Plantação de soja

Introdução

Atualmente, a soja (Glycine max) é a cultura agrícola mais importante do país. A produção nacional é responsável pelo abastecimento do mercado interno, atuando em variados setores como indústria alimentícia, produção de óleo vegetal, biocombustíveis e dietas animais, além de contribuir fortemente com o mercado externo, que representa uma excelente e crescente oportunidade de negócios para o país (CONTINI et al., 2018). De acordo com Dall ́ Agnol (2016), no contexto mundial, o Brasil possui significativa participação na oferta e na demanda de produtos do complexo agroindustrial da soja. Essa participação une-se à responsabilidade social de se alimentar a crescente população de nosso planeta e com isso, a maior demanda por alimentos.

Desta forma, e pensando-se também no ganho econômico advindo da cultura, tem-se que o cuidado com todas as etapas de produção do grão são de extrema importância. Nesse aspecto, coloca-se que a adubação representa grande parte do sucesso ou insucesso da cultura, por isso, é necessário que a mesma seja realizada de forma assertiva para obtenção de bons resultados.

Dentre os principais fatores que influenciam na produtividade da soja, destacam-se:

  • Clima;
  • Fertilidade;
  • Genética;
  • Manejo.

Questões climáticas não podem, em grande parte, serem alteradas, com exceção de casos como adoção de irrigação e suplementação luminosa, ambos aspectos ainda bem limitados em contexto nacional. A questão genética deve ser definida anteriormente à instalação da cultura e após esse fato, também não será possível a intervenção a favor do agricultor. Restam assim, as decisões de manejo e fertilidade do solo sob responsabilidade do agricultor.

A fertilidade do solo é um dos aspectos de maior impacto na produção e está sempre associada ao manejo adotado pela propriedade. Ambos, portanto, devem ser realizados com máximo cuidado para que os nutrientes que a planta necessita sejam fornecidos no momento certo e de forma correta, facilitando sua absorção e incorporação em seu ciclo.

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Cenários Pecuária e Grãos – Agromove.

Nutrientes são definidos como elementos essenciais para que o processo de crescimento e desenvolvimento de um ser vivo ocorra, eles são passíveis de serem absorvidos pelas estruturas das plantas, para posteriormente serem utilizados em seu metabolismo. A disponibilização desses nutrientes ocorre tanto de maneira natural através de reações de disponibilização quanto por ação antrópica, visando a suplementação dos mesmos, quando necessário.

Os elementos essenciais podem ser divididos em macro e micronutrientes. Os macronutrientes são aqueles que são exigidos em maiores concentrações pelas plantas, enquanto os micronutrientes são exigidos em menor concentração, porém todos são elementos essenciais indispensáveis para que o vegetal complete seu ciclo (FAQUIN, 2005).

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Dessa forma, para desenvolvimento de uma agricultura viável e sustentável é de grande importância que fatores de manejo que envolverão plantio direto, rotação de culturas, mínimo revolvimento do solo, utilização de plantas de cobertura etc, sejam unidos à aplicação correta de fertilizantes para se alcançar uma alta produtividade em sua lavoura.

Para isso, veja abaixo as principais recomendações a se considerar nesse processo.

Práticas Corretivas

As práticas corretivas visam melhorar o ambiente edáfico nos quais as plantas se desenvolvem. Deste modo, para melhorar o aproveitamento da aplicação dos fertilizantes no solo, deve-se atentar a todos os fatores que necessitam ser corrigidos anteriormente da aplicação dos mesmos, seja para adequar o pH, aumentar a disponibilização de macro e micronutrientes além de reduzir a atividade dos elementos tóxicos. Ao corrigir o solo de forma adequada, garante-se indiretamente uma melhor distribuição das raízes, além de selecionar os organismos benéficos, em detrimento daqueles que podem causar problemas às culturas (QUAGGIO, 2000).

Dentre as práticas corretivas, temos a calagem, gessagem, fosfatagem e potassagem.

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Calagem

A calagem é uma prática indispensável para a obtenção de altas produtividades em solos ácidos tropicais (PEARSON, 1975). Sua importância deve-se aos seus efeitos sobre a neutralização da acidez do solo, ao aumento do pH (RAIJ et al., 1977), à redução do alumínio tóxico (MASCARENHAS et al., 1984), ao aumento da absorção de nitrogênio, fósforo, potássio e enxofre (QUAGGIO et al., 1993), ou ainda pelo fato de fornecer cálcio e magnésio como nutrientes (MASCARENHAS et al., 1976). Além disso, a calagem promove um aumento da saturação de bases do solo (V%), elevando assim o teor de nutrientes retidos nos coloides do solo.

