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Mercado da carne: O que esperar da tendência mundial para os próximos anos e como você pode garantir margens melhores.
Nos últimos 10 anos acompanhamos um crescimento sem precedentes. Quase 20% no consumo de proteínas, impulsionados por investimentos e inovação.
No entanto, você já deve ter notado que o padrão deste consumo de proteína tem mudado. Será que este crescimento realmente vai continuar nos próximos anos?
Essas expectativas e projeções são essenciais para que você ajuste sua produção e investimento de forma mais consciente.
Por isso, entenda a seguir, o comportamento dos principais países influentes no mercado da carne e produção da pecuária.
Perspectivas do mercado da carne nos próximos anos (a curto prazo)
Segundo estimativas da FAO/OECD, o consumo mundial de carnes de origem animal, aumentará em 10,94% até 2027.
Entretanto a taxa de crescimento deverá desacelerar, chegando até a metade do crescimento dos anos anteriores, segundo estudos da McKinsey.
O crescimento ficará entre 1 – 1,5% ao ano, metade do valor da última década e em mercados localizados, ou seja, em algumas zonas econômicas em crescimento, como destaca a consultoria.
Além disso, há o destaque para o crescimento do consumo global de produtos lácteos em torno de 1,5% ao ano, impulsionado pela África Subsaariana (crescimento de 3% ao ano) até de 2025.
Mas vale destacar que esse aumento da demanda pela carne está primeiramente associado ao aumento da população mundial.
Seguido pelo aumento da renda per capita, impulsionando o consumo do mercado da carne.
Aumento do poder aquisitivo é sinônimo de aumento do consumo de carne? Nem sempre!
O aumento da renda é fator importante para analisar o consumo e preferência pela proteína da carne, sendo ela bovina, suína ou de frango.
Ainda de acordo com a McKinsey, a ingestão calórica diária de produtos de origem animal é 50% a 100% maior em países com renda per capita com mais de US $ 30.000, quando comparado àqueles com renda per capita de US $ 4.000 a US $ 20.000.
Porém, ainda conseguimos ver movimentos distintos no mercado da carne. Países como Argentina, Brasil e China são mercados que exibem uma forte preferência pela carne.
Porém, notamos que nem tudo gira em torno da renda, já que as preferências alimentares também são influenciadas por fatores culturais.
Por outro lado, a maioria dos países da Ásia-Pacífico, grande parte do Oriente Médio, México e o resto da América Latina mostram uma baixa preferência de carne.
O mais forte exemplo disso são os muitos estados na Índia que possuem regulamentações que proíbem o abate ou a venda de gado.
O caso da China: o maior mercado desacelera o crescimento da demanda
É esperado que a China seja responsável por cerca de 30% da demanda de carne até 2025, sendo ainda o maior mercado, apesar da desaceleração.
O mercado da carne desse país passará por uma leve mudança no mix de importações de carnes, ao invés de crescimento de volume sustentado.
A China provavelmente precisará de cerca de 40% de aumento em comparação com os níveis de 2015.
Assim, espera-se que ela permaneça como um mercado de foco competitivo para os principais agentes de exportação de carne bovina em todo o mundo.
Como o crescimento afetará a América Latina (inclusive o Brasil)
As taxas de câmbio favoráveis à América Latina, tornam a região uma forte exportadora do mercado da carne.
Porém, a produtividade ainda está em níveis inferiores dos produtores americanos e canadenses. (Ganho de peso médio diário por animal 60% inferior).
Desse modo, será crucial para a competitividade da região focar na melhoria da produtividade, alguns índices deverão ser melhorados:
- Qualidade das pastagens
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- Eficiência da alimentação
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- Controle dos custos de produção
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Além disso, a taxa de câmbio poderá não ser favorável todo o tempo, será necessário identificar e garantir o melhor posicionamento na compra dos insumos e nas oportunidades de vendas pela demanda.
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Situação prevista de outras proteínas animais
A principal proteína responsável pelo aumento da produção total das carnes de origem animal será a carne de frango.
A maior eficiência de produção e o menor valor frente às outras carnes, impulsionará a maior demanda mundial, como pode ser visto na imagem a seguir.
A carne suína também terá um incremento de produção puxado pelos mercados Russo e Chinês, mas o aumento dos rebanhos será mais lento devido a problemas ambientais e preocupação com o bem-estar animal que regulam o setor.
Assim, os aumentos na produção serão encabeçados pela China, mas também haverá aumentos na Argélia, Austrália, Bangladesh.
Como ficarão as exportações no mercado da carne?
Segundo a FAO/OECD, espera-se que a participação dos dois maiores países produtores (Brasil e EUA) cresça cerca de 44% das exportações. Isso contribuirá para cerca de 70% das exportações de carne totais até 2026.
Para o Brasil, o relatório de projeções do MAPA, sinaliza aumentos nas exportações de carne bovinas e de frango em 3% ao ano.
Já para a carne suína, o crescimento será maior, até 2017, a previsão de crescimento anual em torno de 3,4%.
Ademais, há pouca diferença nos custos de carne bovina entregue para a Ásia entre os produtores das Américas do Norte e do Sul.
Os custos totais para o Brasil, os Estados Unidos e o Uruguai, por exemplo, variam em menos de US$ 5 por 100 quilos. No entanto, o Brasil possui um custo de logística mais elevado que seus concorrentes.
Uma melhora na eficiência logística, no sistema de taxação e burocracias do país pode trazer maior competitividade da cadeia. Consequentemente, reduz a dependência de um câmbio desvalorizado.
Custos de Produção do mercado da carne
As perspectivas do mercado da carne permanecem relativamente favoráveis para os produtores.
Os preços dos insumos para a produção da ração ficarão em patamares inferiores quando comparados aos anos anteriores.
As previsões da FAO são de clima estável para a produção agrícola para os próximos anos, indicando que os preços permanecerão em patamares inferiores na comparação com anos de quebra na safra por problemas climáticos.
Isso pode trazer estabilidade para o setor que vem trabalhando com custos elevados e voláteis. Principalmente, para regiões como a América, Austrália e Europa, onde grãos são usados com maior intensidade na produção de carne.
Repare que na pesquisa abaixo a principal preocupação do pecuarista brasileiro está relacionada ao custo de produção.
Porém, a maioria dos produtores não observam que 60% a 80% dos custos estão relacionados com a gestão de compra de insumos e matéria prima fora da porteira.
Ou seja, aprender a gerir a volatilidade das commodities é essencial para que você possa maximizar os lucros. Saiba como neste artigo.
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Conclusão
Certamente, investimentos e inovações continuarão em toda a cadeia de valor do mercado da carne, à medida que o consumo global de proteína animal aumentar.
Os agentes do setor precisarão ajustar-se a um novo cenário de demanda com os movimentos descritos acima e da exportação de carne.
Relacionar modelagem de cenário com estratégia de mercado é fundamental para os tomadores de decisão em toda cadeia da carne.
Outro fator de importância é a atenção quanto às melhores épocas de compra dos insumos e venda dos animais. Preços mais altos da arroba do boi na hora da venda, não resultam em melhores margens.
Assim, é preciso ter uma boa gestão dos custos! Faz parte da gestão entender a competitividade regional e a demanda global do mercado da carne.
Quais são as suas estimativas para o mercado da carne na sua região? Restou alguma dúvida? Deixe seu comentário abaixo!
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