Índice
Introdução
Atualmente, a soja (Glycine max) é a cultura agrícola mais importante do país. A produção nacional é responsável pelo abastecimento do mercado interno, atuando em variados setores como indústria alimentícia, produção de óleo vegetal, biocombustíveis e dietas animais, além de contribuir fortemente com o mercado externo, que representa uma excelente e crescente oportunidade de negócios para o país (CONTINI et al., 2018). De acordo com Dall ́ Agnol (2016), no contexto mundial, o Brasil possui significativa participação na oferta e na demanda de produtos do complexo agroindustrial da soja. Essa participação une-se à responsabilidade social de se alimentar a crescente população de nosso planeta e com isso, a maior demanda por alimentos.
Desta forma, e pensando-se também no ganho econômico advindo da cultura, tem-se que o cuidado com todas as etapas de produção do grão são de extrema importância. Nesse aspecto, coloca-se que a adubação representa grande parte do sucesso ou insucesso da cultura, por isso, é necessário que a mesma seja realizada de forma assertiva para obtenção de bons resultados.
Dentre os principais fatores que influenciam na produtividade da soja, destacam-se:
- Clima;
- Fertilidade;
- Genética;
- Manejo.
Questões climáticas não podem, em grande parte, serem alteradas, com exceção de casos como adoção de irrigação e suplementação luminosa, ambos aspectos ainda bem limitados em contexto nacional. A questão genética deve ser definida anteriormente à instalação da cultura e após esse fato, também não será possível a intervenção a favor do agricultor. Restam assim, as decisões de manejo e fertilidade do solo sob responsabilidade do agricultor.
A fertilidade do solo é um dos aspectos de maior impacto na produção e está sempre associada ao manejo adotado pela propriedade. Ambos, portanto, devem ser realizados com máximo cuidado para que os nutrientes que a planta necessita sejam fornecidos no momento certo e de forma correta, facilitando sua absorção e incorporação em seu ciclo.

Nutrientes são definidos como elementos essenciais para que o processo de crescimento e desenvolvimento de um ser vivo ocorra, eles são passíveis de serem absorvidos pelas estruturas das plantas, para posteriormente serem utilizados em seu metabolismo. A disponibilização desses nutrientes ocorre tanto de maneira natural através de reações de disponibilização quanto por ação antrópica, visando a suplementação dos mesmos, quando necessário.
Os elementos essenciais podem ser divididos em macro e micronutrientes. Os macronutrientes são aqueles que são exigidos em maiores concentrações pelas plantas, enquanto os micronutrientes são exigidos em menor concentração, porém todos são elementos essenciais indispensáveis para que o vegetal complete seu ciclo (FAQUIN, 2005).

Dessa forma, para desenvolvimento de uma agricultura viável e sustentável é de grande importância que fatores de manejo que envolverão plantio direto, rotação de culturas, mínimo revolvimento do solo, utilização de plantas de cobertura etc, sejam unidos à aplicação correta de fertilizantes para se alcançar uma alta produtividade em sua lavoura.
Para isso, veja abaixo as principais recomendações a se considerar nesse processo.
Práticas Corretivas
As práticas corretivas visam melhorar o ambiente edáfico nos quais as plantas se desenvolvem. Deste modo, para melhorar o aproveitamento da aplicação dos fertilizantes no solo, deve-se atentar a todos os fatores que necessitam ser corrigidos anteriormente da aplicação dos mesmos, seja para adequar o pH, aumentar a disponibilização de macro e micronutrientes além de reduzir a atividade dos elementos tóxicos. Ao corrigir o solo de forma adequada, garante-se indiretamente uma melhor distribuição das raízes, além de selecionar os organismos benéficos, em detrimento daqueles que podem causar problemas às culturas (QUAGGIO, 2000).
Dentre as práticas corretivas, temos a calagem, gessagem, fosfatagem e potassagem.