Para soja, recomenda-se calagem pelos seguintes critérios:

✓ Teores de Ca e Mg < 30 mmolc.dm-3; (camada 20 – 40)

✓ V% menor que 60;

Cálculos da necessidade de calagem:

O cálculo da necessidade de calagem pode ser realizado de duas maneiras, sendo elas a partir do valor do V% ou o teor de Ca e Mg. A escolha de qual utilizar dependerá do resultado de ambas, sendo que será utilizado a que atingir maior valor.

  • Método de cálculo de acordo com V%

Neste método de cálculo da necessidade de calagem (NC) será calculada a dose necessária em cada profundidade (0 – 20) e (20 – 40) e, ao fim, realizar a somatória dos dois valores.

Necessidade de calagem de acordo com V%.
Necessidade de calagem de acordo com V%.

Em que:

NC = Necessidade de calagem (t ha¹)

V = Saturação por bases almejada (60%)

V = Saturação por bases atual do solo (%)

CTC = Capacidade de Troca de Cátions em mmolc dm⁻³ [0 – 20 cm]

PRNT = Poder relativo de neutralização total do corretivo (90%)

  • Método de cálculo de acordo com teores de Ca e Mg

Neste método, o cálculo está baseado nos teores de Cálcio e Magnésio presentes no solo. Almeja-se, desta forma, elevar o teor da somatória destes dois nutrientes a 30, de acordo com a seguinte fórmula:

Necessidade de calagem de acordo com teores de Ca e Mg.
Necessidade de calagem de acordo com teores de Ca e Mg.

Em que:

NC = Necessidade de calagem (t ha¹)

Ca = Teor de cálcio no solo dado pela análise [mmolc dm³]

Mg = Teor de magnésio no solo dado pela análise [mmolc dm³]

PRNT = Poder relativo de neutralização total do corretivo (90%)

e-book Gesso
e-book Gesso.

Gessagem

Os solos tropicais apresentam problemas com acidez subsuperficial e a incorporação profunda do calcário não é suficiente para controlar essas condições, por isso, recomenda-se a gessagem. A gessagem atua na correção dos solos de subsuperfície aumentando o teor de Cálcio e Enxofre e reagindo com o Al3+, deixando-o em uma forma não tóxica às plantas. Com a aplicação, diminui-se a toxidez causada pelo alumínio e, com isso, há maior desenvolvimento radicular nas camadas mais profundas e, consequentemente, maior absorção de nutrientes.

Cálculos da necessidade de gessagem:

Há diversas fórmulas para recomendação da dose de gesso, dentre elas, pode- se utilizar o teor de argila, conforme mostrado a seguir (SOUZA; LOBATO, 1992 apud CHINELATO, 2018):

NG = 5 x teor de argila (g.kg−1) ou NG = 50 x teor de argila (%)

Textura do SoloDose de Gesso Agrícola (kg.ha-1)
Arenosa (<15% de argila)700
Média (16% a 35% de argila)1.200
Argilosa (36% a 60% de argila)2.200
Muito Argilosa (>60% de argila)3.200
Tabela 1: Recomendação de gessagem em função da classificação textural do solo para culturas anuais. Fonte: Adaptado de Sousa, Lobato e Rein (2005).

Caso a saturação por bases em subsuperfície esteja abaixo do necessário para a cultura, pode-se calcular a dose de gesso com base nela, conforme a fórmula a seguir (VITTI et al., 2004 apud CHINELATO, 2018).

Necessidade de gesso.
Necessidade de gesso.

Em que:

NG = Necessidade de gesso (t.ha-1);

V2 = Saturação por bases desejada (%);

V1 = Saturação por bases atual na camada 20 – 40 cm (%);

CTC = Capacidade de troca catiônica na camada de 20 – 40 cm (mmolc.dm-3).

Plataformas Inteligentes Agromove
Plataformas Inteligentes Agromove.

Fosfatagem

O fósforo tem alto poder de fixação nos coloides, devido a isso, pequena porção do nutriente fica disponível à planta. A fosfatagem tem por objetivo fornecer fósforo ao solo para ocupar os sítios de adsorção que estão livres, favorecendo assim, o aproveitamento da fonte solúvel, que será aplicada posteriormente.

