Pasto

Saiba quais são as principais doenças em plantas forrageiras e como manejá-las.

Quando falamos de doenças de plantas, logo imaginamos aquelas culturas de grande produtividade como milho e soja. Porém, não devemos esquecer que as doenças ocorrem em todas as espécies de plantas independente da finalidade delas, seja para produção de grãos, sementes ou ainda alimentação animal, como as espécies forrageiras.

Você faz ideia da importância de plantas forrageiras para o agro no Brasil e no mundo? Vamos mostrar então como essas plantas estão relacionadas ao nosso dia a dia e como devemos manejá-las em caso de ocorrências de doenças.

Para ficar ainda mais por dentro do assunto, acesse nosso blog e confira todos os artigos!

A bovinocultura de corte

Gado no Pasto.
Fonte: Blog Toledo do Brasil.
Gado no Pasto.
Fonte: Blog Toledo do Brasil .

O Brasil é um dos mais importantes produtores de carne bovina no mundo. Mas nem sempre essa foi a nossa realidade. Há mais de 40 anos, o rebanho mal chegava à metade do atual, sendo necessário importar carne para abastecer o mercado interno, problemas sanitários inviabilizavam a exportação, pastagens degradadas, mal conduzidas e de baixa produtividade.

Com o tempo e investimento em tecnologia, isso mudou! A produtividade e a qualidade do produto aumentaram, tornando-o competitivo e permitindo sua exportação para mais de 150 países.

Essas tecnologias envolveram desde melhorias no sistema de produção até a organização da cadeia. O rebanho mais que dobrou, mas sem necessidade de aumentar a área de pastagens. Confira a seguir, um modelo da cadeia produtiva de carne bovina atual, desde o campo até chegar na mesa do consumidor.

Figura 2. Representação das principais etapas da cadeira produtiva de carne bovina: do campo ao consumidor.
Fonte: EMBRAPA.

Figura 2. Representação das principais etapas da cadeira produtiva de carne bovina: do campo ao consumidor.
Fonte: EMBRAPA.

Produção em pastagens

No Brasil, cerca de 95% da carne bovina é produzida em regime de pastagens, com um rebanho entorno de 187 milhões de cabeças (FAO, 2013). O Mato Grosso é o principal estado produtor com cerca de 28,4 milhões de cabeças de bovinos, em uma área de 26 milhões de hectares de pastagens.

Diante disso, entendemos a relevância das pastagens para a produção bovina e que a carne que consumimos diariamente demanda trabalho e intensificação do uso das pastagens.

Porém, ao intensificar o cultivo de pastagem é comum observarmos o aumento da ocorrência ou ainda na intensidade de doenças em plantas forrageiras. Essas doenças são responsáveis por perdas na produtividade e qualidade do pasto.

Confira a seguir as doenças em plantas forrageiras mais importantes, seus agentes causais e como combatê-las.

Doenças de importância para os sistemas de produção de pastagem

Mela-das-sementes de Brachiaria spp. e Panicum maximum

Possivelmente, uma das doenças mais disseminadas em todo o Brasil, a mela-das-sementes surge principalmente devido à falta de padrões de qualidade sanitária para sementes destinadas ao comércio interno.

Seu agente causal é o fungo Claviceps sulcata. Os principais sintomas observados são flores com exsudação de líquido de aspecto pegajoso, conhecido como honeydrew e é nesta exsudação que se desenvolve o micélio do fungo.

Quando se trata da produção de sementes, esse exsudato se torna consistente, podendo envolver toda a panícula e inviabilizando a colheita das sementes.

Cenários Pecuária e Grãos - Agromove
Cenários Pecuária e Grãos – Agromove.

A dispersão do patógeno ocorre pelas sementes infectadas ou ainda por escleródios presentes nos lotes de sementes. Insetos e gotas de chuva podem auxiliar na dispersão.

O tratamento deve ser preventivo com uso de sementes sadias e tratadas. Para áreas de produção de sementes de pastagens, deve-se evitar áreas com histórico da doença e cujas condições climáticas sejam favoráveis ao desenvolvimento do patógeno. O plantio em áreas isoladas de campos de pastagens, a eliminação de plantas hospedeiras das bordaduras dos campos, redução do trânsito de pessoas e máquinas após o início do florescimento podem ajudar.

Figura 3. Mela-das-sementes: mela em Brachiaria brizantha cv. Xaraé.
Fonte: Embrapa.
Figura 3. Mela-das-sementes: mela em Brachiaria brizantha cv. Xaraé.
Fonte: Embrapa.

Carvão da braquiária

O agente causal da doença é o fungo Ustilago operta. Os sintomas são observados nas sementes da forrageira através da presença de uma massa pulverulenta negra em seu interior, que pode romper o tegumento da semente, tornando-se visível. A principal fonte de inóculo são restos de cultura e sementes contaminadas, a disseminação ocorre pelo vento e respingos de água. O principal tratamento é preventivo, pois, uma vez que o patógeno entra na área de produção, é muito difícil erradicá-lo. O controle químico ainda é pouco usual e o uso de genótipos de braquiária resistentes ao carvão precisa ser melhor estudado.

Figura 4. Carvão em sementes de Brachiaria brizantha.
Fonte: Embrapa
Figura 4. Carvão em sementes de Brachiaria brizantha.
Fonte: Embrapa

Ferrugem da braquiária

O agente causal dessa doença é o fungo Puccinia levis var. panici-sanguinalis. E os sintomas se iniciam na parte de baixo das folhas como pequenos pontos cloróticos que evoluem em tamanho formando pústulas de coloração castanho-escuro. Por fim, os sintomas passam a ser observados também na parte de cima das folhas, as lesões começam a se expandir e lentamente se unem, apresentando aspecto alongado, causando a seca prematura das folhas. Como forma de tratamento, pesquisas apontam que o uso de cultivares resistentes e uso de fungicidas são as melhores alternativas.