Calagem
A calagem é uma prática indispensável para a obtenção de altas produtividades em solos ácidos tropicais (PEARSON, 1975). Sua importância deve-se aos seus efeitos sobre a neutralização da acidez do solo, ao aumento do pH (RAIJ et al., 1977), à redução do alumínio tóxico (MASCARENHAS et al., 1984), ao aumento da absorção de nitrogênio, fósforo, potássio e enxofre (QUAGGIO et al., 1993), ou ainda pelo fato de fornecer cálcio e magnésio como nutrientes (MASCARENHAS et al., 1976). Além disso, a calagem promove um aumento da saturação de bases do solo (V%), elevando assim o teor de nutrientes retidos nos coloides do solo.
Para soja, recomenda-se calagem pelos seguintes critérios:
✓ Teores de Ca e Mg < 30 mmolc.dm-3; (camada 20 – 40)
✓ V% menor que 60;
Cálculos da necessidade de calagem:
O cálculo da necessidade de calagem pode ser realizado de duas maneiras, sendo elas a partir do valor do V% ou o teor de Ca e Mg. A escolha de qual utilizar dependerá do resultado de ambas, sendo que será utilizado a que atingir maior valor.
- Método de cálculo de acordo com V%
Neste método de cálculo da necessidade de calagem (NC) será calculada a dose necessária em cada profundidade (0 – 20) e (20 – 40) e, ao fim, realizar a somatória dos dois valores.

Em que:
NC = Necessidade de calagem (t ha⁻¹)
V₂ = Saturação por bases almejada (60%)
V₁ = Saturação por bases atual do solo (%)
CTC = Capacidade de Troca de Cátions em mmolc dm⁻³ [0 – 20 cm]
PRNT = Poder relativo de neutralização total do corretivo (90%)
- Método de cálculo de acordo com teores de Ca e Mg
Neste método, o cálculo está baseado nos teores de Cálcio e Magnésio presentes no solo. Almeja-se, desta forma, elevar o teor da somatória destes dois nutrientes a 30, de acordo com a seguinte fórmula:

Em que:
NC = Necessidade de calagem (t ha⁻¹)
Ca = Teor de cálcio no solo dado pela análise [mmolc dm⁻³]
Mg = Teor de magnésio no solo dado pela análise [mmolc dm⁻³]
PRNT = Poder relativo de neutralização total do corretivo (90%)

Gessagem
Os solos tropicais apresentam problemas com acidez subsuperficial e a incorporação profunda do calcário não é suficiente para controlar essas condições, por isso, recomenda-se a gessagem. A gessagem atua na correção dos solos de subsuperfície aumentando o teor de Cálcio e Enxofre e reagindo com o Al3+, deixando-o em uma forma não tóxica às plantas. Com a aplicação, diminui-se a toxidez causada pelo alumínio e, com isso, há maior desenvolvimento radicular nas camadas mais profundas e, consequentemente, maior absorção de nutrientes.
Cálculos da necessidade de gessagem:
Há diversas fórmulas para recomendação da dose de gesso, dentre elas, pode- se utilizar o teor de argila, conforme mostrado a seguir (SOUZA; LOBATO, 1992 apud CHINELATO, 2018):
NG = 5 x teor de argila (g.kg−1) ou NG = 50 x teor de argila (%)
Textura do Solo | Dose de Gesso Agrícola (kg.ha-1) |
Arenosa (<15% de argila) | 700 |
Média (16% a 35% de argila) | 1.200 |
Argilosa (36% a 60% de argila) | 2.200 |
Muito Argilosa (>60% de argila) | 3.200 |
Caso a saturação por bases em subsuperfície esteja abaixo do necessário para a cultura, pode-se calcular a dose de gesso com base nela, conforme a fórmula a seguir (VITTI et al., 2004 apud CHINELATO, 2018).