Cálculos da necessidade de fosfatagem:

A dose de fostatagem (P2O5) deve ser calculada de acordo com a seguinte fórmula:

Necessidade de fosfatagem.
Necessidade de fosfatagem.

Para definir o nível crítico de P no solo e a capacidade tampão deve-se consultar a tabela abaixo:

Teor de argilaNível crítico de PCapacidade tampão de P (CTP)
%mg.dm-3(kg P2O5.ha-1)/(mg.dm-3 de P)
<15205
16-352010
35-602015
>602020
Tabela 2: Tabela de nível crítico (sequeiro) e capacidade tampão de fósforo (resina). Fonte: Adaptado de Souza et al., (2006).
Simulador Econômico para Cria, Recria e Engorda - Agromove
Simulador Econômico para Cria, Recria e Engorda – Agromove.

Adubação Corretiva de Potássio ou Potassagem

A adubação corretiva de potássio visa elevar o teor de K no solo para níveis adequados para que, posteriormente, a planta realize melhor aproveitamento do fertilizante aplicado.

Cálculos da necessidade de potássio:

Assim como ocorre na calagem e gessagem, a necessidade de fertilizante a ser utilizado pode ser calculada por dois métodos. A escolha de qual modo usar dependerá dos resultados, sendo adotado aquele que obter uma dosagem maior.

  • Método de saturação por potássio

O primeiro cálculo para definição de dose de potássio leva em conta o teor de K no solo na camada 0 – 20 e a CTC do solo. A fórmula é a seguinte:

Necessidade de potássio.
Necessidade de potássio.

* Os valores de CTC e K devem ser apresentados em cmolc dm-3.

  • Método por nível crítico de K

Essa fórmula, como demonstrado pelo próprio nome, leva em conta o teor crítico de K no solo, visando elevá-lo. A fórmula para cálculo é a seguinte:

Necessidade de potássio por nível crítico de K.
Necessidade de potássio por nível crítico de K.

* Os valores de K devem ser apresentados em cmolc dm-3.

Exigências Nutricionais da Soja e Recomendação por Exportação

A fertilidade do solo é um dos fatores mais importantes para qualquer cultura de interesse agronômico. A soja, assim como outras leguminosas, possui uma alta demanda por nutrientes e por água, mas, em um manejo adequado, pode ser autossuficiente no quesito de nitrogênio. A tabela a seguir apresenta a extração e exportação de nutrientes de um cultivar de crescimento indeterminado de soja:

Tabela 3: Extração e exportação de macronutrientes primários por cultivar de soja com tipo de crescimento indeterminado, em equivalentes de N, P2O5 e K2O. Fonte: Adaptada de Oliveira Júnior et al. (2014).
Tabela 3: Extração e exportação de macronutrientes primários por cultivar de soja com tipo de crescimento indeterminado, em equivalentes de N, P2O5 e K2O.
Fonte: Adaptada de Oliveira Júnior et al. (2014).
Tabela 4: Quantidades médias de micronutrientes exportados pela cultura da soja (grãos).
Fonte: Embrapa – Soja 2000; Altman Et Pavinato, 2001.
Tabela 4: Quantidades médias de micronutrientes exportados pela cultura da soja (grãos).
Fonte: Embrapa – Soja 2000; Altman Et Pavinato, 2001.
Tabela 5: Extração e exportação de nutrientes pela soja. Fonte: EMBRAPA. (2008).
Tabela 5: Extração e exportação de nutrientes pela soja.
Fonte: EMBRAPA. (2008).
Tabela 6: Extração e exportação de micronutrientes pela soja.
Fonte: Embrapa (2008).
Tabela 6: Extração e exportação de micronutrientes pela soja.
Fonte: Embrapa (2008).

