Índice
Introdução
A pastagem é uma importante fonte de alimento para os animais em geral. Estima-se que 95% de toda carne bovina brasileira é produzida sob regime de pastagens, em uma área de, aproximadamente, 167 milhões de hectares. Essa fonte de nutrientes destaca-se por não competir com fontes de alimentação humana (EMBRAPA, s.d.).
Atualmente, nota-se que há um potencial de crescimento do mercado da carne bovina no Brasil, reflexo do aumento da renda da população. Porém, associado a isso está o problema de degradação das pastagens, principalmente devido ao manejo adotado pelos produtores (PRADO, 2008).
Assim, torna-se necessário o correto manejo das adubações desde o plantio até a manutenção para garantir elevadas produtividades. A boa produção, independentemente da cultura, está intimamente relacionada com a manutenção do equilíbrio solo-planta-animal, uma vez que todos os nutrientes exportados devem ser repostos ao sistema, visando a sua longevidade (EDUCAPOINT, 2020).
Exigências Nutricionais
As forrageiras são divididas em 3 grupos de acordo com suas exigências nutricionais (Tabela 1).
Tabela 1. Exigências nutricionais das forrageiras divididas em grupos.
Cada cultivar apresenta diferentes exigências, portanto manejo diferente. O grupo I, ou seja, as mais exigentes, necessitam de adubações mais frequentes e em maiores quantidades, o grupo III são pouco exigentes, então requerem menores quantidades de adubação e o grupo II, se coloca em uma situação intermediária (PEREIRA et al, 2018).
Após a identificação da cultivar a ser plantada, deve-se atentar ao correto suprimento de nutrientes para seu pleno desenvolvimento. Dessa forma, deve ser realizada a análise de solo da área para determinação da quantidade de cada nutriente disponível à cultura e consequente, recomendação das quantidades necessárias de cada nutriente, pensando-se na planta e no sistema (PEREIRA et al, 2018).
Nas Tabelas 2 e 3 podemos observar a faixa de teores considerada adequada de macro e micronutrientes para algumas forrageiras, calculados com base na matéria seca.
Adubação de Estabelecimento
A adubação de uma cultura deve levar em conta a condição em que o solo se encontra em termos de fertilidade, identificada mediante análise, e as exigências por parte da cultura que se deseja implantar. Os níveis dos nutrientes e outras características do solo podem ser classificados de acordo com boletins e manuais de recomendação, que auxiliam na interpretação da análise de solo e permitem uma correta intervenção por parte de quem irá manejá-lo.
Dentre os nutrientes de maior relevância estão o fósforo e o potássio. O primeiro tem papel importante no arranque inicial das plantas e na maximização do perfilhamento, além de sua atuação no metabolismo energético (PEREIRA et al., 2018). Já o potássio se encontra presente em diversos processos na planta, com destaque à regulação osmótica e movimentos estomáticos.
As Tabelas 4, 5 e 6 indicam as quantidades de fósforo e potássio recomendadas de acordo com a classificação dos teores encontrados no solo e nível tecnológico da pastagem.
Em relação ao nitrogênio, este pode ser considerado o principal nutriente para as gramíneas, proporcionando ganhos diretos na produção de biomassa das forrageiras. O nitrogênio influencia o crescimento acelerado das plantas, bem como seu perfilhamento e acúmulo de proteína, algo de fundamental importância visando à alimentação animal (HERLING et al., s.d.).
O nitrogênio é um elemento com grandes capacidades de perdas, dessa forma, deve-se aplicar o adubo, preferencialmente na época das águas, após cada ciclo de pastejo ou a cada 30 dias, a fim de se maximizar o efeito da adubação. A aplicação de nitrogênio no período seco do ano é indicada em caso de irrigação na área (PEREIRA et al., 2018). No caso de pastagens novas, a primeira aplicação de nitrogênio é feita quando a maior parte da área já se encontrar com as sementes germinadas ou as mudas brotadas. Já em pastagens estabelecidas há mais tempo, deve-se aplicar a primeira dose após as primeiras chuvas da fase de crescimento da planta (PEREIRA et al., 2018).
A Tabela 7 traz algumas recomendações de nitrogênio levando-se em conta o nível de intensificação, em UA (Unidade Animal), por área.
Ademais, mesmo não tendo-se costume de adubar pastagens com fontes específicas de enxofre (S), esse nutriente está intimamente ligado ao metabolismo de N e deve ser levado em conta na hora da adubação (PEREIRA et al., 2018). Dentre suas funções, esse macronutriente atua diretamente nos processos de redução do nitrato de amônio no metabolismo das plantas pela ação da redutase, sendo este processo essencial para a incorporação do nitrogênio nas moléculas de carbono, a fim de se formar os aminoácidos (PAIVA, 1994).
Geralmente o S é aplicado junto a outros produtos como o sulfato de amônio, superfosfato simples e gesso agrícola. Portanto somente com a utilização dessas fontes a necessidade da forragem já é suprida, sendo recomendado segundo a Tabela 8.
O cultivo de pastagens em solos pobres em fertilidade, com calagem frequente sem os devidos cálculos e o aumento da produtividade estão favorecendo o surgimento de deficiência de micronutrientes (RAIJ et al., 1997 apud PEREIRA, 2018). Nesse sentido, as forrageiras não conseguem expressar seu máximo potencial produtivo, pois os micronutrientes desempenham funções vitais na planta, como composição de compostos responsáveis por processos metabólicos e fenológicos, ativadores enzimáticos e até mesmo na produção e regulação de fitormônios (PEREIRA et al., 2018).