Em que:
NG = Necessidade de gesso (t.ha-1);
V2 = Saturação por bases desejada (%);
V1 = Saturação por bases atual na camada 20 – 40 cm (%);
CTC = Capacidade de troca catiônica na camada de 20 – 40 cm (mmolc.dm-3).

Fosfatagem
O fósforo tem alto poder de fixação nos coloides, devido a isso, pequena porção do nutriente fica disponível à planta. A fosfatagem tem por objetivo fornecer fósforo ao solo para ocupar os sítios de adsorção que estão livres, favorecendo assim, o aproveitamento da fonte solúvel, que será aplicada posteriormente.
Cálculos da necessidade de fosfatagem:
A dose de fostatagem (P2O5) deve ser calculada de acordo com a seguinte fórmula:

Para definir o nível crítico de P no solo e a capacidade tampão deve-se consultar a tabela abaixo:
Teor de argila | Nível crítico de P | Capacidade tampão de P (CTP) |
% | mg.dm-3 | (kg P2O5.ha-1)/(mg.dm-3 de P) |
<15 | 20 | 5 |
16-35 | 20 | 10 |
35-60 | 20 | 15 |
>60 | 20 | 20 |

Adubação Corretiva de Potássio ou Potassagem
A adubação corretiva de potássio visa elevar o teor de K no solo para níveis adequados para que, posteriormente, a planta realize melhor aproveitamento do fertilizante aplicado.
Cálculos da necessidade de potássio:
Assim como ocorre na calagem e gessagem, a necessidade de fertilizante a ser utilizado pode ser calculada por dois métodos. A escolha de qual modo usar dependerá dos resultados, sendo adotado aquele que obter uma dosagem maior.
- Método de saturação por potássio
O primeiro cálculo para definição de dose de potássio leva em conta o teor de K no solo na camada 0 – 20 e a CTC do solo. A fórmula é a seguinte:

* Os valores de CTC e K devem ser apresentados em cmolc dm-3.
- Método por nível crítico de K
Essa fórmula, como demonstrado pelo próprio nome, leva em conta o teor crítico de K no solo, visando elevá-lo. A fórmula para cálculo é a seguinte:

* Os valores de K devem ser apresentados em cmolc dm-3.
Exigências Nutricionais da Soja e Recomendação por Exportação
A fertilidade do solo é um dos fatores mais importantes para qualquer cultura de interesse agronômico. A soja, assim como outras leguminosas, possui uma alta demanda por nutrientes e por água, mas, em um manejo adequado, pode ser autossuficiente no quesito de nitrogênio. A tabela a seguir apresenta a extração e exportação de nutrientes de um cultivar de crescimento indeterminado de soja:

Fonte: Adaptada de Oliveira Júnior et al. (2014).

Fonte: Embrapa – Soja 2000; Altman Et Pavinato, 2001.

Fonte: EMBRAPA. (2008).

Fonte: Embrapa (2008).
Como pode-se observar nas tabelas acima, a extração e exportação da cultura irá variar conforme condições genéticas do cultivar e condições do solo, por isso, é necessário utilizar uma tabela de extração que represente bem as condições de sua lavoura. Para calcular a dose a ser aplicada utilizamos o cálculo:
Dose = produtividade esperada x extração de nutrientes pelos grãos
Como forma de exemplificar o cálculo a ser feito para recomendação de doses de N, P2O5 e K2O, utilizando aos dados da tabela 5, para produção de 4,5 t de soja, temos:
- Dose de N = 4,5 (produtividade esperada) x 51 (exportação) = 230 kg
- Dose de P2O5 = 4,5 (produtividade esperada) x 10 (exportação) = 45 kg
- Dose de K2O = 4,5 (produtividade esperada) x 20 (exportação) = 90 kg
Os resultados acima representam quanto a planta retirou do solo, porém, a eficiência dos fertilizantes não é relativa a 100%, por isso, é necessária a aplicação de uma dose superior. Esse resultado deverá ser ajustado de acordo com o fator de eficiência (F) de cada nutriente. Porém, para definir este fator, vários pontos devem ser considerados, como por exemplo, nutriente em questão e fonte que será utilizada. Para definição exata do fator a se utilizar, deve-se analisar cada situação separadamente. De maneira simplificada, a tabela abaixo representa o fator F para alguns nutrientes.