Como pode-se observar nas tabelas acima, a extração e exportação da cultura irá variar conforme condições genéticas do cultivar e condições do solo, por isso, é necessário utilizar uma tabela de extração que represente bem as condições de sua lavoura. Para calcular a dose a ser aplicada utilizamos o cálculo:

Dose = produtividade esperada x extração de nutrientes pelos grãos

Como forma de exemplificar o cálculo a ser feito para recomendação de doses de N, P2O5 e K2O, utilizando aos dados da tabela 5, para produção de 4,5 t de soja, temos:

  • Dose de N = 4,5 (produtividade esperada) x 51 (exportação) = 230 kg
  • Dose de P2O5 = 4,5 (produtividade esperada) x 10 (exportação) = 45 kg
  • Dose de K2O = 4,5 (produtividade esperada) x 20 (exportação) = 90 kg

Os resultados acima representam quanto a planta retirou do solo, porém, a eficiência dos fertilizantes não é relativa a 100%, por isso, é necessária a aplicação de uma dose superior. Esse resultado deverá ser ajustado de acordo com o fator de eficiência (F) de cada nutriente. Porém, para definir este fator, vários pontos devem ser considerados, como por exemplo, nutriente em questão e fonte que será utilizada. Para definição exata do fator a se utilizar, deve-se analisar cada situação separadamente. De maneira simplificada, a tabela abaixo representa o fator F para alguns nutrientes.

Tabela 7: Fator F para alguns nutrientes.
Tabela 7: Fator F para alguns nutrientes.

A tabela abaixo representa outros exemplos de extração e exportação de nutrientes por algumas variedades de soja, levando-se em conta a produtividade que foi obtida:

Tabela 8: Extração e exportação de macro e micronutrientes em diferentes cultivares de soja. Fonte: Embrapa.
Tabela 8: Extração e exportação de macro e micronutrientes em diferentes cultivares de soja. Fonte: Embrapa.

Fases de desenvolvimento e relação com nutrientes

A atenção aos estágios de desenvolvimento das plantas, divididos em estádios fenológicos, é fundamental para que se conheça o momento em que a planta mais exige determinado nutriente, garantindo assim, uma boa nutrição durante todo seu ciclo.

Figura 1: Fases de desenvolvimento da soja. Fonte: Disponível em https://www.agro.bayer.com.br/
Figura 1: Fases de desenvolvimento da soja. Fonte: Disponível em https://www.agro.bayer.com.br/

Segundo Vitti, (s.d.), as adubações devem ser realizadas nas épocas de maior exigência de acordo com a cultura, além de sempre considerar a dinâmica do nutriente no solo e na planta. Os gráficos abaixo representam as marchas de absorção dos macronutrientes na cultura, segundo dados da Embrapa:

Dados de extração dos micronutrientes e definição detalhada dos estádios fenológicos podem ser consultados através do link:https://www.embrapa.br/busca-de-publicacoes/-/publicacao/1047123/estadios-fenologicos-e-marcha-de-absorcao-de-nutrientes-da-soja.

Uma das formas de analisar se a planta está com todos os nutrientes nos teores adequados para uma boa produtividade se dá pela análise foliar. A época e a forma de fazer essas análises variam por cultura: para a soja, recomenda-se retirar o terceiro trifólio totalmente expandido contado a partir do ápice da planta, no início do florescimento. Para uma amostragem correta, recomenda-se analisar pelo menos 30 plantas por talhão.

A análise visual também auxilia na detecção de problemas nutricionais na planta. Para isso, é necessário entender qual sintoma está relacionado a cada nutriente, a tabela abaixo resume estes pontos:

NutrienteSintoma de deficiênciaImportância nutricional
Nitrogênio– Amarelecimento das folhas velhas.
– Morte prematura de folhas e/ou plantas.
– Vagens pequenas.
– Grãos leves.
– Tombamento de plantas.
– Está associado ao crescimento vegetativo das plantas.
– Participa ativamente da fotossíntese.
– Participa da síntese de proteínas.
– Aumenta peso (densidade de grãos).
– Aumenta porcentagem de óleo.
Fósforo– Coloração verde escura ou arroxeada das folhas novas.
– Vagens frágeis e finas.
– Dificulta absorção de N e K.
– Estimula o desenvolvimento das raízes.
– Aumenta o teor de proteínas nos grãos.
– Atua na fotossíntese e respiração.
– Participa no processo de transferência de energia e no enchimento de grãos.
Potássio– Margens das folhas inferiores (velhas) amareladas, alaranjadas ou bronzeada.
– Manchas marrons pela planta.
– Clorose internerval amarelada.
– É responsável pelo uso eficiente da água (regula abertura e fechamento de estômatos).
– Aumenta a resistência das plantas ao acamamento.
– Aumenta a tolerância a pragas e doenças.
Cálcio– Clorose nas folhas novas.
– Redução do crescimento radicular.
– Senescência prematura e pontos marrons pela planta.
– Diminuição do crescimento em áreas meristemáticas.
– É essencial para o crescimento e aprofundamento das raízes.
– Vital para a germinação do grão de pólen.
– Faz parte da parede celular dos tecidos vegetais.
Magnésio– Folhas inferiores (velhas) com clorose internerval.
– Crescimento reduzido da planta.
– Problemas na fixação biológica de N.
– É essencial para a fotossíntese.
– É componente da clorofila (pigmento participante ativo do processo fotossintético).
– Auxilia na absorção de fósforo.
Enxofre– Amarelecimento das folhas novas.
– Crescimento reduzido da planta.
– Diminuição de absorção de N.
– Participa na composição das proteínas.
– Auxilia na síntese de enzimas e vitaminas.
– Participa na formação dos grãos.
Boro– Folhas avermelhadas ao final do ciclo.
– Plantas menores e contorcidas.
– Manchas amarelas em folhas superiores.
– Atua no processo de divisão celular.
– Auxilia no transporte de carboidratos.
– Participa na formação dos grãos.
– Importante para a germinação das sementes.
Zinco– Folhas com clorose internerval e pontos necróticos.
– Crescimento reduzido da planta.
– Encurtamento dos internódios.
– Participa no crescimento das plantas.
– É ativador de inúmeras enzimas.
– Participa na formação dos grãos.
Manganês– Clorose internerval nas folhas novas (sintomas semelhantes à deficiência de magnésio).
– Menor crescimento das plantas.
– Atua no sistema enzimático.
– Tem ação relevante na fotossíntese.
– Acelera a germinação da semente.
– Favorece a maturação das plantas.
– Favorece reversão de “Yellow Flashing”.
Cobalto e Molibdênio– Diminuição da fixação biológica de N.
– Clorose em margens foliares e necrose internerval.
– Auxiliam na fixação biológica de N.
– Mais importantes nas culturas de leguminosas.
– Formam enzimas e vitaminas essenciais às plantas.
Tabela 9: Nutrientes, deficiências e importância.

Adubação N-P-K

Fixação biológica – N

A soja é uma planta autossuficiente quando se trata de adubação nitrogenada, devido à sua capacidade de possuir simbiose com organismos capazes de fixar nitrogênio da atmosfera. Desta forma, é importante ressaltar que, para a simbiose ocorrer, é necessário que o ambiente radicular esteja propício à infecção pelas bactérias, além do solo possuir essas bactérias em quantidades adequadas. O processo de adicionar as bactérias fixadoras de N ao solo é denominado de inoculação.

Segundo Câmara (2019) a fixação biológica de N pode garantir à cultura de 250 a 375 kg.ha-1  de nitrogênio, que representa cerca de 75% do N total requerido pela cultura. O restante, ainda segundo Câmara, provém da matéria orgânica do solo e também da fixação proporcionada por descargas elétricas, que representam até 40 kg.ha-1  de nitrogênio por ano.

Porém, para que a FBN ocorra de maneira correta alcançando seu máximo potencial é necessária a presença de outros nutrientes. Segundo Câmara ([20–?]), tanto macro quanto micronutrientes podem influenciar na melhor nodulação e maior fornecimento de N às plantas. Suas especificidades estão reportadas a seguir:

  • Fósforo (P): fornecimento de ATP para os processos da FBN, como a nitrogenase;
  • Cálcio (Ca): crescimento radicular;
  • Potássio (K): translocação e regulação osmótica;
  • Magnésio (Mg): clorofila e fotossíntese;
  • Enxofre (S): formação de nódulos e grupos Fe – S;
  • Ferro (Fe): transporte de elétrons e composição da leghemoglobina;
  • Cobalto (Co): cobalamina, formadora da vitamina B12 que é importante na formação da leghemoglobina;
  • Níquel (Ni): urease e hidrogenase;
  • Boro (B): divisão celular;
  • Zinco (Zn): síntese de leghemoglobina;
  • Molibdênio (Mo): nitrogenase, constituinte da molibdato – ferro – proteína;
  • Cobre (Cu): ativador enzimático.

O fornecimento desses elementos dependerá especificamente do nutriente em questão e do manejo adotado pelo agricultor, mas no geral são adicionados ao sistema através das práticas corretivas, tratamento de sementes, adubação de plantio e adubação foliar.