Figura 5. Ferrugem da braquiária em folhas de Brachiaria brizantha.
Fonte: Embrapa
Figura 5. Ferrugem da braquiária em folhas de Brachiaria brizantha.
Fonte: Embrapa

Mancha foliar de Bipolaris maydis

Essa doença afeta as cultivares de Panicum maximum, podendo ocorrer também em Brachiaria sp., Paspalum sp. e Pennisetum sp.. O agente causal, como o próprio nome diz, é o fungo Bipolaris maydis. Os sintomas se iniciam com manchas foliares pequenas e elípticas, de coloração castanha, que evoluem em tamanho e passam a exibir centros de cor parda a marrom, circundados por halo marrom escuro que, com o avanço da doença, formam longas áreas necróticas causando amarelecimento e seca das folhas, levando a uma redução significativa da produtividade e da qualidade da forragem e suas sementes. A disseminação ocorre através de restos de cultura, sementes contaminadas e hospedeiros alternativos. O controle deve ser realizado pelo uso de cultivares resistentes e de fungicidas, especialmente em campos de produção de sementes.

Figura 6. Mancha foliar de Bipolaris maydis em Panicum maximum.
Fonte: Embrapa
Figura 6. Mancha foliar de Bipolaris maydis em Panicum maximum.
Fonte: Embrapa

Cárie-do-sino do Panicum maximum

O agente causal é o fungo Tilletia ayresii. Os sintomas são observados nas inflorescências que, quando infectadas, apresentam espiguetas abertas, inchadas e providas de massa de esporo acinzentadas. As flores não são capazes de produzir sementes e, desta forma, a produção das sementes é comprometida. O tratamento é, de certa forma, preventivo, pois é recomendada a utilização de cultivares resistentes.

Figura 7. Sementes e panículas de Panicum maximum.
Fonte: Embrapa
Figura 7. Sementes e panículas de Panicum maximum.
Fonte: Embrapa

Antracnose do estilosantes

O agente causal é o fungo Colletotrichum gloeosporioides que ataca a produção de Stylosanthes spp. Os sintomas são divididos em dois tipos: o primeiro, caracterizado por lesões marrom claras a cinza, com margens escuras, que ocorre em caules, folhas e inflorescências. E o segundo sintoma é observado apenas em Stylosanthes guianensis, necroses generalizadas em caules e folhas, sem margens definidas. Dentre as formas de controle, a mais viável economicamente é o controle genético por meio de cultivares resistentes.

Figura 8. Sintomas de antracnose em Stylosanthes spp.
Fonte: Embrapa
Figura 8. Sintomas de antracnose em Stylosanthes spp.
Fonte: Embrapa

Mortalidade do capim-marandu

É uma doença ainda muito discutida, mas tudo indica que é causada por agentes bióticos, destacando-se os patógenos de solo dos gêneros Pythium, Rhizoctonia e Fusarium, associados ou não a Pratylenchus spp. Os sintomas são distribuídos irregularmente nas pastagens ocorrendo tipicamente na forma de reboleiras. As plantas afetadas ficam com folhas amareladas e morrem apresentando aspecto de feno. As medidas de controle são preventivas, com o uso de sementes sadias e diversificação de forrageiras.

Figura 9. Sintomas da mortalidade de capim-marandu: distribuição em reboleiras ao longo da pastagem.
Fonte: Embrapa
Figura 9. Sintomas da mortalidade de capim-marandu: distribuição em reboleiras ao longo da pastagem.
Fonte: Embrapa

O manejo integrado de plantas forrageiras

Em nosso artigo “Manejo Integrado de Doenças: como realizar boas práticas agrícolas”, apresentamos as principais práticas para o manejo de doenças. Devido à escassez de informações sobre medidas de controle específicas para doenças das plantas forrageiras, devemos prezar pelas medidas de caráter preventivo, que são:

  • Se possível, utilize cultivares resistentes, isso vai ajudar a impedir que a doença se instale na sua área;
  • Buscar sementes sadias e tratadas para a formação da pastagem. É sua responsabilidade utilizar materiais sadios para impedir a disseminação de doenças no campo;
  • Esteja atento para a escolha da época e da área para a semeadura. Evite épocas em que as condições climáticas sejam favoráveis à doença e áreas que tenham histórico destas;
  • É importante estar sempre atento à manutenção do bom estado nutricional das plantas, plantas mal nutridas são mais sensíveis aos patógenos;
  • Controlar plantas invasoras, estas muitas vezes são hospedeiras alternativas para os patógenos;
  • Em campos de multiplicação de sementes de pastagens, é recomendado o uso de fungicidas na parte aérea;
  • Realize todos os cuidados necessários durante a colheita e o beneficiamento de sementes, principalmente quando se tratar de áreas de multiplicação de sementes.

Por fim, o mais importante é estar sempre acompanhado de um Engenheiro Agrônomo especializado no assunto. Dessa forma, você terá as recomendações necessárias para produzir com qualidade a sua pastagem e, assim, aumentar sua produtividade.

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>> Quer saber mais sobre a Cadeia da Carne? Acesse o nosso artigo “Cadeia Produtiva da Carne Bovina, Tendências e Desafios!”.

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