A tabela abaixo representa outros exemplos de extração e exportação de nutrientes por algumas variedades de soja, levando-se em conta a produtividade que foi obtida:

Fases de desenvolvimento e relação com nutrientes
A atenção aos estágios de desenvolvimento das plantas, divididos em estádios fenológicos, é fundamental para que se conheça o momento em que a planta mais exige determinado nutriente, garantindo assim, uma boa nutrição durante todo seu ciclo.

Segundo Vitti, (s.d.), as adubações devem ser realizadas nas épocas de maior exigência de acordo com a cultura, além de sempre considerar a dinâmica do nutriente no solo e na planta. Os gráficos abaixo representam as marchas de absorção dos macronutrientes na cultura, segundo dados da Embrapa:






Dados de extração dos micronutrientes e definição detalhada dos estádios fenológicos podem ser consultados através do link:https://www.embrapa.br/busca-de-publicacoes/-/publicacao/1047123/estadios-fenologicos-e-marcha-de-absorcao-de-nutrientes-da-soja.
Uma das formas de analisar se a planta está com todos os nutrientes nos teores adequados para uma boa produtividade se dá pela análise foliar. A época e a forma de fazer essas análises variam por cultura: para a soja, recomenda-se retirar o terceiro trifólio totalmente expandido contado a partir do ápice da planta, no início do florescimento. Para uma amostragem correta, recomenda-se analisar pelo menos 30 plantas por talhão.
A análise visual também auxilia na detecção de problemas nutricionais na planta. Para isso, é necessário entender qual sintoma está relacionado a cada nutriente, a tabela abaixo resume estes pontos:
Nutriente | Sintoma de deficiência | Importância nutricional |
Nitrogênio | – Amarelecimento das folhas velhas. – Morte prematura de folhas e/ou plantas. – Vagens pequenas. – Grãos leves. – Tombamento de plantas. | – Está associado ao crescimento vegetativo das plantas. – Participa ativamente da fotossíntese. – Participa da síntese de proteínas. – Aumenta peso (densidade de grãos). – Aumenta porcentagem de óleo. |
Fósforo | – Coloração verde escura ou arroxeada das folhas novas. – Vagens frágeis e finas. – Dificulta absorção de N e K. | – Estimula o desenvolvimento das raízes. – Aumenta o teor de proteínas nos grãos. – Atua na fotossíntese e respiração. – Participa no processo de transferência de energia e no enchimento de grãos. |
Potássio | – Margens das folhas inferiores (velhas) amareladas, alaranjadas ou bronzeada. – Manchas marrons pela planta. – Clorose internerval amarelada. | – É responsável pelo uso eficiente da água (regula abertura e fechamento de estômatos). – Aumenta a resistência das plantas ao acamamento. – Aumenta a tolerância a pragas e doenças. |
Cálcio | – Clorose nas folhas novas. – Redução do crescimento radicular. – Senescência prematura e pontos marrons pela planta. – Diminuição do crescimento em áreas meristemáticas. | – É essencial para o crescimento e aprofundamento das raízes. – Vital para a germinação do grão de pólen. – Faz parte da parede celular dos tecidos vegetais. |
Magnésio | – Folhas inferiores (velhas) com clorose internerval. – Crescimento reduzido da planta. – Problemas na fixação biológica de N. | – É essencial para a fotossíntese. – É componente da clorofila (pigmento participante ativo do processo fotossintético). – Auxilia na absorção de fósforo. |