Figura 2: Variação da nodulação durante o ciclo fenológico da soja. Fonte: Câmara (2014).
Figura 2: Variação da nodulação durante o ciclo fenológico da soja. Fonte: Câmara (2014).

Além dos pontos relacionados à inoculação eficiente e realizada de maneira correta, boa nutrição das plantas e fornecimento dos nutrientes necessários à nodulação, a coinoculação com Azospirillum brasiliensi é um terceiro fator relacionado ao tema, com relação direta no sucesso e contribuindo para melhores resultados da fixação biológica de N.

Adubação de plantio – P

A disponibilidade de fósforo no solo deve ser corrigida pela fosfatagem, após essa ação os valores ficarão adequados para receber a adubação fosfatada. A recomendação de dose será calculada pela exportação da cultura, como já explicado, ou por meio das recomendações técnicas dos boletins. Recomenda-se que o produto seja aplicado na linha de plantio da cultura em busca de se aumentar a eficiência do fertilizante fosfatado, visto que o fósforo é um nutriente com alto poder de fixação. Diminuindo-se a área de contato, diminuirá a retenção e aumentará o teor de P2O5 disponível à planta.

Junto ao fósforo recomenda-se a aplicação de 1 kg de boro e 2 kg de zinco na operação de adubação no sulco de plantio.

Adubação em área total – Potássio

A disponibilidade de potássio deve ser corrigida anteriormente por meio da potassagem, como já explicado anteriormente, após essa ação os valores ficarão adequados para receber esta adubação. A recomendação de dose é calculada de acordo com a exportação da cultura, que varia em média, de 20 a 24 kg.ha-1 de K2O por tonelada de soja que se deseja produzir. Como fonte de potássio indica-se o uso de KCl, esse produto apresenta garantia de 60% e é o mais utilizado na agricultura. Nesta operação recomenda-se também a aplicação de 1,5 kg de boro junto à aplicação do fertilizante potássico.

Adubação Ca, Mg e S

O fornecimento destes macronutrientes secundários, geralmente, já está associado ao uso dos corretivos do solo, em que, por meio da calagem será fornecido Ca e Mg para a cultura e através da gessagem o fornecimento de S.

No caso do S, pode ser requerida a complementação por meio de uma aplicação extra de alguma fonte de enxofre. A recomendação, assim como dos demais nutrientes, baseia-se na extração da cultura. Para a soja utiliza-se um valor médio de 5 a 7 kg/ha para cada tonelada de grão produzida.

Recomendação com base em boletins

A recomendação de adubação por meio das extrações de nutrientes pela planta é apenas um dos meios disponíveis para se fazer uma boa adubação. Outro meio disponível é a recomendação com base nos boletins de adubação de cada região. Por meio deles será possível interpretar os níveis de fertilidade de seu solo e com isso definir em qual faixa o mesmo se encontra. Unindo-se essa informação com a produtividade esperada será possível definir a quantidade de fertilizante a ser utilizada em sua lavoura. É importante lembrar que cada região tem seus métodos de análises e, por isso, seus boletins regionais. Utilize o mais adequado para sua localidade.

O boletim 100 e o Boletim Cerrado são alguns dos mais utilizados no Brasil, eles estão disponíveis para consulta e download nos respectivos links:

https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/5330749/mod_resource/content/1/Boletim%20T%C3%A9cnico%20100%20-%20Recomenda%C3%A7%C3%B5es%20de%20Aduba%C3%A7%C3%A3o%20e%20Calagem%20para%20o%20Estado%20de%20S%C3%A3o%20Paulo.pdf

e

https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/bitstream/doc/555355/1/Cerrado-Correcao-solo-adubacao-ed-02-8a-impressao-2017.pdf.

Demais boletins, como por exemplo, Boletim Paraná não estão disponíveis na versão web, para seu uso é necessário adquirir a versão impressa do mesmo.

Adubação micronutrientes

A aplicação de micronutrientes é essencial para se atingir altas produtividades na cultura. Dentre os micronutrientes, recomenda-se, segundo a EMBRAPA a aplicação de 1 a 2 kg ha-1 de boro; de 4,0 a 6,0 kg ha-1 de zinco; de 2,5 a 6,0 kg ha-1 de manganês e de 0,5 a 2,0 kg ha-1 de cobre via solo. Esta adubação pode ser complementada através da adubação foliar.

