O Brasil voltou, em 2018, ao posto de maior exportador de carne bovina do mundo. Além disso, se mantém como um dos maiores produtores de carne vermelha do planeta com perspectivas de um aumento muito grande na produtividade para os próximos anos. Para isso, serão necessários investimentos em tecnologias para melhorar a eficiência dos sistemas de produção atual.
Nos últimos anos, a terminação em confinamento vem crescendo e é um dos motivos que levaram o país a conquistar destaque na pecuária mundial. Com isso, surge também a necessidade de melhorar as condições de manejo e a adequação das dietas para confinamento. Pois elas têm papel fundamental neste novo cenário.
A terminação de bovinos em confinamento surgiu como estratégia para viabilizar a compra de animais durante o período de safra e realizar sua revenda durante a entressafra e ajudou a superar as dificuldades associadas à estacionalidade das forrageiras, liberando áreas de pasto para outras categorias.
Além disso, terminar animais em confinamento viabilizou o abate de animais mais pesados e principalmente elevou o retorno sobre o capital investido por flexibilizar a comercialização de animais em todos os períodos do ano.
Apesar das vantagens animadoras, a produção de bovinos em sistemas confinados é direcionada pelo preço dos principais insumos – milho e farelo de soja –, os quais representam cerca de 70% dos custos de produção e da arroba do boi gordo, sendo esses, os principais gargalos da atividade.
Em função destas características, é muito importante que não haja desperdício de alimentos. Do mesmo modo, todas as necessidades nutricionais dos animais precisam ser supridas. Por isso, a formulação de dietas balanceadas para bovinos terminados em confinamento é uma grande aliada do produtor que busca ao final do ciclo de produção obter animais pesados e que terão excelentes rendimentos de carcaça.
Uma ração balanceada é aquela que fornece alimentos de alta qualidade com a quantidade necessária de nutrientes que irão prover ao animal um nível ideal de produção diária.
As dietas para confinamento utilizam em grande parte grãos, cereais processados (moagem, laminação, floculação), e uma baixa inclusão de alimentos volumosos, essenciais para manutenção da saúde do rúmen e diminuição das desordens digestivas, principalmente a acidose.
Parece complicado assimilar tantas informações a respeito desse assunto. E na verdade é preciso ter conhecimento sobre as exigências nutricionais dos animais e características nutricionais dos alimentos disponíveis para que se consiga obter uma dieta balanceada.
Bovinos mantidos em confinamento apresentam apenas exigências de mantença e ganho de peso. A exigência de mantença é igual para todos os animais e variam em função do tamanho e do peso vivo de cada animal.
Já as exigências de ganho de peso dependem das taxas desejadas de ganho médio diário estabelecidas pelo confinador. Utilizando como exemplo, um animal da raça Nelore pesando 400 kg de peso vivo tem exigência de energia para ganho de peso de 4,96 Mcal/GPCVZ (ganho de peso de corpo vazio).
Para alcançar um desempenho produtivo desejável como descrito anteriormente, os ruminantes necessitam de água, proteína, energia, minerais e vitaminas. Esses nutrientes são retirados dos alimentos que são fornecidos aos animais diariamente e geralmente em confinamento, na forma de dieta completa.
Os alimentos concentrados são aqueles que têm a maior inclusão nas dietas de terminação em confinamento. Nesse sentido, utiliza-se o milho como fonte de energia e o farelo de soja como a principal fonte de proteína. Outros alimentos podem fazer parte da fração concentrada da dieta como o caroço de algodão, a casca de soja e a polpa cítrica. O que realmente importa é saber como manipular devidamente esses alimentos, para que forneçam a quantidade ideal de nutrientes aos animais.
Nos últimos anos, os pecuaristas vêm oferecendo quantidades elevadas de concentrado, tais como 1,8% do peso vivo. Ou seja, um animal em terminação pesando 450 kg come cerca de 8 kg de concentrado por dia. Essas formulações devem conter aditivos e tamponantes para tentar diminuir os riscos de distúrbios metabólicos.
Apesar disso, dietas de terminação, mesmo sendo estrategicamente balanceadas, são bastante desafiadoras ao rúmen dos bovinos e não é incomum o aparecimento de doenças metabólicas. Por isso, é importante incluir na formulação, níveis mínimos de fibra que irão promover salivação e ruminação e que irão ajudar a equilibrar o pH do rúmen para evitar que esses problemas aconteçam. É possível conseguir bons resultados quando alimentos como feno de tifton, silagem de milho ou até bagaço de cana são incluídos na formulação da dieta.
Animais em terminação são menos eficientes que outras categorias. Isso acontece porque o ganho de peso nessa fase se resume a deposição de gordura e pouca ou inexistente deposição muscular.
Qualquer estratégia nutricional que leve os animais a perderem peso nessa fase resulta em um prejuízo enorme. Por isso, deve-se procurar fornecer sempre níveis crescentes de nutrientes aos animais. Pois por vezes, não é possível recuperar o peso até o momento do abate.
Mas como é possível reunir todas essas informações para se chegar a uma dieta para confinamento ideal?
Primeiramente é preciso conhecer o animal para o qual está sendo feita a formulação. As exigências nutricionais variam bastante entre zebuínos e taurinos. Após isso, conhecer os alimentos disponíveis.
Mas não se preocupe, todas essas informações já foram extensivamente estudadas e já se encontram disponíveis em tabelas de exigências nutricionais e de composição dos alimentos. Essas tabelas podem ser exploradas por formuladores de dietas para se produzir animais eficientes (relação entre quantidade consumida de alimentos e número de arrobas produzidas).
Apesar destas tabelas serem ferramentas importantes para a formulação das dietas, recomenda-se a realização de análises bromatológicas dos alimentos em laboratórios especializados.
É interessante em toda essa história, que a terminação de bovinos em confinamento otimiza o sistema de produção e traz diversas outras vantagens, tanto ao pecuarista como para o consumidor.
Acertar na formulação da dieta é ponto chave para entregar animais mais pesados e, consequentemente, com melhor deposição de gordura.
Para o produtor isso ajuda na comercialização dos seus animais e irá ajudá-lo a alcançar melhores preços de venda ao longo do tempo, que trará como principal resultado, o sucesso nos negócios.
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