Enxofre | – Amarelecimento das folhas novas. – Crescimento reduzido da planta. – Diminuição de absorção de N. | – Participa na composição das proteínas. – Auxilia na síntese de enzimas e vitaminas. – Participa na formação dos grãos. |
Boro | – Folhas avermelhadas ao final do ciclo. – Plantas menores e contorcidas. – Manchas amarelas em folhas superiores. | – Atua no processo de divisão celular. – Auxilia no transporte de carboidratos. – Participa na formação dos grãos. – Importante para a germinação das sementes. |
Zinco | – Folhas com clorose internerval e pontos necróticos. – Crescimento reduzido da planta. – Encurtamento dos internódios. | – Participa no crescimento das plantas. – É ativador de inúmeras enzimas. – Participa na formação dos grãos. |
Manganês | – Clorose internerval nas folhas novas (sintomas semelhantes à deficiência de magnésio). – Menor crescimento das plantas. | – Atua no sistema enzimático. – Tem ação relevante na fotossíntese. – Acelera a germinação da semente. – Favorece a maturação das plantas. – Favorece reversão de “Yellow Flashing”. |
Cobalto e Molibdênio | – Diminuição da fixação biológica de N. – Clorose em margens foliares e necrose internerval. | – Auxiliam na fixação biológica de N. – Mais importantes nas culturas de leguminosas. – Formam enzimas e vitaminas essenciais às plantas. |
Adubação N-P-K
Fixação biológica – N
A soja é uma planta autossuficiente quando se trata de adubação nitrogenada, devido à sua capacidade de possuir simbiose com organismos capazes de fixar nitrogênio da atmosfera. Desta forma, é importante ressaltar que, para a simbiose ocorrer, é necessário que o ambiente radicular esteja propício à infecção pelas bactérias, além do solo possuir essas bactérias em quantidades adequadas. O processo de adicionar as bactérias fixadoras de N ao solo é denominado de inoculação.
Segundo Câmara (2019) a fixação biológica de N pode garantir à cultura de 250 a 375 kg.ha-1 de nitrogênio, que representa cerca de 75% do N total requerido pela cultura. O restante, ainda segundo Câmara, provém da matéria orgânica do solo e também da fixação proporcionada por descargas elétricas, que representam até 40 kg.ha-1 de nitrogênio por ano.
Porém, para que a FBN ocorra de maneira correta alcançando seu máximo potencial é necessária a presença de outros nutrientes. Segundo Câmara ([20–?]), tanto macro quanto micronutrientes podem influenciar na melhor nodulação e maior fornecimento de N às plantas. Suas especificidades estão reportadas a seguir:
- Fósforo (P): fornecimento de ATP para os processos da FBN, como a nitrogenase;
- Cálcio (Ca): crescimento radicular;
- Potássio (K): translocação e regulação osmótica;
- Magnésio (Mg): clorofila e fotossíntese;
- Enxofre (S): formação de nódulos e grupos Fe – S;
- Ferro (Fe): transporte de elétrons e composição da leghemoglobina;
- Cobalto (Co): cobalamina, formadora da vitamina B12 que é importante na formação da leghemoglobina;
- Níquel (Ni): urease e hidrogenase;
- Boro (B): divisão celular;
- Zinco (Zn): síntese de leghemoglobina;
- Molibdênio (Mo): nitrogenase, constituinte da molibdato – ferro – proteína;
- Cobre (Cu): ativador enzimático.
O fornecimento desses elementos dependerá especificamente do nutriente em questão e do manejo adotado pelo agricultor, mas no geral são adicionados ao sistema através das práticas corretivas, tratamento de sementes, adubação de plantio e adubação foliar.

