 40, o que ainda é um número alto.
Portanto, o produtor precisa estar sempre atento ao manejo correto de cada doença para, assim, garantir uma alta produtividade e reduzir perdas e custos na produção.
As doenças na cultura da soja podem ser divididas em viróticas, bacterianas, fúngicas e pode ocorrer a presença de nematoides que causam perdas significativas na produção. De forma geral e sucinta descreveremos as doenças, assim como seus principais sintomas para identificação em campo e suas formas mais eficientes de controle.
Doenças da soja viróticas
Dentre as doenças viróticas, as que mais se destacam como importantes para a cultura da soja são:
– Necrose da haste da soja (Cowpea mild mottle virus – CpMMV)
Sintomas: queima do broto, hastes necróticas e as plantas acabam morrendo. O corte longitudinal da haste mostra escurecimento da medula. Plantas apresentam severo nanismo e folhas deformadas.
Controle: a mosca branca é o inseto responsável pela disseminação da doença no campo. Porém, seu controle é inviável. O manejo mais eficiente é uso de cultivares tolerantes.

Fonte: Blog Spot.
– Mosaico comum da soja (Soybean mosaic virus – SMV)
Sintomas: planta apresenta trifólios encarquilhados, deformados, com bolhas com áreas verde-claras e verde-escuras. Podem aparecer, também, lesões escuras nas vagens. Plantas apresentam porte reduzido e redução de produtividade.
Controle: uso de cultivares resistentes.

Fonte: Plantix.
– Queima do broto da soja (Tobacco streak virus – TSV)
Sintomas: plantas apresentam o broto apical curvado, necrosado e facilmente quebrável. Ocorre também escurecimento na medula da haste principal, principal sintoma para a detecção da doença.
Controle: o tripes é o principal vetor da doença, portanto, deve-se evitar plantar em épocas de maior incidência desse inseto.

Fonte: Croplife.

Doenças da soja bacterianas
Dentre as doenças bacterianas apenas duas são de relevância para a cultura da soja:
– Pústula bacteriana (Xanthomonas axonopodis pv. glycines)
Sintomas: manchas redondas, nunca angulares, com coloração verde-amarelada e com centro elevado de coloração amarelo-palha que, com o passar do tempo, se tornam necróticas.
Controle: uso de variedades resistentes é o principal método de controle da doença.

Fonte: Agrolink.
– Mancha bacteriana marrom (Curtobacterium flaccumfaciens pv. flaccumfaciens)
Sintomas: aparecem nas folhas em forma de pequenas lesões cloróticas que aumentam e podem tomar todo o folíolo. As lesões podem coalescer formando áreas necrosadas. Sementes podem ser descoloridas em razão do crescimento da bactéria, e as plântulas resultantes podem apresentar enfezamento.
Controle: uso de sementes certificadas, rotação de culturas e uso de cultivares resistentes.

Fonte: Agrolink.
Doenças da soja fúngicas
A grande parte das doenças que ocorrem na cultura da soja são causadas por fungos. Muitas doenças estão associadas entre si e grande parte causa danos significativos na produtividade da cultura.
– Crestamento foliar e mancha púrpura da semente (Cercospora spp.)
Sintomas: todas as partes da planta são atacadas. Nas folhas aparecem pontuações escuras, castanho avermelhadas, com bordas difusas que se tornam grandes manchas escuras, resultando em um severo crestamento e desfolha prematura. Os sintomas são mais visíveis após os estágios de completa formação da vagem (R6) e início da maturação (R7.1). Através da vagem o fungo ataca a semente e causa a mancha púrpura no tegumento.
Controle: o uso de sementes certificadas livres do patógeno é o método mais eficiente para evitar a ocorrência dessa doença. O tratamento de sementes com fungicidas e também a aplicação de fungicidas na parte aérea. Os produtos devem ser registrados e podem ser encontrados no site do Agrofit.

Fonte: EMBRAPA.
– Mancha parda ou septoriose (Septoria glycines)
Sintomas: os primeiros sintomas aparecem cerca de duas semanas após a emergência, com pequenas pontuações ou manchas de contornos angulares castanho-avermelhadas. Em infecções severas, causa desfolha e maturação precoce.
Controle: o manejo mais fácil é pela rotação de culturas, pois a sobrevivência do fungo se dá em restos culturais. Deve-se realizar o acompanhamento da melhoria das condições físico-químicas do solo, dando atenção para uma adubação potássica de qualidade. Pode realizar o controle com fungicidas registrados na parte aérea, durante a fase de formação e enchimento de vagens.

Fonte: EMBRAPA.
– Oídio (Microsphaeria difusa)
Sintomas: favorecida por temperaturas mais amenas e baixa umidade, portanto sua ocorrência é mais frequente em regiões altas. Toda a parte aérea é atacada pelo fungo, onde se observam uma estrutura branca, que constitui os micélios e os esporos do patógeno. Nas folhas, a coloração branca muda para castanha-acinzentada. Em infecções severas, a doença pode causar seca e queda prematura das folhas.
Controle: o método mais eficiente é o uso de cultivares resistentes, podendo também utilizar fungicidas registrados para o controle do fungo.