Iniciando pelo zinco (Zn), possui atuação direta na síntese de proteínas, participam do metabolismo de carboidratos, atuando diretamente nos produtos da fotossíntese e no cloroplasto (MARSCHNER, 2011). Já o boro (B) é responsável pela síntese da parede celular e a manutenção da integridade da membrana plasmática e, também, atua no transporte de açúcares (CAKMAK et al., 1997). Por adição, a função do ferro (Fe) nas plantas é de ativação enzimática, além de ser essencial na síntese de proteínas e clorofila (FAQUIN, 2005).
Quando relatada deficiência de Zn em pastagens, recomenda-se a aplicação de 2 kg/ha (RIBEIRO; GUIMARÃES; ALVAREZ, 1999). As doses de boro recomendadas para forragem variam de 1 a 4 kg/ha de B aplicado no solo ou de 0,25 a 1 kg/ha de B aplicado por via foliar (GUPTA et al., 2001 apud OLIVEIRA, 2006). O ferro raramente se mostra deficiente nos solos brasileiros, uma vez que esse nutriente está muito presente nos componentes do solo.
Adubação de Manutenção
Levando em conta que as pastagens são classificadas como culturas perenes, ficando por um período mais extenso no campo, deve-se realizar adubações de manutenção, de modo que os nutrientes continuem sendo fornecidos às plantas nas quantidades adequadas para que se tenha a produção de biomassa desejada. As Tabelas 9 e 10 indicam as recomendações para a adubação de manutenção de fósforo e potássio em pastagens.
Para a manutenção de níveis adequados de enxofre, recomenda-se a aplicação de fontes de fósforo e nitrogênio que contenham enxofre, como sulfato de amônio e superfosfato simples, sem a necessidade de um fertilizante específico (PEREIRA et al, 2018).
Para saber mais sobre adubação para altas produtividades das culturas aguarde os próximos posts ou entre em contato com o Grupo de Apoio à Pesquisa e Extensão – GAPE que possui área de atuação em nutrição de plantas e adubação.
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>> A adubação fluida é uma modalidade de adubação que apresenta diversas vantagens para os produtores rurais e futuro promissor no contexto da agricultura nacional, sendo cada vez mais adotada. Assim, para saber mais a respeito de adubação fluida, acesse o artigo “Fertilizantes Fluidos”!
>> A dessecação da soja é uma interferência essencial na cultura para casos em que a colheita deve ser antecipada, tanto para garantir a qualidade do grão e ter uma homogeneidade na colheita, quanto para poder realizar o plantio da segunda safra com uma melhor janela de chuvas. Acesse o artigo “Dessecação da Soja: qual o melhor momento” e aprenda um pouco mais sobre este processo!
>> As práticas corretivas têm por objetivo melhorar o ambiente edáfico ao desenvolvimento de plantas. Além disso, são capazes de fornecer nutrientes, aumentar a disponibilidade destes e a eficiência de futuras adubações. Acesse o artigo “Práticas Corretivas em Pastagens” para saber mais sobre as diferentes práticas corretivas realizadas em pastagens!
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Referências
CAKMAK, I., and Romheld, V. Boron deficiency induced impairment of cellular functions in plants. Plant and Soil 193, 71-83, 1997.
EDUCAPOINT. Adubação da pastagem: por onde começar? 2020. Disponível em: https://www.educapoint.com.br/blog/pastagens-forragens/adubacao-pastagens-por-onde-comecar/. Acesso em: 09 fev. 2021.
EMBRAPA. Pastagens. [20–?]. Disponível em: https://www.embrapa.br/qualidade-da-carne/carne-bovina/producao-de-carne-bovina/pastagem. Acesso em: 09 fev. 2021.
FAQUIN, Valdemar. Nutrição mineral de plantas. 2005.
MARSCHNER, Horst. Marschner’s mineral nutrition of higher plants. Academic press, 2011.
OLIVEIRA, P. P. A. et al. Avaliação da adubação com micronutrientes em pastagens sob irrigação para produção de forragem e de sementes. Embrapa Pecuária Sudeste-Boletim de Pesquisa e Desenvolvimento (INFOTECA-E), 2006.
PAIVA, Paulo José Ramos; NICODEMO, Maria Luiza Franceschi. Enxofre no sistema solo-planta-animal. Embrapa-CNPGC, 1994.
PEREIRA, L. E. T. et al. Recomendações para correção e adubação de pastagens tropicais. Pirassununga: Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos da USP, 2018.
PRADO, Renato de Mello. Manual de Nutrição de Plantas Forrageiras. Jaboticabal: Funep, 2008. 500 p.
RIBEIRO, A. C.; GUIMARÃES, P. T. C.; ALVAREZ, V. H. Recomendações para uso de corretivos e fertilizantes em Minas Gerais: 5° Aproximação. Viçosa, 1999. 341 p.
STIPP, Silvia Regina; CASARIN, Valter. A importância do enxofre na agricultura brasileira. Informações agronômicas, v. 129, n. 1, p. 14-20, 2010.
WERNER, J. C.; PAULINO, V. T.; CANTARELLA, H., ANDRADE, N. O.; QUAGGIO, J. A. Forrageiras. In: RAIJ, B. van; CANTARELA, H.; QUAGGIO, J. A.; FURLANI, A. M. C. ed. Recomendações de adubação e calagem para o Estado de São Paulo. 2. ed. Campinas: Fundação IAC, 1996. p. 263-274 (IAC. Boletim Técnico, 100).