Além dos pontos relacionados à inoculação eficiente e realizada de maneira correta, boa nutrição das plantas e fornecimento dos nutrientes necessários à nodulação, a coinoculação com Azospirillum brasiliensi é um terceiro fator relacionado ao tema, com relação direta no sucesso e contribuindo para melhores resultados da fixação biológica de N.
Adubação de plantio – P
A disponibilidade de fósforo no solo deve ser corrigida pela fosfatagem, após essa ação os valores ficarão adequados para receber a adubação fosfatada. A recomendação de dose será calculada pela exportação da cultura, como já explicado, ou por meio das recomendações técnicas dos boletins. Recomenda-se que o produto seja aplicado na linha de plantio da cultura em busca de se aumentar a eficiência do fertilizante fosfatado, visto que o fósforo é um nutriente com alto poder de fixação. Diminuindo-se a área de contato, diminuirá a retenção e aumentará o teor de P2O5 disponível à planta.
Junto ao fósforo recomenda-se a aplicação de 1 kg de boro e 2 kg de zinco na operação de adubação no sulco de plantio.
Adubação em área total – Potássio
A disponibilidade de potássio deve ser corrigida anteriormente por meio da potassagem, como já explicado anteriormente, após essa ação os valores ficarão adequados para receber esta adubação. A recomendação de dose é calculada de acordo com a exportação da cultura, que varia em média, de 20 a 24 kg.ha-1 de K2O por tonelada de soja que se deseja produzir. Como fonte de potássio indica-se o uso de KCl, esse produto apresenta garantia de 60% e é o mais utilizado na agricultura. Nesta operação recomenda-se também a aplicação de 1,5 kg de boro junto à aplicação do fertilizante potássico.
Adubação Ca, Mg e S
O fornecimento destes macronutrientes secundários, geralmente, já está associado ao uso dos corretivos do solo, em que, por meio da calagem será fornecido Ca e Mg para a cultura e através da gessagem o fornecimento de S.
No caso do S, pode ser requerida a complementação por meio de uma aplicação extra de alguma fonte de enxofre. A recomendação, assim como dos demais nutrientes, baseia-se na extração da cultura. Para a soja utiliza-se um valor médio de 5 a 7 kg/ha para cada tonelada de grão produzida.
Recomendação com base em boletins
A recomendação de adubação por meio das extrações de nutrientes pela planta é apenas um dos meios disponíveis para se fazer uma boa adubação. Outro meio disponível é a recomendação com base nos boletins de adubação de cada região. Por meio deles será possível interpretar os níveis de fertilidade de seu solo e com isso definir em qual faixa o mesmo se encontra. Unindo-se essa informação com a produtividade esperada será possível definir a quantidade de fertilizante a ser utilizada em sua lavoura. É importante lembrar que cada região tem seus métodos de análises e, por isso, seus boletins regionais. Utilize o mais adequado para sua localidade.
O boletim 100 e o Boletim Cerrado são alguns dos mais utilizados no Brasil, eles estão disponíveis para consulta e download nos respectivos links:
e
Demais boletins, como por exemplo, Boletim Paraná não estão disponíveis na versão web, para seu uso é necessário adquirir a versão impressa do mesmo.
Adubação micronutrientes
A aplicação de micronutrientes é essencial para se atingir altas produtividades na cultura. Dentre os micronutrientes, recomenda-se, segundo a EMBRAPA a aplicação de 1 a 2 kg ha-1 de boro; de 4,0 a 6,0 kg ha-1 de zinco; de 2,5 a 6,0 kg ha-1 de manganês e de 0,5 a 2,0 kg ha-1 de cobre via solo. Esta adubação pode ser complementada através da adubação foliar.
A adubação foliar está, na maioria das vezes, associada ao complemento (quando parte já foi adicionada ao tratamento de sementes ou ao fertilizante utilizado no plantio ou cobertura) ou à aplicação total para suprimento de determinado micronutriente demandado pela cultura.
É importante se atentar às doses recomendadas, às fontes que serão utilizadas e ao período ideal de aplicação dos mesmos para evitar problemas de toxidez que podem ser causados. A tabela abaixo apresenta uma recomendação de aplicação foliar de micronutrientes e complementação de P para a cultura da soja, feita pelo Dr. Godofredo César Vitti:

Conclusão
Conforme visto, é imprescindível que os nutrientes estejam presentes no cultivo de forma correta, com boa disponibilidade no solo, em quantidades adequadas e fornecidas no momento correto para que a cultura exerça seu potencial produtivo. Tudo isso aliado a boas práticas de manejo do solo. Assim, a adubação, e no caso da soja, a inoculação são processos fundamentais para que a cultura alcance bons patamares produtivos, e um bom retorno financeiro ao produtor.
Caso tenha interesse em se aprofundar mais no tema acesse outros posts já publicados a respeito de conteúdos complementares a este texto, como “Práticas corretivas para a cultura da soja”. Em breve também lançaremos o tema: “Adubação para altas produtividades de pastagens”, fiquem ligados!

Site: www.gape-esalq.com.br Telefone: (19) 3417-2138. e-mail: gape.usp@gmail.com Instagram: @gape.esalq
>> As práticas corretivas (calagem, gessagem e fosfatagem) e adubação corretiva com potássio melhoram o ambiente, visando a correção do perfil do solo, para aumento na absorção de água e de nutrientes na cultura da soja. Acesse o artigo “Práticas corretivas para a Cultura da Soja” e saiba mais a respeito das principais práticas corretivas para a cultura da soja!
>> A adubação fluida é uma modalidade de adubação que apresenta diversas vantagens para os produtores rurais e futuro promissor no contexto da agricultura nacional, sendo cada vez mais adotada. Assim, para saber mais a respeito de adubação fluida, acesse o artigo “Fertilizantes Fluidos”!
>> A dessecação da soja é uma interferência essencial na cultura para casos em que a colheita deve ser antecipada, tanto para garantir a qualidade do grão e ter uma homogeneidade na colheita, quanto para poder realizar o plantio da segunda safra com uma melhor janela de chuvas. Acesse o artigo “Dessecação da Soja: qual o melhor momento” e aprenda um pouco mais sobre este processo!
>> As práticas corretivas têm por objetivo melhorar o ambiente edáfico ao desenvolvimento de plantas. Além disso, são capazes de fornecer nutrientes, aumentar a disponibilidade destes e a eficiência de futuras adubações. Acesse o artigo “Práticas Corretivas em Pastagens” para saber mais sobre as diferentes práticas corretivas realizadas em pastagens!
>> Quer saber mais sobre Mercado Futuro? Leia o artigo “Mercado Futuro do Boi Gordo e Commodities: 7 cuidados básicos” do Alberto Pessina.
>> Leia mais em: “Por que devo saber o meu custo?”. Onde Alberto Pessina responde as principais dúvidas sobre gestão de custos.
>> Leia mais entrevistas em: “Margem Bruta e Eficiência Comercial”. Onde Alberto Pessina explica sobre Margem Bruta e Eficiência Comercial.
>> Leia mais entrevistas em: “Como melhorar os resultados da empresa rural?”. Onde Alberto Pessina explica que precisamos analisar uma série de fatores que influenciam na produtividade e rentabilidade do negócio para atingir bons resultados. E é fundamental se ter uma boa gestão das atividades da propriedade rural.

Referências
CAMARA, Gil. SOJA: INOCULAÇÃO e COINOCULAÇÃO Agroadvance, [S. l.], p. 1-49, 14 ago. 2019.
FAQUIN, Valdemar. Nutrição mineral de plantas. 2005.
QUAGGIO, José Antonio. Acidez e calagem em solos tropicais. Instituto Agronômico, 2000.
VITTI, Godofredo Cesar; SGARBIERO, Eduardo. NUTRIÇÃO E ADUBAÇÃO DE SOJA E MILHO. Piracicaba: Esalq, [s.d ]. 268 slides, color, 25 x 20.