Fonte: Agrolink.
– Ferrugem Asiática (Phakopsora pachyrhizi)
Sintomas: podem ser observados em qualquer estádio de desenvolvimento da planta. Nas folhas, iniciam-se como minúsculos pontos mais escuros do que o tecido sadio. A lesão pode ser castanha, sem necrose extensiva e com abundante esporulação; pode também ser marrom-avermelhada, com extensiva necrose e pouca esporulação. As folhas amarelecem e caem precocemente, comprometendo a formação e o enchimento das vagens, o peso final dos grãos e a qualidade da semente.
Controle: o manejo deve ser realizado através de eliminação de plantas de soja voluntárias e ausência de cultivo de soja na entressafra (vazio sanitário). Utilização de cultivares precoces e semeaduras no início da época recomendada. Utilização de fungicidas registrados e a utilização de cultivares resistentes também são eficientes.

Fonte: EMBRAPA.
– Mela (Rhizoctonia solani)
Sintomas: o fungo ataca toda a planta, surgindo, incialmente, lesões encharcadas. As lesões podem ser pequenas ou ainda tomar todo o limbo foliar em forma de murcha ou podridão mole. Em condições de alta umidade ocorre desenvolvimento micelial do patógeno sobre a planta.
Controle: o manejo integrado é a forma mais eficiente de controlar a doença. Unir práticas de semeadura direta, nutrição equilibrada, rotação de culturas, adequação de populações de plantas e espaçamento entre linhas, tratamento de sementes com fungicidas e uso de sementes de qualidade, eliminação de plantas daninhas e restos de soja. Além do controle químico com produtos recomendados e registrados.

Fonte: Agronômica.
– Antracnose (Colletotrichum truncatum)
Sintomas: pode causar a morte das plântulas, necrose dos pecíolos e manchas nas folhas, hastes e vagens. Pode ocorrer também, queda total das vagens ou deterioração das sementes.
Controle: o uso de sementes livres do patógeno, tratamento de sementes com fungicida sistêmico e de contato, rotação de culturas, maior espaçamento entre linhas, eficiente controle de plantas daninhas e manejo adequado do solo.

Fonte: Fundação Rio Verde.

– Mofo branco (Sclerotinia sclerotiorum)
Sintomas: primeiros sintomas são manchas com presença de micélio cotonoso de coloração branca. Ocorre a formação de escleródios.
Controle: o manejo integrado com o uso de sementes certificadas e tratadas, sucessão de culturas, semeadura direta, eliminação de plantas daninhas, são práticas para controlar a doença.

Fonte: Defesa Vegetal.
– Podridão vermelha da raiz (Fusarium spp.)
Sintomas: o patógeno infecta as raízes, com sintomas iniciais de mancha avermelhada. Essas manchas escurecem tornando-se quase negras.
Controle: evitar semeadura em solos compactados e mal drenados, realizar sucessão e rotação de culturas com trigo e sorgo. Não existem cultivares resistentes no Brasil.

Fonte: Agrolink.
– Podridão radicular (Phytophthora sojae)
Sintomas: o patógeno pode causar podridão de sementes, tombamento de plântulas e morte de plantas adultas. Folhas tornam-se amareladas e murchas, que secam e mantêm-se presas à haste. O córtex e os tecidos vasculares se tornam escuros e as plantas são facilmente arrancadas do solo em razão do apodrecimento das raízes.
Controle: uso de cultivares resistentes, tratamento de sementes e melhoras nas condições de drenagem do solo.

Fonte: Agrolink
Nematoides
Existem dois nematoides que são de importância para a cultura da soja:
– Nematoide das galhas (Meloidogyne spp.)
Sintomas: manchas em reboleiras. Nas raízes observa-se galhas em número e tamanhos variados.

Fonte: Agrobase.
– Nematoide dos cistos (Heterodera glycines)
Sintomas: porte reduzido e clorose na parte aérea, resultando no nome vulgar da doença “nanismo amarelo da soja”.

Fonte: Gazeta Digital.
O método de controle mais eficiente para nematoides está no uso de cultivares resistentes e rotação de culturas.
Considerações Finais
Com o manejo correto, a produtividade da cultura será sempre positiva. Portanto, é importante estar sempre atento às condições da lavoura para evitar a entrada de doenças que causam perdas de produtividade.
Esse texto foi elaborado para mostrar de forma resumida as principais doenças que ocorrem numa produção de soja, como identificá-las pelos principais sintomas e como controlar realizando o manejo mais eficiente
No Brasil, a doença de maior importância para os produtores da soja é a ferrugem asiática. Causa danos acima de 80% em perdas de produtividade. A ferrugem da soja é a principal doença que leva os produtores a utilizar agroquímico no Brasil.
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