Índice
Introdução
Deve-se entender por micronutrientes aqueles elementos os quais as plantas precisam em menor quantidade, mas ainda sim são fundamentais para seu bom desenvolvimento. Os principais são: boro, molibdênio, cobre, zinco, manganês, ferro, níquel e cloro. É importante lembrar que, tanto os macronutrientes como os micronutrientes são necessários para o bom desenvolvimento das plantas e para a formação de flores e frutos saudáveis (GIRACCA, 2021).
Para a cultura da soja os micronutrientes de maiores destaque são o zinco, cobre, manganês e boro, sendo que podem ser aplicados de diversas formas. Esses desempenham funções essenciais nas plantas que colaboram para o aumento da produtividade (SEDIYAMA et al., 2015).
Na Tabela 1 pode-se observar as principais funções dos micronutrientes na soja juntamente com seus sintomas de deficiência para diagnóstico em campo (OTTO, 2022).
Nutriente | Funções na planta | Sintomas de deficiência |
Boro | Atua na divisão e elongação celular; Atua na germinação dos grãos de pólen; Atua no crescimento do tubo polínico; Atua no transporte de açúcares, amido, nitrogênio e fósforo; Participa na formação dos grãos; Importante para a germinação da semente. | Folhas novas com folíolos menores e com coloração verde azulada; Folhas coriáceas, rugosas e espessas; Morte da gema apical vegetativa; Encurtamento dos entrenós; Nanismo na planta (porte reduzido); Baixa fecundação de flores; Menor nodulação das raízes. |
Cloro | Atua na evolução do oxigênio da água (fotólise) no processo de fotossíntese (fotossistema II); Atua na turgescência celular através da pressão osmótica. | Clorose foliar devido à redução na fotossíntese. |
Cobalto | Essencial para os rizóbios (FBN); Componente da vitamina B12; Componente da enzima Cobamida; Atua na síntese da leg-hemoglobina; Atua no transporte de O2 para o interior do nódulo. | Nódulos pequenos com coloração interna amarelo-pálida; Clorose nas folhas mais novas. |
Cobre | Ativador de enzimas da fotossíntese e respiração; Atua na distribuição de carboidratos; Atua na redução e fixação de N2 da FBN; Auxilia na resistência a doenças fúngicas. | Deficiência nas folhas mais novas, com coloração verde-acinzentada a verde-azulada; Necrose nas pontas dos folíolos das folhas mais novas; Folhas com aparência de folhas secas; Morte apical (ponteiro) da planta; Encurtamento dos entrenós; Plantas mais baixas. |
Ferro | Atua na transferência de elétrons; Ativa as enzimas; Participa da nitrogenase, enzima chave da FBN. | Diminuição no teor de clorofila foliar; Clorose internerval de folhas mais novas. |
Molibdênio | Participa como cofator da enzima redutase do nitrato; Age como cofator da enzima nitrogenase da FBN. | Deficiência semelhante a do nitrogênio; Clorose das folhas mais velhas, com posterior necrose das margens; Menor porte de planta. |
Manganês | Atua na evolução do oxigênio da água (fotólise) no processo de fotossíntese (fotossíntese II); Atua na formação de clorofila; Ativa várias enzimas; Age na síntese de proteínas. | Clorose internerval nas folhas mais novas, com reticulado (nervuras) mais grossas; Plantas com menor porte. |
Níquel | Participa da enzima urease em grãos de soja; Aumenta o peso de nódulos radiculares; Aumenta o peso de grãos. | Manchas necróticas nas extremidades dos folíolos. |
Zinco | Ativa várias enzimas; Atua na síntese de proteínas; Atua na síntese do triptofano, precursor do hormônio AIA (auxina); Auxilia na formação dos grãos. | Folhas mais novas cloróticas, pequenas e lanceoladas; Folhas adultas com coloração amarelo castanha; Encurtamento dos entrenós; Plantas mais baixas; Curvatura da haste principal; Redução no número de vagens. |
Adubação com micronutrientes
Devido a fatores como aumento de produtividade agrícola, ocupação de solos do Cerrado, avanço para solos arenosos, redução da matéria orgânica, excesso de palha nos sistemas de plantio direto, pH do solo, material de origem do solo e desbalanceamento entre cátions metálicos, justificam a maior ocorrência de deficiência de micronutrientes na cultura da soja no Brasil (SEDIYAMA et al., 2015).
Sabendo da problemática da deficiência com micronutrientes em muitas lavouras brasileiras, o produtor pode fornecer micronutrientes para a planta de 3 formas: via solo, via foliar e via semente (OTTO, 2022).