A adubação foliar está, na maioria das vezes, associada ao complemento (quando parte já foi adicionada ao tratamento de sementes ou ao fertilizante utilizado no plantio ou cobertura) ou à aplicação total para suprimento de determinado micronutriente demandado pela cultura.

É importante se atentar às doses recomendadas, às fontes que serão utilizadas e ao período ideal de aplicação dos mesmos para evitar problemas de toxidez que podem ser causados. A tabela abaixo apresenta uma recomendação de aplicação foliar de micronutrientes e complementação de P para a cultura da soja, feita pelo Dr. Godofredo César Vitti:

Tabela 10: Adubação foliar. Fonte: Dr. Godofredo César Vitti.
Tabela 10: Adubação foliar. Fonte: Dr. Godofredo César Vitti.

Conclusão

Conforme visto, é imprescindível que os nutrientes estejam presentes no cultivo de forma correta, com boa disponibilidade no solo, em quantidades adequadas e fornecidas no momento correto para que a cultura exerça seu potencial produtivo. Tudo isso aliado a boas práticas de manejo do solo. Assim, a adubação, e no caso da soja, a inoculação são processos fundamentais para que a cultura alcance bons patamares produtivos, e um bom retorno financeiro ao produtor.

Caso tenha interesse em se aprofundar mais no tema acesse outros posts já publicados a respeito de conteúdos complementares a este texto, como “Práticas corretivas para a cultura da soja”. Em breve também lançaremos o tema: “Adubação para altas produtividades de pastagens”, fiquem ligados!

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>> As práticas corretivas (calagem, gessagem e fosfatagem) e adubação corretiva com potássio melhoram o ambiente, visando a correção do perfil do solo, para aumento na absorção de água e de nutrientes na cultura da soja. Acesse o artigo “Práticas corretivas para a Cultura da Soja” e saiba mais a respeito das principais práticas corretivas para a cultura da soja!

>> A adubação fluida é uma modalidade de adubação que apresenta diversas vantagens para os produtores rurais e futuro promissor no contexto da agricultura nacional, sendo cada vez mais adotada. Assim, para saber mais a respeito de adubação fluida, acesse o artigo “Fertilizantes Fluidos”!

>> A dessecação da soja é uma interferência essencial na cultura para casos em que a colheita deve ser antecipada, tanto para garantir a qualidade do grão e ter uma homogeneidade na colheita, quanto para poder realizar o plantio da segunda safra com uma melhor janela de chuvas. Acesse o artigo “Dessecação da Soja: qual o melhor momento” e aprenda um pouco mais sobre este processo!

>> As práticas corretivas têm por objetivo melhorar o ambiente edáfico ao desenvolvimento de plantas. Além disso, são capazes de fornecer nutrientes, aumentar a disponibilidade destes e a eficiência de futuras adubações. Acesse o artigo “Práticas Corretivas em Pastagens” para saber mais sobre as diferentes práticas corretivas realizadas em pastagens!

>> Quer saber mais sobre Mercado Futuro? Leia o artigo “Mercado Futuro do Boi Gordo e Commodities: 7 cuidados básicos” do Alberto Pessina.

>> Leia mais em: “Por que devo saber o meu custo?”. Onde Alberto Pessina responde as principais dúvidas sobre gestão de custos.

>> Leia mais entrevistas em: “Margem Bruta e Eficiência Comercial”. Onde Alberto Pessina explica sobre Margem Bruta e Eficiência Comercial.

>> Leia mais entrevistas em: “Como melhorar os resultados da empresa rural?”. Onde Alberto Pessina explica que precisamos analisar uma série de fatores que influenciam na produtividade e rentabilidade do negócio para atingir bons resultados. E é fundamental se ter uma boa gestão das atividades da propriedade rural.

Webinars Agromove
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Referências

CAMARA, Gil. SOJA: INOCULAÇÃO e COINOCULAÇÃO Agroadvance, [S. l.], p. 1-49, 14 ago. 2019.

FAQUIN, Valdemar. Nutrição mineral de plantas. 2005.

QUAGGIO, José Antonio. Acidez e calagem em solos tropicais. Instituto Agronômico, 2000.

VITTI, Godofredo Cesar; SGARBIERO, Eduardo. NUTRIÇÃO E ADUBAÇÃO DE SOJA E MILHO. Piracicaba: Esalq, [s.d ]. 268 slides, color, 25 x 20.

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