Aplicação via solo
Na aplicação dos fertilizantes via solo, os micronutrientes proporcionam uma correção lenta, gradativa e preventiva. Nesse sentido, deve-se seguir as recomendações de adubação de micronutrientes de acordo com os boletins ou pesquisas realizadas na região. Na Tabela 2 e 3 pode-se observar os valores limites para interpretação dos teores de micronutrientes no solo e as indicações de adubação para micronutrientes via solo, aplicados “a lanço”, o qual se espera um efeito residual de cinco anos (SEDIYAMA et al., 2015).
Teores | B | Cu | Fe | Mn | Zn |
(mg dm-3) | |||||
Baixo | < 0,3 | < 0,15 | < 5,0 | < 1,0 | < 0,3 |
Médio | 0,3 – 0,49 | 0,15 – 0,33 | 5,0 – 11,9 | 1,0 – 1,9 | 0,3 – 0,69 |
Alto | 0,5 – 2,00 | 0,34 – 7,0 | 12,0 – 30,0 | 2,0 – 10,0 | 0,7 -10,0 |
Muito Alto | > 2,00 | > 7,00 | > 30,0 | > 10,0 | > 10,0 |
Teor | B | Cu | Mn | Zn |
(kg ha-1) | ||||
Baixo | 1,5 | 2,5 | 6,0 | 6,0 |
Médio | 1,0 | 1,5 | 4,0 | 5,0 |
Alto | 0,5 | 0,5 | 2,0 | 4,0 |
Muito Alto | 0,0 | 0,0 | 0,0 | 0,0 |
Recomenda-se a aplicação de Boro na pré-semeadura e evitar realizar na semeadura (OTTO, 2022).
Aplicação via semente
Os principais micronutrientes aplicados via semente na soja são o cobalto e molibdênio, que têm como função principal auxiliar na FBN. Normalmente, são incluídos no tratamento químico de sementes juntamente com fungicidas e inseticidas, adicionando-se pequenas doses que variam entre 1 a 5 g.ha-1 para Co e de 12 a 15 g.ha-1 para o Mo (SEDIYAMA et al., 2015).
Conclusão
O manejo das condições nutricionais do solo é essencial para alcançar bons índices de produtividade, dessa forma atentar-se para realizar o manejo correto dos micronutrientes é imprescindível para o aumento da fertilidade do solo e desenvolvimento da agricultura brasileira.
Para saber mais sobre o assunto aguarde os próximos posts sobre práticas corretivas ou entre em contato com o Grupo de Apoio à Pesquisa e Extensão – GAPE que possui área de atuação em nutrição de plantas e adubação.
Site: www.gape-esalq.com.br Telefone: (19) 3417-2138. e-mail: gape.usp@gmail.com Instagram: @gape.esalq
>> Leia mais entrevistas em: “Cria: 5 principais entraves”. Nesta entrevista, Rodrigo Paniago, da Boviplan Consultoria Agropecuária nos responde as principais dúvidas sobre a fase de cria e comenta seus principais entraves.
>> Leia mais entrevistas em: “Recria: 5 principais entraves”. Neste texto, Marco Balsalobre responde quais são os principais entraves desta fase e porque ela é tão negligenciada.
>> Leia mais entrevistas em: “Engorda: 7 principais entraves”. Neste texto, Rogério Fernandes Domingues fala um pouco mais sobre os principais entraves na engorda e como isso pode ser prejudicial ao produtor.
>> Quer saber mais sobre Mercado Futuro? Leia o artigo “Mercado Futuro do Boi Gordo e Commodities: 7 cuidados básicos” do Alberto Pessina.
>> Leia mais em: “Por que devo saber o meu custo?”. Onde Alberto Pessina responde as principais dúvidas sobre gestão de custos.
>> Leia mais entrevistas em: “Margem Bruta e Eficiência Comercial”. Onde Alberto Pessina explica sobre Margem Bruta e Eficiência Comercial.
>> Leia mais entrevistas em: “Como melhorar os resultados da empresa rural?”. Onde Alberto Pessina explica que precisamos analisar uma série de fatores que influenciam na produtividade e rentabilidade do negócio para atingir bons resultados. E é fundamental se ter uma boa gestão das atividades da propriedade rural.
Referências
GIRACCA, Ecila Maria Nunes; NUNES, José Luis da Silva. Nutrientes. [20–?]. Disponível em: https://www.agrolink.com.br/fertilizantes/nutrientes_361443.html. Acesso em: 09 ago. 2021.
SEDIYAMA, Tuneo. Soja do plantio à colheita. Viçosa: UFV, 2015.
OTTO, Rafael. Nutrição e adubação para soja e milho para altos rendimentos. Piracicaba: Gape, 2022.